Ameaça de boicote politiza Eurocopa na Ucrânia
Quanto mais a Eurocopa 2012 se aproxima, mais politizado fica o importante torneio de futebol que congrega as seleções do Velho Continente, apontam analistas.
O campeonato, que será sediado na Ucrânia e na Polônia entre junho e julho deste ano, já havia sido colocado em xeque quando o presidente da Uefa (União das Federações de Futebol Europeias), Michel Platini, queixou-se de "bandidos e trapaceiros" ucranianos que estariam inflacionando os preços dos hoteis, diz o especialista da BBC Andriy Kravets.
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Os transportes e a segurança também são motivo de preocupação, sobretudo após ataques a bomba ocorridos na semana passada em Dnipropetrovsk.
Mas foram os últimos desdobramentos em torno do caso da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko que despertaram, nesta segunda-feira, a ameaça de boicote por diversos líderes europeus.
Pressão
Figuras de destaque decidiram aumentar a pressão sobre a Ucrânia pelos supostos maus-tratos conferidos à ex-premiê, que já cumpre sentença de sete anos de prisão por corrupção e enfrenta um segundo julgamento.
Líderes cancelaram visitas oficiais ao país, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e a Comissária de Justiça do bloco, Viviane Reding, não participarão da cerimônia de abertura da Eurocopa.
A chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, condicionou sua presença no torneio ao destino de Tymoshenko, e o ministro do Meio Ambiente alemão, Norbet Roettgen, disse que o país deve se distanciar da Ucrânia durante o campeonato.
Além disso, os presidentes da Áustria, República Tcheca, Alemanha, Itália e Eslovênia cancelaram sua presença em uma reunião de líderes do leste e do centro da Europa nos dias 11 e 12 de maio em Yalta, na Ucrânia.
Guerra Fria
Para o analista da BBC, a Uefa deve se preparar para enfrentar mais dificuldades antes da realização do torneio cujas sedes foram escolhidas ainda em 2007.
"Organizadores da elite do esporte tentam manter distância da política. mas neste caso isto provou-se impossível. A Ucrânia argumenta que, ao prender ex-membros do governo, está lutando contra a corrupção, e classifica os anúncios da Alemanha, República Tcheca e União Europeia como reminiscências da Guerra Fria", diz Andriy Kravets.
Boicotar a reunião de cúpula de Yalta e a Eurocopa, no entanto, são oportunidades para os países da Europa Ocidental mostrarem sua reprovação às políticas da Ucrânia.
A pressão diplomática dos líderes europeus chega um dia após o segundo julgamento de Tymoshensko ter sido adiado para o fim de maio, em decorrência de denúncias de abusos e espancamentos sofridos na prisão.
A ex-premiê teria sido espancada na cadeia. Ela foi condenada no ano passado sob acusação de ter prejudicado a Ucrânia ao negociar o preço do gás natural vendido pelo país à Rússia em 2009.
Autoridades penitenciárias do país afirmaram que a levaram para o hospital contra a sua vontade, mas negaram tê-la espancado.
Para as potências ocidentais o caso tem motivações políticas.
Caso seja condenada pela segunda vez, Tymoshenko poderia ser sentenciada a mais 12 anos de prisão.