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sábado, 23 de janeiro de 2016

Súmula da capa de El País em 23/01/2016

Sob pressão, Samarco negocia pagar 20 bilhões por desastre de Mariana

HELOÍSA MENDONÇA São Paulo
Mineradora deve implementar ações ambientais e econômicas em Minas e Espírito Santo. Pacto pode ser passo para empresa possa voltar a operar. Ibama critica plano de recuperação da companhia
Fila em frente a um mercado em Caracas.
Fila em frente a um mercado em Caracas. / FERNANDO LLANO (AP)

FMI prevê uma inflação recorde de 720% para a Venezuela em 2016

SANDRO POZZI Nova York
A América Latina enfrenta a segunda contração anual consecutiva, algo que não ocorria desde a crise da dívida em 1982 e 1983

Parlamento venezuelano se opõe ao decreto de Nicolás Maduro

ALFREDO MEZA Caracas
A maioria opositora decidiu não apoiar o decreto de emergência econômica promulgado pelo Governo na semana passada
Fim de uma era: o busto de Néstor Kirchner foi coberto.
Fim de uma era: o busto de Néstor Kirchner foi coberto. / R. CEPPO

O fim simbólico dos Kirchner

CARLOS E. CUÉ Buenos Aires
A decisão de retirar retratos de personalidades como Che Guevara da Casa Rosada é parte de um processo de ‘deskirchnerização’

Haddad quer diálogo com MPL, mas “sem a lógica do tudo ou nada”

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
MARINA ROSSI São Paulo
Após ligar reivindicação por passe livre a viagem à Disney, prefeito de São Paulo diz querer "protocolo de interação" com ativistas

“Prefeito não está resolvendo as coisas só porque faz ciclovias”

M. R. São Paulo
Ex-prefeita de SP que tentou implantar tarifa zero defende fundo para o passe livre e questiona grupos de protesto
Brasil, o melhor país para o turismo radical
GERJ / FOTOS PÚBLICAS

Em ranking mundial, Brasil só é o melhor em turismo de aventura

Uma macro pesquisa apresentada em Davos analisa a reputação de vários países. Brasil vence apenas nessa categoria do turismo

Sem Dilma e em recessão, Brasil perde o brilho em Davos

Dois anos após presidenta prometer planos de investimento em discurso, participantes do encontro falam em "década perdida"

Um país em liquidação

H. M. São Paulo
Investidor estrangeiro aproveita crise para ir às compras no Brasil. Movimento é estimulado também pela alta do dólar

Nevasca assusta americanos da costa leste... // Veja



Nevasca cobre Washington de branco e ameaça costa leste dos EUA; 9 pessoas morreram









A intensa nevasca que ameaça a costa leste dos Estados Unidos chegou na sexta-feira a Washington, D.C., cobrindo rapidamente de branco a capital americana. Ao menos nove pessoas morreram nos estados do Kentucky, Virginia e Carolina do Norte em acidentes de trânsito provocados pela causa da tempestade de neve.
As previsões meteorológicas indicam a possibilidade de mais de 60 centímetros de neve em toda a região de Washington até a tarde de terça-feira, o que obrigará milhões de pessoas a permencer em suas casas. As autoridades pediram à população que procurasse refúgio.
"O peso real desta tempestade será sentido no sábado. Pesadas nevascas, ventos fortes e ameaças de raios", escreveu no Twitter o Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês).
O alerta é válido para uma faixa da costa leste dos Estados Unidos, de Washington a Nova York. Vários estados do sul já foram afetados pelo fenômeno, com dezenas de milhares de residências sem energia elétrica. De acordo com a rede CNN, onze estados americanos da região leste do país declararam estado de emergência.

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A prefeita de Washington, Muriel Bowser, pediu aos moradores que não saiam de casa. Escolas e prédios do governo permaneceram fechados hoje e, durante o fim de semana, o transporte público não funcionará. "Quero ser muito clara com todos. Vemos isso como uma grande tempestade. Tem implicações de vida, ou morte", declarou a prefeita à imprensa.
Milhares de voos foram cancelados pelas duras condições meteorológicas. "A visibilidade se reduzirá a cerca de zero", alertou o NWS, referindo-se a Washington. "Fortes nevadas e tormentas causarão condições perigosas e serão um risco para a vida e a propriedade", acrescentou.
O jornal Washington Post, que apelidou a tempestade de 'Snowzilla' em referência ao monstro do cinema Godzilla, informou que o acúmulo de neve "superou rapidamente a marca de cinco centímetros na área metropolitana", e advertiu que, durante os picos da tormenta, pode-se chegar a 8 centímetros de neve por hora no final de semana.
Na quinta-feira, o diretor do NWS, Louis Uccellini, afirmou que cerca de 50 milhões de pessoas poderão ser afetadas pela tempestade. Mais de 7.000 voos, entre domésticos e internacionais, já foram cancelados.
Em Washington, as autoridades tomaram a decisão incomum de suspender durante todo o fim de semana o serviço de metrô, que transporta quase 700.000 pessoas por dia.
Depois dos anúncios das autoridades de que esta seria a maior nevasca em quase um século, os americanos correram para os supermercados e praticamente esvaziaram as prateleiras para se abastecer.
Caso as previsões se confirme, a tempestade pode ser quase tão grave como a de 1922, com 71 centímetros de neve e que deixou 100 mortos no desabamento do teto de um teatro com o peso da neve acumulada.
"As pessoas devem ficar em casa, e isso é extremamente importante para nossos cidadãos. Estamos tendo muitos acidentes", explicou o governador da Carolina do Norte, Pat McCrory, à rede CNN. Quase 95.000 pessoas ficaram sem energia elétrica no estado, relataram funcionários de emergência no Twitter, e, segundo a CNN, 133.000 pessoas estavam sem energia elétrica na sexta-feira à noite nos estados do sudeste dos Estados Unidos.
Imagens das emissoras locais mostravam carros derrapando na cidade de Nashville, ao sul, no momento em que o Tennessee enfrenta sua pior tormenta de neve em 13 anos, de acordo com jornal The Tennessean.
Mais ao norte, em Nova York, a expectativa é que a tempestade chegue a partir da madrugada de sábado e dure até o domingo ao meio-dia. O prefeito nova-iorquino, Bill de Blasio, também aconselhou que viagens sejam adiadas.
"Qualquer viagem desnecessária deve ser evitada. A menos que seja urgente, permaneçam fora das estradas", frisou, explicando que a cidade se prepara para uma emergência, com possíveis inundações costeiras.
(Com AFP)
 - Atualizado em 

Engenharia parece que concorre com Religião... e quer alcançar o céu // Veja



ECONOMIA

Mundo jamais construiu tantos arranha-céus como em 2015

China liderou ranking, com 62 edifícios concluídos recentemente; lista chinesa inclui um edifício de 632 metros de altura, o segundo mais alto do planeta

22/01/2016 às 16:57 - Atualizado em 22/01/2016 às 17:18
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Shanghai Tower foi o maior arranha-céu construído em 2015, com 632 metros e 128 andares(Aly Song/Reuters)

O ser humano simplesmente não consegue parar de colonizar os céus. Um novo estudo do Skyscraper Center, portal que administra uma base de dados sobre grandes edifícios, mostra que 2015 foi o ano em que mais arranha-céus foram erguidos no mundo.

A China liderou o ranking dos maiores construtores, com 62 edifícios concluídos recentemente. Com a medalha de prata ficou a Indonésia, com nove arranha-céus entregues. A cidade de Jacarta foi que mais teve arranha-céus construídos no ano passado, incluindo o Centro de Sudirman Sahid, edifício de escritórios de 258 metros de altura.

Dos mais novos prédios construídos, o maior é o Shanghai Tower, concluído no final do ano passado. Com 632 metros e 128 andares, o edifício é agora o segundo mais alto do mundo. O líder continua sendo o Dubai Burj Khalifa, inaugurado em 2010, com 828 metros de altura. O segundo mais alto em 2015 foi o 432 Park Avenue, em Nova York, o edifício residencial mais alto do hemisfério ocidental, com 425,5 metros.






De acordo com o Conselho de Arranha-céus e Habitat Urbano de Chicago, 2015 bateu um recorde de construção de edifícios de mais de 200 metros de altura: foram 106 novos edifícios concluídos. E para este ano são esperados mais.

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

"A honestidade de Lula e de Pompeia" // Claudio Andrade

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A honestidade de Lula e de Pompeia


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na última quarta-feira (20), que ‘não tem uma viva alma mais honesta’ do que ele. A espantosa e prepotente declaração foi feita, segundo a Folha de São Paulo, no Instituto Lula, durante encontro dele com blogueiros.

O ex-torneiro mecânico foi enfático ao afirmar que: “Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da igreja católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”, disse.

Trata-se de uma declaração que precisa ser interpretada por duas vertentes: a privada e a pública.

No âmbito privado, dentro de sua casa, na relação com a sua esposa, filhos e parentes, Lula deve ser uma pessoa honesta, afinal o que se espera de um chefe de família é que sirva de exemplo para seus entes queridos apresentando bons exemplos a serem seguidos.

Porém, Lula, além de ser um homem com família constituída é também uma pessoa pública, um ex-chefe de estado conhecido em todo o planeta.

Diante disso, o conceito de honestidade alardeado por ele toma uma dimensão que extrapola os limites de sua residência.

Ao governar o país, por oito anos, Lula constituiu nova família e as pessoas escolhidas para formar esse seio familiar político possui o seu dedo indicativo, logo, as responsabilidades por ações, atos e decisões praticados pelos integrantes nomeados por ele devem ao menos serem argüidas e contestadas.

Inegável a importância de Lula no cenário político nacional e mundial. Todavia, essa imagem de imaculado vendida por ele e seus defensores é piegas e traz para si, mais holofotes do que o necessário.

Lula foi presidente por dois mandatos e não há como não deixar de associar as operações da polícia federal e as decisões judiciais ao seu nome. Isso não quer dizer imputar a si, crimes. Todavia, a forma com que Lula se posiciona parece que ele nunca pisou em Brasília, não conhece Dirceu, Ceveró, Bumlai, dentre outros.

Essa pressa em se posicionar de forma alheia aos fatos é que atrai curiosidades, dúvidas e uma ânsia investigatória sem igual.

Como ex-presidente e líder petista, Lula precisa entrar de vez no debate acerca dos bastidores do seu governo, inclusive ajudando nas investigações, afinal a maioria das nomeações, indicações e dos tráficos de influência ocorridos em seu governo e em parte da gestão de Dilma, foram realizados com a sua anuência.

Finalizo com o provérbio feito em referência a Pompéia, esposa de Julio César: "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

Cláudio Andrade

"O dicionário informa : Lula não é honesto. O vídeo acrescenta : nunca foi ..."


2/01/2016
 às 17:36 \ Direto ao Ponto

O dicionário informa: Lula não é honesto. O vídeo acrescenta: nunca foi 

Na mais recente missa negra celebrada no Instituto Lula, com um bando de blogueiros servindo de coroinhas sabujos, Lula comunicou no meio do sermão que é ele o detentor do título de campeão brasileiro de honestidade. “Se tem uma coisa que eu me orgulho neste país é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu”, louvou-se o pregador. “Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da igreja católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”.
Uma consulta a qualquer dicionário informa que só leva a sério o palavrório de Lula gente que acharia muito justa a vitória do colega Marcola num concurso que elegeu o Presidiário Modelo. O verbete ensina que o adjetivo honesto só é aplicável a alguém que seja1) honrado, probo; 2) consciencioso, sério, digno de confiança; 3) justo, escrupuloso; 4) imparcial; 5) veraz; 6) decente, decoroso, virtuoso; 7) casto, pudico, recatado. Nem Marilena Chauí ousaria enquadrar seu santo padroeiro numa das sete opções.

O ex-presidente nasceu desprovido do sentimento da honra, nunca rimou com seriedade, inspira tanta confiança quanto um hipnotizador de circo mambembe, desconfia que escrúpulo é nome de inseto, é mais parcial que torcida organizada, mente como Dilma Rousseff, é tão virtuoso quanto Rosemary Noronha e acha que decência é coisa de otário. Para o homem que liderou a execução do projeto criminoso de poder, o único pecado mortal é perder eleição. A eternidade no poder é o fim que justifica todos os meios ─ do furto do cofrinho da bisavó à venda da mãe em suaves prestações.
Se os dicionários berram em coro que Lula não é honesto, o vídeo acrescenta que nunca foi. Os 22 segundos iniciais reproduzem a discurseira em que o camelô de empreiteira comunicado aos blogueiros que será aprovado com louvor no Juízo Final. Os 68 segundos restantes registram o momento mais assombroso da conversa ocorrida em 25 de março de 2004 entre o então presidente e um faxineiro que, dias antes, devolvera ao dono a sacola com 10 mil dólares que encontrou no banheiro do aeroporto de Brasília.
Graças ao exemplo de honradez, o faxineiro Francisco Basílio Cavalcante conseguiu alguns minutos de notoriedade e um encontro com Lula no Palácio do Planalto. O visitante lutava pela sobrevivência acossado permanentemente por contas atrasadas. O anfitrião já entrava sem bater no clube dos milionários. Era o chefe supremo de um partido com os cofres abastecidos por dinheiro público e parceiros de negociatas. E já havia pacificado o Congresso com a farra do Mensalão, que só seria descoberta em meados de 2005.
─ Você acha que tem muitos brasileiros que fariam o que você faz? ─ pergunta Lula na abertura da conversa.
─ Tem ─ responde Francisco sem titubeios. ─ Tive alguns amigos que me disseram para ficar com o dinheiro, mas esse é o lado desonesto.
─ Mas nem é desonestidade, não ─ discorda o presidente. ─ Quem acha um dinheiro assim, sem dono, pensa em melhorar de vida. Os que têm a consciência muito forte como você são muito poucos.
Ele nunca esteve entre esses “muito poucos”. Se estivesse no lugar no faxineiro, o dono da sacola nunca mais veria a cor do dinheiro. Lula faria com os 10 mil dólares o que fizeram com os bilhões da Petrobras os gatunos que apadrinhou.

"Em 1565, o texto da Delação Premiada tem a seguinte redação: “Como se perdoará aos malfeitores que derem outros à prisão”!

Das Ordenações Filipinas às Desordenações Lulistas

À espera da redação das Desordenações Lulistas (Foto: Arquivo Google)
Meu dia começa com o café da manhã e a leitura do Blog do Noblat e dos jornais. É um vício cultivado com enorme prazer.  Começo pela capa, depois passo para os artigos e, em seguida, leio o Blog e os jornais, inteirinhos. Gosto especialmente dos artigos assinados e tenho como hábito ler quem assina um texto antes de lê-lo.
Por isso, quando vi a “Carta aberta em repúdio ao regime de supressão episódica de direitos e garantias verificado na Operação Lava Jato”, tive o trabalho de ler aquele montão de assinaturas. Reconheci no máximo uns oito nomes, de tanto que são repetidos nos jornais em matérias sobre o Mensalão ou sobre o Petrolão.
E me enfronhei na leitura. Fiquei surpresa, diria mesmo que estupefacta.
Sempre achei que em algum momento estouraria um movimento contra o juiz Sergio Moro, a Lava Jato, o Ministério Público e a Polícia Federal. Só não sabia de que lado viria o tranco.
Afinal, eles estão mostrando aos brasileiros como foi que o Brasil se comportou nos últimos 14 anos e pela primeira vez na vida o Brasil está vendo graúdos receberem o que a Justiça determinou que lhes cabe.
Mas o ataque vir justo do grupo que muito lucrou com os processos? Dos advogados contratados a peso de ouro para defender os acusados?
Suspeito que habituados a ver minguar a força do poder do dinheiro, os signatários da Carta estavam em estado de choque ao assinar o texto que um deles redigiu.
Dizer, como disseram e assinaram, que os juízes se intimidaram pelo noticiário e que assim julgaram os casos de seus clientes?.Ou seja, que a Imprensa é quem julga?
Será que não lhes passou pela cabeça que os Donos do Poder perderam a força que tinham quando a sociedade, envergonhada com sua própria fraqueza ao permitir durante tanto tempo que o Brasil fosse o Reino da Impunidade, resolveu que ia respeitar seu Sistema Judiciário e ignorar o choro ridículo de seus detratores?
O que eles estão é preocupados pois que de agora em diante creio que poucos serão os acusados, indiciados e que tais que se submeterão a pagar as quantias fantásticas que lhes são pedidas, já que a delação premiada, se comprovada, fará por eles o que seus patronos não fizeram.
“A delação premiada é um instrumento criado por nós. O portal da transparência fomos nós que criamos. A Lei do Acesso à Informação fomos nós que criamos. A Controladoria Geral da República fomos nós que criamos e demos autonomia. O Ministério Público nunca teve tanta autonomia. A Polícia Federal nunca teve tanto pessoal contratado para investigar”, lembra Lula.
Estará Lula enganado? Talvez, ele não mente. Engana-se.
Acontece que a História do Brasil colonial garante que isso não é fato. Já nas Ordenações Filipinas, de 1565, o texto que se referia à “Delação Premiada” tem a seguinte redação: “Como se perdoará aos malfeitores que derem outros à prisão”.
Aos poucos fomos perdendo as imposições das Ordenações Filipinas e a elegância da linguagem. 
Não seria bom ler “Vamos Perdoar ao Lula, a Viva Alma mais Honesta do Planeta, Posto Que, Ao Falar O Que Sabe e o Que Fez, Deu Terceiros à Prisão?”

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A carta de 104 (!) advogados é um marco de falta de Ética e de falta de princípios profissionais ... de direitos

Ora, sejamos marxistas -

EUGÊNIO BUCCI

ESTADÃO - 21/01

Na semana passada, 105 advogados, vários deles com clientes indiciados na Operação Lava Jato, divulgaram um manifesto contra o juiz Sergio Moro. Em sua “carta aberta em repúdio ao regime de superação episódica de direitos e garantias verificado na Operação Lava Jato”, acusaram promotores, policiais, juízes e “a mídia” de “menoscabo à presunção de inocência”. Despertaram a ironia de articulistas, o repúdio de integrantes do Ministério Público, o desprezo silencioso de outros advogados e o aplauso público ou discreto de dirigentes do PT.

Uma vez mais ficou explícita a unidade disciplinada entre o discurso dos causídicos que defendem os interesses dos empreiteiros tornados réus e o discurso dos petistas de alta patente, que, quando defendem o governo (pois de vez em quando o atacam), alegam tratar-se de um governo de esquerda. As diferenças ideológicas que havia entre os dois discursos – o do PT e o das empreiteiras – desapareceram como enxurrada engolida pela boca de lobo. As megaconstrutoras de ultradireita, viciadas em dinheiro público, e o partido nascido à esquerda, das greves do ABC, já foram antípodas. Agora cantam em dueto. São duas mãos que se lavam em águas enlameadas.

Descartada por absurda a hipótese de que as empreiteiras se tenham convertido ao socialismo utópico, façamos a pergunta inevitável: esse partido é mesmo de esquerda? Será de esquerda o dueto entre o PT que não gostava do capital e o capital que não gosta de concorrência? Será uma “aliança tática”? Será que, no imaginário da nomenklatura, a perfeita simbiose se justifica para combater “inimigos de classe” mais “reacionários” e mais fatais, como repórteres mal remunerados, delegados de polícia e magistrados de primeira instância? Será que, comparados ao reportariado, os empreiteiros são assim tão “progressistas”? Serão eles os mais fiéis “companheiros de viagem” na marcha rumo ao fim da exploração do homem pelo homem?

Falemos sério. O mais provável não é nada disso. O mais provável é o mais horrível. Já não é o lobby das construtoras que se apressa a socorrer o caixa eleitoral dos companheiros, mas a máquina dos ex-sindicalistas que adere a um modo de produção parasitário (um híbrido promíscuo entre a acumulação primitiva e o capitalismo de Estado), ao qual dá sustentação reverencial, como quem ampara a galinha dos ovos de ouro (ou como quem venera um totem).

Aquilo que a olhos otimistas não passa de desvios infelizes a manchar a trajetória de uma organização partidária combativa talvez não seja apenas isso, quer dizer, talvez não seja meramente uma sucessão de incidentes desabonadores, mas a manifestação de um caráter histórico que até outro dia se ocultara. Aquilo a que damos o nome genérico de corrupção não seria, enfim, um deslize criminal episódico, mas uma determinante estrutural; não seria uma traição da política, mas a mais acabada expressão da política de colaboração de classe entre uma legenda de retórica trabalhista e uma burguesia inculta e retrógrada. Não, não estamos falando de uma colaboração de classe qualquer, mas de um pacto sem lei no qual a rapinagem do erário, em lugar de evento excepcional, é o método.

Em resumo: o que tem o aspecto de desvio não é bem um desvio, um ato que escapou do campo da ação política, mas a realização material da política, a política em sua matéria mais irredutível.

Se for verdadeira essa hipótese, os sinais do discurso petista estão todos invertidos. O encadeamento dos governos que aí estão há 13 anos, que esse discurso insiste ser de esquerda, seria o oposto. Não terá sido para tornar viável uma agenda de inclusão social que alguns se deixaram aliciar pelo capital selvagem. O que parece ter acontecido é o contrário: foi para tornar viável um modelo de poder que passava pela subtração prolongada – deslocando o centro do Estado para uma órbita estranha ao interesse público – que se fez necessário acenar com benefícios aos eleitores pobres. Os tais programas de distribuição de renda e de combate à pobreza não teriam sido uma política pública inclusiva, mas uma concessão equivalente ao custo de manutenção do modelo.

Não que políticas públicas de combate à pobreza constituam um vício em si mesmas. Elas são justas e dramaticamente necessárias no Brasil. O que fez delas uma manobra oportunista, ineficaz e infértil não foi o seu conteúdo, mas o caráter do modelo de poder que as acionou. Elas não traduziram uma estratégia de resgate dos pobres, mas de instrumentalização deles.

É triste. O PT não é Itabira ou Orlândia, mas se reduz aos poucos a uma fotografia na parede. Como dói. A verdade que se vai decantando na imagem machuca os olhos. Haverá futuro? Não é provável, a menos que as vozes vivas que ainda resistem nas cercanias do partido enunciem respostas públicas, destemidas, objetivas e materiais sobre sua tragédia ética e sua farsa.

Em O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, Karl Marx lembra que a primeira revolução (burguesa) de Napoleão libertou os camponeses da semisservidão e os transformou em pequenos proprietários de terra. Não por solidariedade, mas porque o poder por trás das guerras napoleônicas dependia de varrer o feudalismo (a servidão) para patrocinar o capitalismo. Poucos anos depois do que parecia ter sido uma conquista, os tais pequenos proprietários se deram mal. Marx anota: “A forma ‘napoleônica’ de propriedade, que no princípio do século 19 constituía a condição para libertação e enriquecimento do camponês francês, desenvolveu-se no decorrer desse século na lei da sua escravização e pauperização”.

A estrela do PT chegou a reluzir como a via de promoção dos desassistidos, mas não os libertou da pobreza. O projeto de classe parece que foi outro. Os empreiteiros, que não são marxistas, sabem muito bem por quê.