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Uma crônica que tem perdão, indulto, desafio, crítica, poder...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma aula de companheirismo, de confiança

fifcanunes@yahoo.com.br

Uma aula de companheirismo

http://www.facebook.com/video/video.php?v=10150238993941093

Imaginem um animal de 2 toneladas se aproximando de você em uma praia...
Aproveitando uma mensagem de Carla Vescheleiser

O valor do passado



                                           O VALOR DO PASSADO
De sábado para domingo, no Skorpius, um bar do hotel Antares, quatro amigos tentaram retomar uma conversa interrompida há 40 anos na rua Formosa em torno de uma mesa de jantar, onde se jogava ‘futebol de botões’. Para reforçar a memória, um ‘time inteiro’ saiu de uma caixa de sabonete Phebo, uma caixa redonda de madeira e, com o carinho de quase meio século foi juntar-se  aos copos de cerveja e aos pratos de iscas.
Ainda envolto em talco, junto a papeis de seda, mas sem o brilho das parafinas, eles começaram a escorregar pressionados por uma palheta, que nada mais é do que o anteparo de uma chupeta de criança, atrás de um grão de milho, a bola oficial.
Os craques que antes serviram a capas, paletós ou roupas femininas eram tratados com precisão, com delicadeza e até com arte. Depois de preparados, raspados com pedaços de lâmpadas nas suas bordas, lixados no seu fundo, escovados com flanela no seu topo, eles ficavam com o aspecto de ‘jogador de futebol’. Conforme o tamanho, a altura eles ocupariam uma posição no ‘gramado’. Os mais leves tinham a incumbência do ataque. Os mais pesados e mais altos eram escalados na defesa. Os atacantes, mais habilidosos, tinham que vencer o goleiro adversário - a caixa de fósforos com chumbo dentro – que guardava uma meta em que sobrava um centímetro de cada lado e no alto. Apesar da dificuldade, o aproveitamento era sempre em torno de 70% das tentativas. Com jogos lá e cá, em residências diferentes, as oportunidades eram equilibradas.
No final do ano, como eram donos de times, os amigos tornavam-se ‘cartolas’ e saiam trocando Geninho por Pedro Amorim... Passados alguns dias os botões ganhavam outros nomes e se transformavam em Orlando ou Pirilo.
Uma caixa redonda de madeira reacendeu emoções contidas e arremeteu como um pavio de pólvora os sentimentos de pessoas com cabelos brancos e com a velocidade de pensamento percorreu quatro décadas. A partir daí fez com que cada um vestisse um uniforme que se compunha de uma calça com dólmã cinza...
Na segunda-feira, à tarde, em Udine no norte da Itália, uma torcida entre saudosa e angustiada prestava uma homenagem a uma carreira brilhante de um jogador de futebol, Zico. Um jogador acima das paixões futebolísticas  porque sua arte deixou de pertencer aos seus torcedores flamenguistas para ser internacionalizada pelo seu talento, pela sua criatividade.
No pequeno espaço de tempo em que Zico deixou de jogar naquela cidade italiana as marcas de saudade podiam ser vistas nas faixas que os torcedores registravam sua admiração – ‘una magica notte per um único amore, Zico nel cuore’- e também pelas várias ocasiões em que o homenageado tratava a bola com arte dos mestres e a humildade dos puros. A atenção que os italianos dedicavam ao seu ídolo era um presente a uma obra em que os melhores quadros ou lances não podem ser guardados porque são solos sem partituras, óleos sem tela, versos sem palavras, esculturas esculpidas ao vento, frases sem verbo, como um passe de mágica, quase uma ilusão...
Ainda que os meios de comunicação consigam absorver boa parte dessas obras desses nobres do esporte muita coisa boa se perde. Sobra para nós a certeza de que esses expoentes são os verdadeiros agitadores desta difícil arte de jogar futebol e, é exatamente por meio destes lideres carismáticos, como Zico, que o futebol perpetua sua posição de atividade esportiva mais popular em todo planeta. Grazzia Zico...
Na quarta-feira, dia 29 de março, no Calçadão, um documento histórico, o Pelourinho, recebia uma desrespeitosa e perversa homenagem. Era coberto com um manto negro com a intenção de chamar a atenção, não sobre o monumento e sim para o artista que concebeu o gesto. Como se não bastasse o Pelourinho recebia uma ameaça: seria retirado dali para o Cemitério...
Uma idéia como essa, além de cruel, e exatamente igual a uma demolição. - lição do demônio – e fica muito próxima do que se fez com o Trianon...
Fifica Nunes Campos

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Frase de Vargas Llosa

“O objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a Internet ou a bomba atômica”, ensinou Mário Vargas Llosa ao receber o Nobel de Literatura. “É a privada”

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O vôo do buquê de noiva

                                          O VÔO DO BUQUÊ DE NOIVA 

O cerimonial do casamento no mundo tem tradição que vence o tempo. Seu ritual  de milhares de anos permanece em uso sem grandes mudanças. Seu sistema  atravessa fronteiras, infiltra-se em culturas de diversas nações, e impõe-se como tradição.

Com cerimônias acordadas pela experiência ora religiosa, ora profana, ora cultural, ora  financeira elas acompanham os casais como um patrimônio sentimental ou um conceito de valor. Distribuem, assim, suas inúmeras possibilidades de tratar um momento de sagração, de um processo de sedução.

Os noivos caminharam pela passagem do namoro, noivado e chegaram ao altar de consagração de um contrato nupcial. Passaram por jogos de atração, pelos embates de convencimento, por fim, pelo pleito da eleição.

A certificação do processo iniciado, em geral anos atrás, torna-se pública. A diplomação cartorial habilitará o casal a cingir seus sentimentos guardados entre si. A cerimônia religiosa vai nomear uma rainha de branco que fará todos se levantarem à sua chegada à nave nupcial e causará rebuliço, admiração, aprovação, quem sabe inveja. Ao mesmo tempo, aguçará o senso crítico das mulheres, provocará lágrimas,

No altar, desfilam promessas, cânticos, fotos, filmagens, flores,  velas. Ali está o início da jubilação. Um rito de passagem. Uma despedida de um roteiro que nomeia o tempo anterior em jazigo de solteirice. Segue-se um protocolo de afirmação de intenções misturado com os sentimentos de alegria e espanto do futuro par. Somos convidados a levantar os braços e dirigir a palma da mão e torná-las um carimbo de bênção ao casal. E de repente, a emancipação, o selo de independência para os noivos: marido e mulher!

A partir daí, no roteiro da cerimônia, os noivos descem três ou dois degraus , do nível do sagrado, e chegam a outro patamar: o chão da igreja. Ainda assim, seguem acolchoados pela proteção do espaço interior da igreja,  do carisma que ela possui, das metáforas que ela abriga e prega com fé; pelos votos das suas famílias, mais as expectativas dos amigos e padrinhos. Passo a passo, deixam para trás os suspiros da assembléia de esperanças, e percorrem os últimos metros até encontrar outros degraus e tocam o piso da vida: a rua.

Nesse instante tudo muda. Sem bênçãos e carinhos ficam de costas para igreja e passam a serem cobrados por sorrisos, contorções para poses... Estão na companhia dos fotógrafos e cinegrafistas.

Vencem a etapa de transição do momento religioso para a cerimônia laica e sentem-se mais à vontade em seus novos papéis ao se encontrarem com os convidados de sua festa no salão lotado. Quase de imediato todo o roteiro profano modifica o ambiente por causa do movimento que a noiva faz. As meninas atentas percebem que está chegando a hora do buquê da noiva voar até elas. A platéia feminina começa a se organizar para o momento da loteria. Quem será premiada com o ramalhete de flores? 

Tudo pronto. A rainha da festa posiciona-se de frente para o futuro, dá as costas para o passado e atira o símbolo da vitória na direção do sonho de suas amigas presentes. As flores mágicas fazem um percurso de menos de um segundo e voa na direção das mãos de uma delas. O ‘troféu’ é apertado entre os dedos nervosos, esperançosos da sorteada e fica pronto para competir com a desconfiança que se opõe ao mito do buquê de noiva.