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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Deputado Romário chuta sem defesa para Aldo Rebelo e José Maria Marin / Luiz Garcia em O Globo

23/07/2013O deputado Romário dá mais uma dentro, ao denunciar a espantosa maracutaia tramada entre o governo e a CBF: um calote de 3 bilhões em todos nós, contribuintes

 às 19:45 \ Política & Cia
Deputado Romário, ministro do Esporte Aldo Rebelo e presidente da CBF José Maria Marin (Fotos: Lance!Press :: Roosewelt Pinheiro / EXAME.com :: Tom Dib)
O deputado Romário (PSB-RJ), o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e presidente da CBF José Maria Marin: o Baixinho denunciou a armação para anistiar 3 bilhões de dívidas de clubes de futebol para com o governo (Fotos: Lance!Press :: Roosewelt Pinheiro / EXAME.com :: Tom Dib)
Artigo de Luiz Garcia, publicado no jornal O Globo
O GOL DE ROMÁRIO
Na terça-feira passada, Romário entrou em campo. Usava, se me permitem a pobreza da imagem, não as sandálias da humildade e da timidez, mas as chuteiras do artilheiro. E fez um gol de placa.
Denunciou ao plenário da Câmara um fato que muitos de seus colegas certamente ignoravam. E uns tantos outros fingiam ignorar — o que não é raro no mundo político. Por interesse direto, ou por contar que seus colegas façam o mesmo, quando for do seu interesse.
Romário simplesmente contou um episódio triste do mundo do futebol profissional.
Aqui vai: no último dia 9, ocorreu em Brasília um jantar no qual o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin, foi recebido por um grupo de mais ou menos 25 deputados e senadores, para discutir um assunto que caridosamente podemos definir como cabeludo.
Ignoro, lamentavelmente, seus nomes e partidos. A opinião pública merecia conhecê-los.
Acontece, e a gente não sabia, que o Ministério do Esporte está preparando uma medida provisória que concederá anistia a dívidas de clubes de futebol do país inteiro, no valor de mais ou menos R$ 3 bilhões.
É a soma do que devem ao INSS, ao Imposto de Renda e ao Fundo de Garantia — que eles simplesmente, ousadamente, não pagaram nos últimos 20 anos.
É um dinheirão, que se explica pela soma dos juros ao longo desse tempão. Provavelmente, é o maior escândalo na história da cartolagem do esporte profissional brasileiro.
A anistia, segundo o nosso craque — que agiu com coragem e sem nada ganhar com isso, a não ser o ódio dos mandachuvas do esporte que é a paixão do povo brasileiro — está sendo preparada pelo Ministério do Esporte.
Em seu discurso-denúncia, Romário não revelou o que ficou acertado no jantar que reuniu o presidente da CBF e parlamentares. Ninguém falou em pagamento: discutiu-se apenas o encaminhamento da anistia.
É uma vergonha, como poucas as que temos conhecido na vida pública brasileira. E também, vale a pena repetir, um gol de placa do nosso artilheiro.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Explosão de cidadania... Tsunami de protestos

Enviado por Ricardo Noblat - 
25.06.2013
 | 
17h52m
POLÍTICA

Perigosa perplexidade, por Luiz Garcia

Luiz Garcia, O Globo
cartaz1_protesto_brasil_mexico_get.jpg (938×590)O Brasil vive obviamente uma crise social e política, como não se via há muito tempo — se me permitem afirmar o óbvio. Seria perigosa ingenuidade limitar as suas origens à questão das passagens de ônibus urbanos. Ela foi o ponto de partida — um modesto estopim, pode-se dizer — para uma explosão urbana como não se via há muito tempo. E que, pelo visto, estava esperando um pretexto para acontecer.
O movimento sobre o passe livre nos ônibus urbanos deixou de ter razão de ser. A tal ponto que os seus líderes desde quinta-feira deixaram as ruas: tiveram o bom senso de não se confundirem com os radicais que tomaram o seu lugar. Não se fala mais em passagens de ônibus. Nem seria possível, desde que as tarifas foram sensatamente reduzidas.
Quanto ao estopim da bomba que explodiu na mesma quinta-feira, não há explicação conhecida. Sociólogos e políticos de todos os partidos dividem-se entre o silêncio e a confissão de perplexidade. Ninguém, no governo e nas cátedras, esperava a onda de violência que caiu sobre 80 cidades.
Em Brasília, os manifestantes tentaram invadir e incendiar o Itamaraty — curiosamente, um órgão do governo que não tem a mais remota responsabilidade com passagens de ônibus. No Rio, uma caminhada pacífica foi tumultuada por radicais que tentaram invadir a sede da prefeitura, entre outros atos de violência gratuita contra prédios públicos.
Os defensores do passe livre não têm nada com isso e fizeram questão de se dissociar da onda de violência. O governo, pelo visto, não tem pistas nem explicações. Os partidos políticos mostram a mesma perplexidade. Cientistas políticos, idem. Sabe-se apenas que os baderneiros são tão numerosos quanto ferozes.
Falta às autoridades — e a todo o mundo — um dado precioso: ninguém sabe se a baderna nacional é organizada ou se ocorre simplesmente por imitação. O que é lamentável: atrapalha bastante o planejamento das autoridades para a repressão de novas manifestações terroristas — que assim devem ser definidas.
Por enquanto sabemos apenas que não há líderes conhecidos na baderna. Pior: também ignoramos onde eles querem chegar.
Só uma coisa é certa: tanto o governo quanto a classe política em geral — com as necessárias exceções de praxe, que não são muitas, lamentavelmente — vivem um momento de perigosa perplexidade.


Perigosa perplexidade, por Luiz Garcia - Ricardo Noblat: O Globo

Perigosa perplexidade, por Luiz Garcia - Ricardo Noblat: O Globo|   Brasília, 25 de junho de 2013
Enviado por Ricardo Noblat - 
25.06.2013
 | 
17h52m
POLÍTICA

Perigosa perplexidade, por Luiz Garcia

Luiz Garcia, O Globo
O Brasil vive obviamente uma crise social e política, como não se via há muito tempo — se me permitem afirmar o óbvio. Seria perigosa ingenuidade limitar as suas origens à questão das passagens de ônibus urbanos. Ela foi o ponto de partida — um modesto estopim, pode-se dizer — para uma explosão urbana como não se via há muito tempo. E que, pelo visto, estava esperando um pretexto para acontecer.
O movimento sobre o passe livre nos ônibus urbanos deixou de ter razão de ser. A tal ponto que os seus líderes desde quinta-feira deixaram as ruas: tiveram o bom senso de não se confundirem com os radicais que tomaram o seu lugar. Não se fala mais em passagens de ônibus. Nem seria possível, desde que as tarifas foram sensatamente reduzidas.
Quanto ao estopim da bomba que explodiu na mesma quinta-feira, não há explicação conhecida. Sociólogos e políticos de todos os partidos dividem-se entre o silêncio e a confissão de perplexidade. Ninguém, no governo e nas cátedras, esperava a onda de violência que caiu sobre 80 cidades.
Em Brasília, os manifestantes tentaram invadir e incendiar o Itamaraty — curiosamente, um órgão do governo que não tem a mais remota responsabilidade com passagens de ônibus. No Rio, uma caminhada pacífica foi tumultuada por radicais que tentaram invadir a sede da prefeitura, entre outros atos de violência gratuita contra prédios públicos.
Os defensores do passe livre não têm nada com isso e fizeram questão de se dissociar da onda de violência. O governo, pelo visto, não tem pistas nem explicações. Os partidos políticos mostram a mesma perplexidade. Cientistas políticos, idem. Sabe-se apenas que os baderneiros são tão numerosos quanto ferozes.
Falta às autoridades — e a todo o mundo — um dado precioso: ninguém sabe se a baderna nacional é organizada ou se ocorre simplesmente por imitação. O que é lamentável: atrapalha bastante o planejamento das autoridades para a repressão de novas manifestações terroristas — que assim devem ser definidas.
Por enquanto sabemos apenas que não há líderes conhecidos na baderna. Pior: também ignoramos onde eles querem chegar.
Só uma coisa é certa: tanto o governo quanto a classe política em geral — com as necessárias exceções de praxe, que não são muitas, lamentavelmente — vivem um momento de perigosa perplexidade.