Dilma adverte Venezuela para retomar fornecimento de petróleo ao Paraguai
sex, 29/06/12
por Gerson Camarotti |
categoria Diplomacia
Antes de ser aprovada a inclusão da Venezuela ao Mercosul, a presidente presidente Dilma Rousseff fez uma advertência ao país: era preciso retomar o fornecimento de petróleo para o Paraguai. E caso fosse mantida a decisão do presidente Hugo Chávez de suspender o fornecimento de combustível, o Brasil iria fornecer petróleo para o Paraguai.
O alerta foi repassado pela diplomacia brasileira diretamente ao chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro. A posição de Dilma foi clara nas conversas em Mendoza, na Argentina: “A sanção não pode ser ao povo do Paraguai”. Nos bastidores, Dilma trabalhou diretamente para evitar sanções econômicas. Prevaleceu a tese da diplomacia brasileira de aplicar sanções políticas ao Paraguai.
As sanções políticas ao Paraguai foram definidas num café da manhã entre Dilma, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o presidente do Uruguai, José Mujica. Para ter a segurança jurídica de suspender o Paraguai do Mercosul, a presidente Dilma importou para Mendoza, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Ele apresentou um parecer sobre a legalidade das decisões, baseada numa cláusula do protocolo de Ushuaia, de 2001, que determina normalidade democrática para os membros do bloco.
Segundo relato de um interlocutor próximo, a grande preocupação da presidente Dilma era o de ter respaldo legal das decisões para evitar contestações. Os três conversaram para acertar uma estratégia conjunta, afinar o discurso e evitar qualquer dúvida.
Apesar de algumas críticas à inclusão da Venezuela ao Mercosul, esse interlocutor da presidente Dilma argumentou que essa foi uma decisão pragmática. “Independente do governo Chávez, o que pesou na incorporação da Venezuela ao Mercosul foi uma questão econômica. A Venezuela é um grande mercado para produtos brasileiros, principalmente em período de crise financeira internacional”, argumentou esse interlocutor.
Como o Paraguai era o único país que impedia a inclusão da Venezuela, os demais integrantes do Mercosul aproveitaram a suspensão do país para tomar essa decisão.
Publicado às 19h18