Dezoito palestinos acusados de "colaboração" com Israel foram executados nesta sexta-feira (22) na Faixa de Gaza, anunciou o canal de televisão do movimento islamita Hamas, que controla o território palestino.
Seis deles foram executados diante de uma mesquita, no momento em que centenas de fiéis deixavam o local, por homens vestidos com o uniforme das Brigadas Ezedin al-Qasam, braço armado do Hamas.
As vítimas, com as cabeças cobertas e mãos amarradas, foram mortas por atiradores mascarados vestidos de preto diante de uma multidão de muçulmanos que deixavam uma mesquita após a realização de preces, disseram o Al-Majd, site do Hamas, e testemunhas.
Outros 11 foram executados perto da sede da polícia no centro de Gaza, informaram testemunhas e o site Majd, ligado ao Hamas. Mais um foi executado em uma praça próxima
Estas execuções aconteceram um dia depois que três comandantes do braço armado do Hamas morreram em um bombardeio israelense contra um prédio de Rafah, sul da Faixa de Gaza.
A "resistência", termo usado para designar os grupos armados que lutam contra Israel em Gaza, reforçaram a "luta no terreno contra a colaboração com o inimigo que comete assassinatos", afirma o site Majd.
Segundo o site, que cita sem dar nomes um dirigente da segurança em Gaza, a "resistência" realizou as execuções depois de "um procedimento judicial".
"Todos os colaboracionistas serão julgados por tribunais revolucionários e receberão as penas previstas para este delito", afirmou esta fonte, referindo-se aos tribunais secretos criados pelos movimentos palestinos em Gaza.
Segundo a legislação palestina, os colaboradores, os assassinos e os traficantes de droga podem ser condenados à pena de morte.
Teoricamente, as execuções devem ser aprovadas pelo presidente palestino Mahmud Abbas, que dirige a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) com a qual o Hamas assinou recentemente um acordo de reconciliação.
Palestinos assistem execução de homens acusados de colaboração com Israel em Gaza nesta sexta-feira (22) (Foto: Reuters)Não se vê uma mulher na foto....
Israel acusa o Hamas de romper o cessar-fogo e sequestrar um soldado
REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
01/08/2014 11h45 - Atualizado em 01/08/2014 11h55
Menos de duas horas após entrar em vigor a trégua humanitária de três dias, firmada na quinta-feira (31) entre o governo de Israel e o movimento palestino islâmico Hamas, o barulho de bombas voltou a ser ouvido na Faixa de Gaza. O Exército de Israel retomou os bombardeios ao enclave palestino após acusar o Hamas de violar o cessar-fogo, que havia sido pactuado como resultado de muito esforço diplomático dos Estados Unidos e das Nações Unidas (ONU).
Já nos primeiros ataques cometidos durante a pausa humanitária, autoridades palestinas disseram que pelo menos 50 pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas após ataques de artilharia israelenses sobre a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Do outro lado, o exército israelense afirmou que pelo menos oito foguetes e morteiros foram disparados por milícias palestinas de Gaza ao território israelense.
Israel disse ainda que o Hamas sequestrou um de seus soldados, Hadar Goldin, de 23 anos, nas imediações da área de Rafah. Segundo o porta-voz do exército israelense, o coronel Peter Lerner, Goldin foi sequestrado na manhã desta sexta-feira (1º) durante uma operação em que os militares rastreavam a entrada de um túnel na zona sul da Faixa de Gaza. De acordo com Lerner, no meio da ação, os militantes do Hamas saíram do túnel e atacaram os soldados israelenses de surpresa. "Temos que resgatá-lo", disse Lerner à rede americana CNN.
Nesse ataque, dois militares foram assassinados, elevando para 63 o número de israelenses mortos desde o início de julho.
Com o fracasso do cessar-fogo, o Egito, principal mediador no confronto entre Israel e o Hamas, anunciou que decidiu adiar as negociações de paz previstas no Cairo.
Operação Margem Protetora
A nova onda de violência na Terra Santa começou em junho, após três jovens israelenses terem sido sequestrados e mortos por militantes islamistas na Cisjordânia. No dia seguinte, um jovem palestino foi encontrado morto, com sinais de tortura, provavelmente como forma de represália. No dia 8 de julho, Israel iniciou a chamada Operação Margem Protetora, com intensos bombardeios aéreos à Gaza. Do outro lado, a resposta palestina tem sido o lançamento de foguetes contra cidades ao sul de Israel.
Dez dias depois, Israel iniciou uma incursão terrestre à Faixa de Gaza, envolvendo as unidades de infantaria, artilharia blindada, artilharia e unidades de inteligência coordenada com a Marinha de Guerra e a Aviação. Israel diz que a intervenção terrestre tem dois objetivos: acabar com a capacidade ofensiva do movimento palestino islâmico Hamas e localizar e destruir túneis construídos na Faixa de Gaza, que dão acesso ao território israelense. Desde o dia 8 de julho, o conflito na Faixa de Gaza matou 1.464 palestinos e feriu mais de 8.200 pessoas - a maioria, civis.
Israel aceita proposta de trégua humanitária temporária, dizem autoridades
Reuters – 37 minutos atrás
JERUSALÉM (Reuters) - Israel concordou nesta quarta-feira com uma proposta de trégua de seis horas das hostilidades na Faixa de Gaza por razões humanitárias, afirmou um alto funcionário israelense à Reuters.
O funcionário, que falou sob condição de anonimato, disse que ainda não havia sido decidido quando a trégua acontecerá. O Hamas não fez nenhum comentário de imediato.
O apelo foi feito por um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU), disse a autoridade, confirmando reportagens da mídia israelense, pouco depois de o Hamas rejeitar um cessar-fogo proposto pelo Egito para acabar com a guerra de nove dias em que 215 palestinos e um israelense morreram.
Foto mostra foguetes lançados de Gaza durante o breve cessar-fogo desta terça
Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza nesta terça-feira, poucas horas depois de o gabinete do premiê Benjamin Netanyahu ter aceitado uma proposta de cessar-fogo feita pelo Egito.
As ações contra Gaza haviam sido interrompidas após a trégua. Israel alega que neste pequeno período de cessar-fogo, 50 foguetes foram disparados pelo Hamas. Em retaliação, dois novos alvos foram atingidos pelos israelenses em Gaza nesta terça.
O braço armado do grupo militante Hamas, que controla a Faixa de Gaza, disse não aceitar a proposta egípcia - a qual classificou como "rendição".
A proposta estabelecia um cessar-fogo imediato e uma série de reuniões no Cairo com a participação de delegações de alto nível de ambos os lados.
A nova onda de violência na região comelou há oito dias. Israel lançou ataques aéreos como tentativa de interromper o disparo de foguetes por militantes de Gaza contra o seu território.
Segundo autoridades palestinas, os ataques israelenses deixaram ao menos 192 mortos. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de três quartos das vítimas sejam civis. Cerca de 1,4 mil palestinos ficaram feridos.
Segundo Israel, ao menos quatro israelenses ficaram feridos gravemente desde o início da ofensiva, mas não houve registro de mortes.
O Oriente Médio vive um momento de tensão desde o sequestre e morte de três jovens israelenses no mês passado. Israel acusou o Hamas dos assassinatos, mas o grupo palestino negou.
Dias depois, um jovem palestino foi morto, supostamente como vingança.
Conflito iniciado no dia 8 afeta totalmente dia a dia dos civis dos dois lados: 'Palestinos são reféns do Hamas', diz israelense
À medida que o conflito entre Israel e palestinos se intensifica na Faixa de Gaza, vão surgindo relatos de como o dia a dia de civis dos dois lados vem sendo profundamente afetado. De acordo com autoridades palestinas, a operação iniciada na terça-feira passada por Israel deixou mais 170 mortos.
Segundo Israel, cerca de 1 mil foguetes foram lançados da Faixa de Gaza desde então e umdrone palestino teria sido abatido perto de Ashdod na manhã desta segunda-feira. Abaixo, israelenses e palestinos de Gaza relataram à BBC como suas vidas mudaram desde o início do conflito.
Haytham Besaiso, 26 anos, engenheiro civil morador da Cidade de Gaza
Essa é a terceira guerra em cinco anos. A diferença agora é que Israel não tem um propósito ou objetivo claro. Tudo que estão fazendo é matar civis e alvejar casas. Na primeira guerra, eles atacaram militantes. Na segunda, eles miraram o arsenal de armas.
A mídia ocidental atribui o confronto à morte de três jovens israelenses, mas nenhum grupo palestino assumiu a autoria do crime. Geralmente, alguém admite a responsabilidade. Ninguém sabe exatamente o que aconteceu e o que sentimos é que estamos sendo punidos coletivamente.
Viver aqui é horrível. Estamos sob cerco. Não podemos importar nada. Temos eletricidade por apenas oito horas, o que significa que não podemos construir nada.
Eu sou engenheiro civil, e não há materiais de construção no mercado. A indústria foi destruída. A agricultura fortemente abalada. Não podemos sobreviver desse jeito. Estamos deprimidos. Essa é a primeira vez que sinto que não vale a pena viver.
O mundo precisa fazer algo por nós. O processo de paz é difícil de ser alcançado e tem se arrastado pelos últimos 20 anos sem resolução. Deve haver alguma coisa que possa ser feita.
Eu sou contra o governo de Israel, não contra o povo de Israel. Mas infelizmente as pessoas têm adotado visões um pouco extremas. Acho que os israelenses estão cansados dessa situação também e querem uma vida normal. Mas, se realmente quisessem, poderiam colocar mais pressão sobre o governo para que a paz seja alcançada, mas isso não está acontecendo.
Shimon Ben Shelaimi Zalman, clérigo de Beit Shemesh, a 30 km de Jerusalém
Eu vivenciei a Guerra do Golfo, mas meus filhos, de 13 e 11 anos, estão sofrendo com esse confronto.
Eles se recusam a dormir em casa porque não temos um abrigo antiaéreo por perto ou um cômodo protegido em casa. Eles estão dormindo com amigos em um bairro vizinho, em uma casa com quarto protegido.
Eu e minha mulher vamos dormir sem saber se tiramos os sapatos e roupas porque tememos ser acordados no meio da noite e ter de sair correndo. É muito difícil cair no sono com esses pensamentos na cabeça.
Sei que temos um Exército profissional e agradeço por nos protegerem, mas não podemos achar que eles terão todas as respostas.
Não fico feliz em ver civis feridos, sejam eles cristãos, judeus ou muçulmanos. Eu simpatizo com palestinos cujos filhos também estão sofrendo. Acho que os palestinos são reféns do Hamas, a gangue terrorista que eles colocaram no poder. Infelizmente não consigo ver uma solução para isso.
Gostaria de acreditar em um cessar-fogo, mas não se resultar apenas em uma interrupção temporária do combate para que eles se rearmem e comecem a atacar novamente.
Dania, 23 anos, professora palestina de literatura inglesa
A maioria dos prédios em Gaza é habitada por civis. Nós realmente queremos um cessar-fogo que seja cumprido pelos dois lados.
A mídia dá a impressão de que há uma troca de fogo equilibrada entre os dois lados, mas não menciona como o Exército israelense é mais forte. Quando eles nos atingem, os estragos são muito maiores.
O conflito em 2009 foi pior, mas os últimos dias foram a primeira vez em muitos anos que nos lembramos de como pode ser difícil viver aqui. Aqui em Gaza não temos o direito de defender nossas casas. Enquanto isso, Israel parece usar todas as formas de defesa.
Stephen Chelms, cidadão israelense e britânico de Netanya, norte de Israel
Eu lamento pelas perdas sofridas pelos palestinos, mas é culpa deles que estamos vendo crianças mortas, porque eles não as retiram (dos locais de confronto).
Se houvesse um ataque, os israelenses retirariam suas crianças e fariam tudo para que estivessem em segurança. Mas a mentalidade árabe sobre guerra e destruição não os estimula a fazê-lo.
Em vez disso, seu sistema de educação os ensina que eles têm de liberar a Palestina e que sunitas têm de lutar com xiitas e israelenses contra palestinos. Eles estão educando futuras gerações de combatentes para prolongar o conflito.
Gaza poderia ser próspera. Tem hotéis cinco estrelas, e as melhores praias também. Há muita riqueza e eles poderiam ultrapassar o Líbano como destino turístico, mas o Hamas não está interessado nisso.
Eu não acredito que Israel fará uma invasão terrestre por enquanto porque nos causaria muitos problemas e os ataques aéreos são mais eficientes.
Em longo prazo, não acho que foguetes vão resolver alguma coisa. Precisamos de uma solução que tenha a participação de um terceiro ator e, por falta de alternativas de credibilidade, os EUA ainda são a melhor opção porque podem ao menos dialogar com o governo israelense. O Egito também pode participar, mas eles têm seus próprios problemas para resolver.