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quarta-feira, 2 de março de 2016

O PT está mal por suas escolhas sem aval de marqueteiro e conselho de psiquiatra / no blog de Ricardo Noblat


POLÍTICADilma patrocina mais uma trapalhada

Dilma Rousseff (Foto: Ailton de Freitas)Dilma Rousseff (Foto: Ailton de Freitas)
Ricardo Noblat
Apesar de fraca, sem base política que a sustente confortavelmente no Congresso, sem um partido, mesmo o PT, para chamar de seu, mal avaliada por 60% dos brasileiros que consideram seu governo ruim ou péssimo, e ameaçada pelo impeachment, Dilma decidiu patrocinar mais uma trapalhada: a troca do ministro da Justiça.
José Eduardo Cardozo passou à condição de inimigo de parte do PT quando as investigações da Lava-Jato começaram a incomodar Lula, suspeito de ocultar patrimônio, e de ligações espúrias com empreiteiras envolvidas na roubalheira da Petrobras. Mais de uma vez ele disse a Dilma que estava disposto a deixar o cargo.
Dilma contemporizou o que pôde, mas jamais saiu publicamente em sua defesa, apesar de gostar dele e de prestigiá-lo. No último fim de semana, depois de ser criticado por Lula na festa de aniversário do PT, Cardozo procurou a presidente e disse que iria embora. Se quisesse, ela poderia tê-lo convencido a ficar, mas não o fez.
Arranjou para ele o cargo de ministro da Advocacia-Geral da União, e aceitou de pronto o nome indicado por Jaques Wagner, chefe da Casa Civil, para o lugar de Cardoso – o inexpressivo procurador da Justiça baiana Wellington César Lima e Silva. Entre 2010 e 2014, ele comandou o Ministério Público da Bahia por escolha de Wagner.
Seu nome foi o terceiro mais votado na lista encaminhada pelo Ministério Público para decisão de Wagner, então governador da Bahia. A lista era formada por Norma Angélica (287 votos) e Olímpio Campinho (229 votos). Wellington teve 140 votos. Wagner viu nele a pessoa mais confiável para o cargo – e o promoveu.
A oposição estrila ante o risco de o Ministério da Justiça, a quem está ligada a Polícia Federal, ser comandado doravante por um pau mandato de Wagner, auxiliar de Dilma, mas queridinho de Lula. O PT ficou insatisfeita com a escolha de Wellington porque duvida que ele tenha pulso para controlar a Polícia Federal.
Lula e o PT sugeriram a Dilma quatro ou cinco nomes, alguns do próprio partido, outros de fora e com um perfil mais moderado, mas todos comprometidos de uma maneira ou de outra em usar a força do cargo para manietar a Polícia Federal. E para proteger Lula da Lava-Jato, naturalmente.
Os ânimos estão quentes dentro da Polícia Federal. Delegados e agentes temem que seu trabalho de investigação passe a ser cerceado. De resto, a escolha de Wellington será contestada na Justiça. A Constituição veda que um membro do Ministério Público exerça “qualquer outra função pública, salvo uma de magistério”.
Caberá ao Supremo Tribunal Federal resolver a parada.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Fernando Gabeira, Ricardo Noblat e Editorial do Estadão na coluna de Auigusto Nunes

03/11/2015
 às 17:56 \ Opinião

Fernando Gabeira: Não é nada do que você pensa

Publicado no Globo
FERNANDO GABEIRA
De novo na estrada, recomeça a temporada de TV. Felizmente. Antes de voltar ao trabalho cotidiano, passei por São Paulo, no Brazil Summit, da revista “The Economist”. A pergunta principal no meu painel era essa: Dilma cai ou não? A tendência, no painel de que participei, foi prever que as coisas devem continuar como estão: os agentes políticos, sobretudo a oposição, não parecem muito interessados, preferem o desgaste progressivo do governo.
03/11/2015
 às 16:12 \ Opinião

Ricardo Noblat: O que Lula é

Publicado no Globo
RICARDO NOBLAT
Choca ver Lula cobrar de Dilma e do ministro da Justiça que a Polícia Federal o deixe em paz e aos seus filhos, suspeitos de envolvimento com negócios mal explicados?
Se choca é porque você definitivamente não conhece Lula.
Quando completou 18 anos e foi alistar-se para servir ao Exército, ele declarou ser dois centímetros mais alto do que era. Por quê? Simples: porque nunca gostou de ser baixinho.
02/11/2015
 às 14:31 \ Opinião

Editorial do Estadão: Lula assume o comando geral

Lula cumpriu o que se propunha a fazer em sua viagem a Brasília na quinta-feira: assumiu de fato o comando do PT e do governo. Para botar tudo em pratos limpos, reuniu-se com o Diretório Nacional do partido e, à noite, no Palácio da Alvorada, com os ministros que colocou no Planalto, mais o seu preposto na presidência do PT. A presidente Dilma Rousseff também estava presente. Diante dos correligionários usou e abusou de seus melhores recursos retóricos para estabelecer as novas diretrizes para tempos de guerra. Fez pose de herói e de vítima, deu conselhos e aplicou reprimendas, divertiu-se com a ironia e o deboche, permitiu-se a modéstia e a humildade, explodiu em ímpetos de valentia, tudo junto e misturado. Nos aplausos que recolheu deve ter encontrado consolo para a decadência de seu prestígio no mundo real, no qual 54% dos brasileiros afirmam que “de jeito nenhum” votariam nele em 2018.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

A ideologia faz mal à lógica / Hubert Alquéres

http://noblat.oglobo.globo.com/artigos/noticia/2015/05/ideologia-petista-cobra-seu-preco.html

POLÍTICA

Dilma Rousseff (Foto: Joedson Alves  /Reuters)A ideologia petista cobra seu preço

Não há ideologia que resista à lógica dos fatos, ou que faça jorrar dinheiro no caixa do governo
Tornou-se rotina. A cada semana algum membro do governo anuncia novo passo atrás em questões adotadas por pura ideologia nas administrações petistas dos últimos 12 anos. A mania de reinventar a roda para se diferenciar do “neoliberalismo” dos tempos de FHC os levou a cometer desatinos: desorganizou modelos que estavam dando certo, levou à perda de credibilidade do país entre os investidores, condenou a infraestrutura ao atraso.
Um por um estão caindo os tabus petistas, símbolos de sua visão intervencionista e ideologizada da economia.
O modelo adotado na área de petróleo e gás, inclusive para o pré-sal, foi vendido como a redenção nacional.
Pois bem, agora o ministro das Minas e Energia anuncia que o governo “estuda flexibilizar as exigências de conteúdo nacional” e dá pistas evidentes de que o modelo de partilha subiu no telhado.  Quando indagado se o próximo leilão do pré-sal, a ser realizado nas calendas gregas, se dará com as regras atuais, foi enigmático: “pode ser que sim”.
Podem apostar, vem aí outra flexibilização petista, como já defendeu o atual presidente da Petrobras.
De recuo em recuo, o governo Dilma Rousseff está dando a volta ao mundo, revendo o que fez como ministra das Minas e da Energia, quando comandou a mudança de concessão das usinas elétricas, que passou a ser pela menor tarifa, em vez da outorga onerosa.
Sim, Dilma está se rendendo ao modelo bem sucedido da privatização dos anos 90, que levou o PT a, de forma desqualificada, apelidar os tucanos de privatistas.
Não há ideologia que resista à lógica dos fatos, ou que faça jorrar dinheiro no caixa do governo. O que aconteceu no setor ferroviário é emblemático: estava prevista a privatização de 13 ferrovias através do modelo da menor tarifa. Caso houvesse prejuízo para os novos concessionários, a conta iria para o governo. Ou melhor, para o seu, o nosso bolso.
Mesmo com esta cláusula, sabem quantos quilômetros de estrada de ferro foram privatizados no governo Dilma? Nenhum dormente!
A meia-privatização, o intervencionismo, ou o estatismo disfarçado geraram outras pérolas.  No caso dos aeroportos, o modelo dilmista impôs à iniciativa privada um sócio compulsório, a Infraero.
A estatal ficou detentora de 49% dos aeroportos privatizados, mas isto levou à sua descapitalização. Esse modelo será deixado de lado nas novas privatizações.
Por ingerência ideológica, o país perdeu uma chance de ouro. Poderia ter avançado na modernização da sua infraestrutura se o programa de privatização tivesse avançado quando o céu era de brigadeiro, quando o cenário econômico era extremamente favorável.
O ruim de uma política zigzagueante é que ela semeia desconfianças nos investidores. Quem lhes assegura que amanhã as regras do jogo não serão alteradas novamente?
Mas há outro risco tão ou quão danoso: necessitando de dinheiro desesperadamente, a privatização pode acontecer na bacia das almas.
Aí já não seria um erro. Seria um crime de lesa-pátria.
Dilma Rousseff (Foto: Joedson Alves /Reuters)

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Roteiro de um filme com final anunciado... A mocinha do filme morre no fim..!

http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2014/12/ja-vi-esse-filme-no-fim-o-bandido-ganha.html

Rolo de filme (Foto: Arquivo Google)

Já vi esse filme. No fim, o bandido ganha

Ricardo Noblat
                                 
A campanha da presidente Dilma, ela mesma, Lula e boa parte do PT debocharam do que disse a candidata Marina Silva (PSB) sobre como montaria seu governo caso se elegesse.
Marina afirmou que simplesmente governaria com os melhores elementos de cada partido sem discriminar nenhum partido.
É uma boba, garantiram alguns. Uma sonhadora, acusaram outros. Governar com os melhores é impossível, apenas isso.
Ou Marina dominava uma receita que só ela conhecia ou então se pautaria pelo bom senso. E o bom senso lhe aconselhava a procurar gente decente, comprometida com a ética e talentosa para ocupar cargos do primeiro e do segundo escalão da República.
E se essa gente fosse incapaz de lhe garantir a maioria dos votos no Congresso? E se por causa disso o governo capengasse?
Marina confiava que não passaria sufoco porque, em primeiro lugar, governaria apenas por quatro anos. Descartara a reeleição.
O que a seu ver seria o bastante para apaziguar os ânimos no Congresso e refrear as ambições, por suposto.
Segundo porque governaria com transparência, prestando contas aos eleitores de todos os seus passos e discutindo com eles suas dificuldades.
Fernando Collor se elegeu presidente em 1989 sem maioria no Congresso. Quis cooptar o PSDB e não conseguiu.
Chamou de “único tiro” contra a inflação o plano econômico que garfou a poupança dos brasileiros.
Por mais estúpido que tenha sido o plano, o Congresso não se negou a aprová-lo. Caso desse certo, o Congresso ficaria bem na foto. Se desse errado, o presidente é que ficaria mal.
Não foi por falta de apoio do Congresso que Collor acabou deposto. Foi por falta de apoio popular.
O Congresso é sensível ao sentimento das ruas. E todo presidente, a princípio, se beneficia de um período de lua de mel com a opinião pública.
Até que o período se esgote, ele pode se comportar com um grau de liberdade que mais tarde se estreitará. A não ser que o sucesso bata à sua porta.
Ninguém mais do que Lula reuniu condições para governar sem ser obrigado a fazer concessões que por fim o apequenassem, e ao seu partido.
Foi o primeiro nordestino ex-pau de arara, ex-líder sindical, ex-preso político a subir a rampa do Palácio do Planalto.
Ocupou o principal gabinete do terceiro andar com crédito para gastar por muito tempo. Encrencou-se porque piscou primeiro.
Sob pressão para lotear o governo como seus antecessores haviam feito por hábito ou necessidade, Lula subestimou o apoio das ruas.
Preferiu apostar no apoio do Congresso. Logo ele, que no final dos anos 80 do século passado, enxergara ali pelo menos 300 picaretas.
Foi atrás dos picaretas. Beijou a cruz – e de quebra a mão de Jáder Barbalho. O mensalão quase o derrubou.
Dilma atravessou a metade do seu primeiro governo resistindo à ideia de ceder ao “pragmatismo político”.
Em conversa, certo dia, com um amigo, ouviu dele: “Tirando três ou quatro, só tem desonesto no Congresso”. Ela respondeu: “E eu não sei?”
Para se reeleger, cedeu ao apetite dos desonestos. Beijou a cruz. E de quebra a mão de Helder Barbalho, filho de Jáder, seu futuro ministro da Pesca.
Foi medíocre o primeiro ministério de Dilma O governo que resultou disso foi naturalmente medíocre.
Pois bem: ela está perto de cometer o prodígio de montar outro ministério igual ou talvez pior.
O que a diferenciava dos políticos a quem tanto desprezava é, hoje, o que a torna cada vez mais parecida com eles.
Feliz Ano Novo para todos!
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  • quinta-feira, 3 de maio de 2012

    Uma pista para a imprensa de papel - Ricardo Noblat: O Globo

    Uma pista para a imprensa de papel - Ricardo Noblat: O Globo

    Enviado por Ricardo Noblat - 
    25.03.2012
     | 
    14h02m
    IMPRENSA

    Uma pista para a imprensa de papel

    Elio Gaspari, O Globo
    Um estudo do instituto americano Pew informa: “Um número crescente de executivos prevê que dentro de cinco anos muitos jornais circularão em papel somente aos domingos.”
    Nos outros dias servirão aos leitores em edições eletrônicas.
    É impossível prever o futuro dos meios impressos, mas talvez esteja aí uma boa pista. Em 2007, Arthur Sulzberger, dono do “The New York Times”, disse o seguinte: “Eu não sei se daqui a cinco anos estaremos imprimindo o ‘Times’. Quer saber? Não me importo com isso.”
    Passaram-se os cinco anos, ele investiu na versão do jornal na internet, e hoje a empresa, que controla também o “Boston Globe” e o “Herald Tribune”, tem 406 mil assinantes eletrônicos.
    Surpreendentemente, no ano passado a carteira de assinantes do “Times” dominical impresso subiu 0,2%, depois de cinco anos de queda. Está em 992 mil exemplares. Atribui-se esse movimento ao fato de a assinatura de papel da edição de domingo dar pleno direito à eletrônica, sem custo adicional.
    Mais uma vez, o “Times” sinaliza o futuro. Seu conteúdo não está blindado. O público tem direito a dez artigos mensais, e, diariamente, suas principais notícias estão acessíveis na rede. Além disso, está aberto o acesso a textos cujos links foram colocados em redes sociais.
    A má notícia vem da Pew: para cada US$ 10 que o mercado americano de publicidade no papel perdeu, só ganhou US$ 1 no mundo eletrônico. Como as edições dominicais são as mais gordas e versáteis para a publicidade, o gradual desaparecimento das edições impressas nos dias de semana não seria o fim do mundo.