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domingo, 8 de outubro de 2017
sábado, 7 de outubro de 2017
Vândalos e policiais, cúmplices ...! Ricardo Noblat
Vândalos e policiais, cúmplices (07/10/2013)
Ricardo Noblat
Vinte mil pessoas reclamam no centro do Rio por melhores salários e um plano de cargos e salários. Um reduzido grupo de vândalos jogou bombas há pouco. Por que a polícia não os prende - e quando prende alguns solta rapidinho?
Porque os vândalos servem à polícia e ao Estado. São responsáveis pelo esvaziamento das recentes manifestações.
Passeata entre a Candelária e a Cinelândia.Rio Branco (Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo)
sábado, 2 de setembro de 2017
domingo, 1 de janeiro de 2017
A crise que o Brasil conhece hoje tem registro cartorial de mais de 12 anos de atraso... Ela é do sexo feminino
Um ano que já nasce velho
Um retrato do que foi 2016 e o que aguarda o país em 2017 pode ser extraído de uma advertência feita por uma associação que reúne oficiais da PM e dos Bombeiros do Rio, que pediu o cancelamento do réveillon na orla carioca em face da "possibilidade da ocorrência de manifestações que, pela amplitude e quantidade de pessoas envolvidas, poderão tomar proporções violentas".
Pode ser – e talvez seja – paranoia pura. Mas o sim à tradicional trégua de fim de ano mostra em que pé as coisas estão. O país entra no ano novo com o mesmo espírito com que deixa o velho: em profundo estresse.
Quanto mais informado se está, menos se arrisca a uma previsão, façanha hoje restrita a pitonisas e pais de santo.
O país tanto pode sair da crise atravessando a pinguela institucional de que fala FHC – isto é, levando Michel Temer, aos trancos e barrancos, até 2018 -, como pode entrar numa zona de turbulência, com desobediência civil, renúncia, greve geral e mais e mais protestos violentos de rua, que podem desaguar tanto em eleições diretas antecipadas como em intervenção militar.
Ninguém arrisca um palpite; no máximo, uma torcida. Os agentes econômicos torcem pela pinguela, que propiciaria um ajuste mínimo na economia antes que o país mergulhe nas incertezas de uma campanha eleitoral. Os políticos estão divididos: a esquerda, banida do poder, quer antecipar as eleições; os demais preferem empurrar com a barriga, muitos temerosos das delações da Lava Jato e ansiosos por manter pelo maior prazo possível o foro privilegiado.
Concretamente, o que se sabe é que, já no primeiro trimestre, as 77 delações da Odebrecht devem chegar ao público. Anunciam-se, pelo que já vazou, devastadoras. Não poupam o presidente da República, seus antecessores e os que pretendem sucedê-lo; e, segundo se diz, alcançam cerca de duas centenas de parlamentares.
Se o TSE cassar a chapa Dilma-Temer, a Constituição manda que o sucessor seja escolhido em eleição indireta pelo Congresso. Mas o Congresso está igualmente contaminado por denúncias, sem qualquer condição moral de eleger quem quer que seja.
Além disso, quais seriam os candidatos? Haveria alguém disposto a um mandato de pouco mais de um ano, representando não o povo, mas um colegiado suspeito, para encarar uma economia moribunda e uma sociedade em estado convulsivo?
Falou-se em FHC, que já afastou a ideia com a veemência de quem, ocotogenário, não pretende comprometer uma biografia cuja marca, afinal, é a recuperação da economia, via Plano Real.
Uma eleição indireta, sem candidatos de peso, por um colegiado sob suspeição, produziria um presidente mais fraco ainda que Temer, mais inabilitado que ele para as reformas que reclamam urgência, no rastro da ruína econômica, social, política e moral deixada pelos quatro governos do PT.
Essa, no entanto, é a solução constitucional. Mudá-la não é tão fácil. Se a votação fosse hoje, não obteria o quórum necessário.
Esse impasse reforça a tese da pinguela, mas também de seu oposto, a intervenção militar. O país, nesses termos, continua mergulhado em total imprevisibilidade e a única bússola disponível é a da Lava Jato, que, no entanto, apena retira peças do tabuleiro de xadrez, sem repô-las. O ano novo, como se vê, já nasce velho.
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
quinta-feira, 9 de junho de 2016
sábado, 26 de março de 2016
Presentes para Lula / Maria Helena RR de Souza
POLÍTICA
Alguns Presentes
1) O presente que mais chamou minha atenção nos últimos dias foi o que Lula recebeu do ministro Teori Zavacki.
Lula, com a ajuda de Dilma, lutou acirradamente pelo cargo de ministro do Governo Federal para escapar da “República de Curitiba”, como ele chama a 13ª Vara da Justiça Federal. Pois não é que não precisava tanto esforço?
Lula, com a ajuda de Dilma, lutou acirradamente pelo cargo de ministro do Governo Federal para escapar da “República de Curitiba”, como ele chama a 13ª Vara da Justiça Federal. Pois não é que não precisava tanto esforço?
Bastava ter reclamado junto ao STF que o ministro Teori Zavacki atenderia ao ex-presidente: retirar seu processo das mãos do juiz Sergio Moro e levá-lo para o STF.
A mim me parece que esse é um presente de grego, mas isso só saberemos depois que o plenário do STF se reunir, o que pode levar alguns dias.
2) Naquele dia em que Lula foi tomar café da manhã em casa do presidente do Senado, Renan Calheiros, o que mais me intrigou foi o presente que o anfitrião deu ao seu convidado: um exemplar da Constituição Federal de 1988.
2) Naquele dia em que Lula foi tomar café da manhã em casa do presidente do Senado, Renan Calheiros, o que mais me intrigou foi o presente que o anfitrião deu ao seu convidado: um exemplar da Constituição Federal de 1988.
Achei indelicado, para dizer o mínimo. A não ser que fosse um exemplar ricamente encadernado da nossa Constituição, francamente, não vi sentido, já que é impossível imaginar que um ex-presidente da República não tenha mais de um exemplar, um em cada uma das casas que possui, fora um no Instituto Lula. E exemplares lidos e relidos.
A não ser que aquilo tenha sido uma mensagem subliminar, o que é possível, vindo de quem vem...
3) Eu já disse aqui e repito hoje: Deus lembrou-se que é brasileiro e nos enviou um grande presente, o juiz Sergio Moro. Trabalhando sem trégua, dedicado ao Brasil, o juiz que está desvendando a teia infernal da corrupção que devora o país, em vez de só receber apoio e aplausos, vem sendo criticado por almas menos perceptivas do Bem que ele está nos fazendo.
Há quem tenha a coragem de dizer, diante da admiração e gratidão que Sergio Moro desperta na grande maioria dos brasileiros, que não precisamos de mitos e que o juiz de Curitiba deve fugir dos holofotes. De mitos não precisamos, é verdade. Deus nos livre dos mitos. Mas de pessoas que mereçam nossa admiração, disso estamos mais do que necessitados. São poucas, muito poucas, as pessoas públicas dignas da admiração dos brasileiros. Nunca estivemos tão pobres nessa área... Mais do que pobres, indigentes. O Juiz Sergio Moro é uma brava exceção!
4) Mas, falando em presentes, eu não poderia deixar de mencionar o presente que dona Dilma deu ontem à Imprensa Internacional.
Ela reuniu os correspondentes estrangeiros em seu Palácio para queixar-se amargamente dos que pregam seu impeachment. Falou um bocado e disse, como sempre, que a Oposição quer sua renúncia porque sabe que seu afastamento não tem base legal. É o que ela diz...
Sabem que fiquei com pena dela? Será que ela pensa que os jornalistas estrangeiros que aqui representam os maiores jornais e revistas do mundo estão tão por fora de tudo que o Governo Federal tem aprontado que vão rezar pela ladainha dela?
Tenho a impressão que esse presente vai se transformar num osso duro de roer...
5) Peço licença para mencionar o meu presente: votos de uma Boa Páscoa para os leitores do Blog do Noblat e de uma rica Pascoela para todos os brasileiros, com o renascimento de nosso país.
quinta-feira, 17 de março de 2016
domingo, 17 de janeiro de 2016
Frase do dia no blog de Ricardo Noblat
FRASE DO DIA
Estamos dando toda a força às investigações, mas a melhor forma de dar encaminhamento é o processo no TSE. Dilma e Temer são faces da mesma moeda.
MARINA SILVA, EX-SENADORA
domingo, 3 de janeiro de 2016
Nem talismã nem patuá salvam... // Mary Zaidan
Nem talismã nem patuá salvam
Festas e férias de verão. Aproveitar as comemorações natalinas, o fim de um ano e o começo do outro para impor medidas polêmicas não é novidade. Todas as esferas de governo usam e abusam dessa prática. É a época preferida para aumentar impostos e tarifas de serviços públicos. Para aprontar esquisitices e tentar esconder as terceiras intenções de atos encapados como bonzinhos, mas que só pioram o que já está degringolado. O término de 2015 e o início de 2016 não fugiram à regra. Ao contrário.
Brasília foi tomada por uma movimentação frenética, produzindo os habituais absurdos e muitos outros. Alguns, inéditos, como a aprovação pelo Senado do orçamento de 2016 com a previsão de R$ 10,3 bilhões oriundos da CPMF, um imposto que não existe e de aceitação improvável no mesmo Parlamento.
A votação aconteceu no dia 17, um dia antes de o STF anular parte do rito do impeachment, anistiando a presidente Dilma Rousseff, pelo menos temporariamente.
A decisão da Corte turbinou a presidente. No mesmo dia ela assinou a medida provisória 703, que altera a Lei Anticorrupção de 2013, afrouxando regras para permitir que pessoas jurídicas colaborativas fiquem livres de punição. Com uma simples canetada, no fim da tarde daquela sexta-feira, 18, Dilma, alegríssima com o seu alvará Supremo, liberou as empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras. Institucionalizou a corrupção, deu licença para roubar.
Não parou por aí. No dia 30, último dia de expediente bancário, Dilma quitou os R$ 74,2 bilhões das pedaladas que ela inicialmente negava, depois dizia que era prática comum a todos os presidentes e por fim, que fizera para garantir os programas sociais de seu governo. Mentiras e mais mentiras, desmentidas no mesmo dia na entrevista coletiva da equipe econômica, em que foram apresentados os dados oficiais: dois terços das pedaladas foram para cobrir créditos do BNDES e do Banco do Brasil às grandes empresas premiadas, campeãs e amigas.
Ao quitar a dívida, a turma palaciana imaginou ter arrefecido um dos principais argumentos do impeachment. Engana-se. Como bem disse o leitor Carlos de Oliveira Ávila, no jornal O Estado de S. Paulo, “seria o equivalente a um assassino vender a arma do crime durante seu julgamento para enfraquecer as ações contra ele”.
No dia seguinte, Dilma sancionou, com 55 vetos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Alguns deles, como o que mexe com emendas individuais dos parlamentares, devem botar fogo na frágil base da presidente. Outros, como a suspensão da proibição para que o BNDES financie brasileiros nos exterior, a exemplo do que acontece em Cuba e na Venezuela, coloca Dilma na linha de tiro devido às suspeições em torno desse tipo de contrato.
O país ainda comemorava a chegada do novo ano, quando Dilma majorou os impostos das chamadas bebidas quentes – vinho, uísque e cachaça. Para muitos, em especial os produtores vinícolas do Sul, o anúncio, feito no dia 1º, é ressaca duradoura.
O final do ano teve ainda os falsos atos de bondade. A presidente atendeu aos governadores, todos eles de chapéu nas mãos. Mudou o indexador para o pagamento das dívidas, algo aprovado há tempos e que ela insistia em procrastinar.
Ao gesto, Dilma espera retribuição de bilhões: a CPMF, imposto que os governadores até querem, mas não assumem que querem. Além de não terem ascendência sobre as bancadas no Congresso, sabem que os governados não topam pagar um único centavo a mais.
Vítimas em cascata da crise provocada pelos erros do governo Dilma na condução da economia, governadores e prefeitos – em especial esses últimos – não têm motivo para serem parceiros do desastre. A maioria deles – exceto os amigos do Rio - limita-se a tratar bem a presidente. E só.
Enquanto Dilma responde por impostos embutidos, difíceis de serem decupados para o simples mortal, aos governadores e prefeitos cabem os aumentos diretos que impactam o bolso do cidadão. Energia, IPTU, transporte público – as passagens de ônibus e metrô no Rio e em São Paulo aumentam no início deste mês. Osso duro de roer, especialmente em ano eleitoral.
O ano de 2016 será duro. Não pelo que se fez às pressas – em alguns casos, escondido - no fim de dezembro, mas pelo que não tem sido feito há alguns anos.
O ano de 2016 será duro. Não pela crença popular de azar nos anos bissextos, mas por irresponsabilidade acumulada. Não há patuá ou talismã que dê jeito. Para salvá-lo, Dilma deveria saber que o país precisa muito mais do que o olho grego pendurado na sua pulseira.
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- política
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
A frase do ano ... no blog de Ricardo Noblat
POLÍTICA
A frase do ano
Cármen Lúcia
"Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo."
(Cármen Lúcia, ministrra do STF )
Cármen Lúcia, ministra do STF (Foto: André Coelho)
segunda-feira, 8 de junho de 2015
O ressentimento está invadindo a cabeça de autoridades com síndrome de pânico ou com complexo de inferioridade...
http://noblat.oglobo.globo.com/artigos/noticia/2015/06/coisa-aqui-ta-preta.html
Peguei emprestado um salvo conduto do Chico Buarque de Holanda e portanto posso ser politicamente incorreto.
Você sabe, tem gente que pode fazer isso sem ser chamada de racista e tem gente que não pode nem pensar em usar uma expressão dessas sem ser linchado em praça pública.
A coisa aqui tá preta
Substituir o livre arbítrio e até mesmo a Divina Providência pela mão protetora do Estado babá, o Estado guia, o Estado provedor, é um sonho dos engenheiros sociais
Sandro Vaia
Peguei emprestado um salvo conduto do Chico Buarque de Holanda e portanto posso ser politicamente incorreto.
Você sabe, tem gente que pode fazer isso sem ser chamada de racista e tem gente que não pode nem pensar em usar uma expressão dessas sem ser linchado em praça pública.
Na música “Caro Amigo”, onde ele relatava a situação do Brasil durante a ditadura militar a um suposto amigo distante, Chico diz que a "coisa aqui tá preta” e, como estava mesmo, ninguém se lembrou de chamá-lo de racista. Se ele fosse um coxinha, estaria crucificado. Como é um progressista, está liberado. E aplaudido, claro.
Então vamos usar do salvo conduto e repetir: a coisa aqui tá preta.
Otelo, o mouro de Veneza, ainda não foi expulso de campo, mas falta pouco para isso. Machista, ciumento doentio, e além de tudo, um mouro. Na próxima montagem teatral, duvido que Otelo passe em brancas nuvens (racismo de sinal trocado pode).
Li no Facebook um manifesto de um grupo pró-igualdade racial exigindo a troca do nome de um restaurante chamado “Senzala”, porque isso lembra a escravidão, que deve ser esquecida para sempre. Como Ruy Barbosa, que mandou queimar documentos sobre a escravidão para apagar da História essa ignomínia. Os historiadores agradeceram, penhorados.
A paranoia politicamente correta ganhou a contribuição de um obscuro vereador petista de São José, cidade do interior do Espírito Santo. Ele conseguiu transformar em lei uma proposta que proíbe os restaurantes da cidade de colocar o saleiro à disposição dos clientes, em nome da preservação da saúde deles, ameaçada pelo poder hipertensivo do sódio.
Mas acontece que eu faço questão de temperar a minha própria salada e conclamo todos os habitantes da próspera cidade capixaba a um movimento de resistência civil, que deveria alastrar-se por todo o Brasil, sob o sagrada bandeira da liberdade de mandar na própria vida: deixem o saleiro na mesa!
É muito gratificante saber que o Estado, que é uma superestrutura de altruísmo, formada por várias camadas de generosidade e amor ao próximo, esteja tão preocupado em guiar os passos de seus cidadãos, para evitar que eles façam xixi nas calças, cocô fora do penico, e comam, bebam ou fumem coisas que podem prejudicar a saúde.
Substituir o livre arbítrio e até mesmo a Divina Providência pela mão protetora do Estado babá, o Estado guia, o Estado provedor, é um sonho recorrente dos engenheiros sociais que estão em busca de plantar os alicerces da sociedade perfeita.
Querem apenas guiar-nos em direção ao bem, e nós, ingratos, resistimos.
Não há de ser por outra razão, por exemplo, que o pró- reitor da Universidade Federal de Santa Maria (RS), mandou um memorando aos diretores de todos os departamentos pedindo para identificar todos os alunos e professores de origem israelense. O pedido foi feito por sindicatos de professores, DCE, e o Comitê Santa-mariense de Solidariedade ao Povo Palestino. O pró-reitor, em vez de jogar o pedido no lixo, o repassou a todos os departamentos da universidade.
Para que localizar professores e alunos de origem israelense? Para bordar uma estrela amarela na roupa deles? Nem o pró-reitor que assinou o memorando nem o reitor da universidade conseguiram justificar o pedido.
Como é que três assuntos tão diferentes, como o sal, o antissemitismo e o nome de um restaurante dizem tanto a respeito de um momento de degradação moral de um país?
A coisa aqui está mesmo preta.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Turma da lista de Janot fica sem sossego ... A toda hora surge fato novo e complica a situação de cada um // Mary Zaidan
POLÍTICA
E se a lista criar novos delatores?
A lista fala mais pelo o que não diz. Aponta quem recebeu propina e esquece-se de quem mandou pagá-las
Pronto. A tão esperada lista dos políticos envolvidos na roubalheira da Petrobras veio a público na noite de sexta-feira. Com algumas estranhezas, como a fartura de 32 integrantes do PP, a relação, de imediato, pouco mexeu na acelerada pulsação do Congresso. Mas a taquicardia por lá, e também no Planalto, continuará fora de controle. Até porque com mais gente na mira abrem-se fartas possibilidades de traições e novas trincheiras para se percorrer a trilha da dinheirama.
Como em qualquer caso de polícia, os caminhos do dinheiro unem os criminosos aos beneficiários do crime – os que mandam executar e nunca sujam as próprias mãos.
Os rastros costumam valer mais do que o número de gente metida na encrenca. Percorrê-los tem sido a obsessão dos investigadores da Operação Lava Jato. E passam a ser agora tarefa primeira das investigações e diligências autorizadas pelo ministro Teori Zavascki, do STF.
A lista fala mais pelo o que não diz. Aponta quem recebeu propina e esquece-se de quem mandou pagá-las.
O PT até ensaiou comemorar a inclusão do tucano Antônio Anastasia (MG), mas não teve fôlego. Afinal, além de dois deputados – José Mentor (SP) e Vander Loubet (MS), e do já enrolado ex-líder Cândido Vacarezza (SP), estão no rol os senadores Humberto Costa (PE), ex-ministro de Lula, o cara-pintada que liderou movimentos Fora Collor, Lindbergh Farias (RJ), e a aguerrida Gleisi Hoffmann (PR), ex-ministra da presidente Dilma Rousseff. Além do ex-ministro e tesoureiro da campanha de Dilma, Antônio Pallocci, hoje sem foro privilegiado.
Collor de Mello, hoje senador, foi o único do PTB, partido de Roberto Jefferson, principal delator do mensalão. Os outros seis são do PMDB, o grupo mais parrudo, com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL) e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), com ex-ministros de José Sarney, Lula e Dilma – Valdir Raupp (RO), Romero Jucá (RR) e Edison Lobão (MA) -, além do deputado Anibal Gomes (CE) e da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney.
E os demais partidos da coalizão governista? Ficaram de fora das benesses ou só da lista?
Em um governo que faz o diabo para segurar o poder na unha, é difícil crer que desvios da fenomenal quantia de R$ 10 bilhões da Petrobras, segundo as primeiras estimativas da Polícia Federal, tenham ocorrido apenas para rechear bolsos de uns e outros. Só para se ter uma ideia do poder de fogo e da enormidade disso, a milionária campanha de reeleição de Dilma declarou ter gasto R$ 318 milhões.
Dono da caneta há 12 anos e responsável pela nomeação daqueles que coordenaram as falcatruas, o PT sabe que não tem como esconder que é o maior beneficiário dos desvios na Petrobras. Seja para o partido ou, indiretamente, para aliados.
Com a popularidade de Dilma ladeira abaixo, a economia em frangalhos e pressão intensa interna e de aliados que lhe puxam o tapete, o PT não confia na fidelidade nem dos mais próximos. Todo mundo é um delator em potencial.
E se um dos nossos ou uma magoada Roseana Sarney resolver falar? E se um dos 32 do PP, partido apoiador de primeira hora que lidera a lista, se sentir na berlinda e abrir o bico?
Esta foi só a primeira lista. Inclui apenas a Petrobras e as primeiras delações. Outras virão, com a construção da usina de Belo Monte encabeçando o rol. Nelas, os beneficiários dos crimes são por demais conhecidos. Boa parte dos demais bandidos também.
O mapa do assalto está aí. Basta imprimi-lo.
Mas nada disso terá qualquer valia sem a coragem de se chegar até onde o caminho leva, com punições aos que estimulam e lucram com o crime. Que o Supremo seja supremo.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Charge de Chico Caruso... / Blog de Ricardo Noblat
A charge de Chico Caruso
Charge (Imagem: Chico Caruso)
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- humor
Roteiro de um filme com final anunciado... A mocinha do filme morre no fim..!
http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2014/12/ja-vi-esse-filme-no-fim-o-bandido-ganha.html
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Já vi esse filme. No fim, o bandido ganha
Ricardo Noblat
A campanha da presidente Dilma, ela mesma, Lula e boa parte do PT debocharam do que disse a candidata Marina Silva (PSB) sobre como montaria seu governo caso se elegesse.
A campanha da presidente Dilma, ela mesma, Lula e boa parte do PT debocharam do que disse a candidata Marina Silva (PSB) sobre como montaria seu governo caso se elegesse.
Marina afirmou que simplesmente governaria com os melhores elementos de cada partido sem discriminar nenhum partido.
É uma boba, garantiram alguns. Uma sonhadora, acusaram outros. Governar com os melhores é impossível, apenas isso.
Ou Marina dominava uma receita que só ela conhecia ou então se pautaria pelo bom senso. E o bom senso lhe aconselhava a procurar gente decente, comprometida com a ética e talentosa para ocupar cargos do primeiro e do segundo escalão da República.
E se essa gente fosse incapaz de lhe garantir a maioria dos votos no Congresso? E se por causa disso o governo capengasse?
Marina confiava que não passaria sufoco porque, em primeiro lugar, governaria apenas por quatro anos. Descartara a reeleição.
O que a seu ver seria o bastante para apaziguar os ânimos no Congresso e refrear as ambições, por suposto.
Segundo porque governaria com transparência, prestando contas aos eleitores de todos os seus passos e discutindo com eles suas dificuldades.
Fernando Collor se elegeu presidente em 1989 sem maioria no Congresso. Quis cooptar o PSDB e não conseguiu.
Chamou de “único tiro” contra a inflação o plano econômico que garfou a poupança dos brasileiros.
Por mais estúpido que tenha sido o plano, o Congresso não se negou a aprová-lo. Caso desse certo, o Congresso ficaria bem na foto. Se desse errado, o presidente é que ficaria mal.
Não foi por falta de apoio do Congresso que Collor acabou deposto. Foi por falta de apoio popular.
O Congresso é sensível ao sentimento das ruas. E todo presidente, a princípio, se beneficia de um período de lua de mel com a opinião pública.
Até que o período se esgote, ele pode se comportar com um grau de liberdade que mais tarde se estreitará. A não ser que o sucesso bata à sua porta.
Ninguém mais do que Lula reuniu condições para governar sem ser obrigado a fazer concessões que por fim o apequenassem, e ao seu partido.
Foi o primeiro nordestino ex-pau de arara, ex-líder sindical, ex-preso político a subir a rampa do Palácio do Planalto.
Ocupou o principal gabinete do terceiro andar com crédito para gastar por muito tempo. Encrencou-se porque piscou primeiro.
Sob pressão para lotear o governo como seus antecessores haviam feito por hábito ou necessidade, Lula subestimou o apoio das ruas.
Preferiu apostar no apoio do Congresso. Logo ele, que no final dos anos 80 do século passado, enxergara ali pelo menos 300 picaretas.
Foi atrás dos picaretas. Beijou a cruz – e de quebra a mão de Jáder Barbalho. O mensalão quase o derrubou.
Dilma atravessou a metade do seu primeiro governo resistindo à ideia de ceder ao “pragmatismo político”.
Em conversa, certo dia, com um amigo, ouviu dele: “Tirando três ou quatro, só tem desonesto no Congresso”. Ela respondeu: “E eu não sei?”
Para se reeleger, cedeu ao apetite dos desonestos. Beijou a cruz. E de quebra a mão de Helder Barbalho, filho de Jáder, seu futuro ministro da Pesca.
Foi medíocre o primeiro ministério de Dilma O governo que resultou disso foi naturalmente medíocre.
Pois bem: ela está perto de cometer o prodígio de montar outro ministério igual ou talvez pior.
O que a diferenciava dos políticos a quem tanto desprezava é, hoje, o que a torna cada vez mais parecida com eles.
Feliz Ano Novo para todos!
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