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sábado, 18 de novembro de 2017

Mais vergonha para o Brasil ...O "encanamento" do Brasil tem muitos furos...


Mais vergonha para o Brasil 

Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi na saída do Instituto Médico Legal, após prisão - Marcio Alves / Agência O Globo 16/11/2017

"Inimigo do povo"

Inimigo do povo   J.R. GUZZO

REVISTA VEJA
O afastamento do jornalista William Waack, acusado de 'racismo' pela Rede Globo, é um clássico em matéria de hipocrisia e oportunismo


A maior parte dos meios de comunicação do Brasil, com a Rede Globo disparada na frente, está se transformando num serviço de polícia do pensamento livre. É repressão pura e simples. Ou você pensa, fala e age de acordo com a atual planilha de ideias em vigor na mídia ou, se não for assim, você está fora. Os chefes da repressão não podem mandar as pessoas para a cadeia, como o DOPS fazia antigamente com os subversivos, mas podem lhes tirar o emprego. É isso, precisamente, que o comando da Globo acaba de fazer com o jornalista William Waack, estrela dos noticiários da noite, afastado das suas funções por suspeita de racismo. Por suspeita , apenas – já que a própria emissora não garante que ele tenha mesmo feito as ofensas racistas de que é acusado, numa conversa particular ocorrida um ano atrás nos Estados Unidos. Mas, da mesma forma como se agia no Comitê de Salvação Pública da velha França, que mandava o sujeito para a guilhotina quando achava que ele era um inimigo do povo, uma acusação anônima vale tanto quanto a melhor das provas.

William não foi demitido do seu cargo por ser racista, pois ele não é racista. Em seus 21 anos de trabalho na Globo nunca disse uma palavra que pudesse ser ofensiva a qualquer raça. Também nunca escreveu nada parecido em nenhum dos veículos de imprensa em que trabalha há mais de 40 anos. Nunca fez um comentário racista em suas numerosas palestras. O público, em suma, jamais foi influenciado por absolutamente nada do que ele disse ou escreveu durante toda a sua carreira profissional. O que William pensa ou não pensa, na sua vida pessoal, não é da conta dos seus empregadores, ou dos colegas, ou dos artistas que assinam manifestos. O princípio é esse. Não há outro. Ponto final.

William Waack foi demitido por duas razões. A primeira é por ser competente – entre ele, de um lado, e seus chefes e colegas, de outro, há simplesmente um abismo. Isso, no bioma que prevalece hoje na Globo e na mídia em geral, é infração gravíssima. A segunda razão é que William nunca ficou de quatro diante da esquerda brasileira em geral e do PT em particular – é um cidadão que exerce o direito de pensar por conta própria e não obedece à atitude de manada que está na alma do pensamento “politicamente correto”, se é que se pode chamar a isso de “pensamento”. Somadas, essas duas razões formam um oceano de raiva, ressentimento e neurastenia.

A punição a William Waack tem tudo para se tornar um clássico em matéria de hipocrisia, oportunismo e conduta histérica. A Rede Globo,como se sabe, renunciou à sua história tempos atrás, apresentando – sem que ninguém lhe tivesse solicitado nada – um pedido público de desculpas por ter apoiado “a ditadura militar”. Esse manifesto, naturalmente, foi feito com o máximo de segurança. Só saiu vários anos depois da “ditadura militar” ter acabado e, sobretudo, depois da morte do seu fundador, que não estava mais presente para dizer se concordava ou não em pedir desculpas pelo que fez. A emissora, agora, acredita estar na vanguarda das lutas populares – não falta gente para garantir isso aos seus donos, dia e noite. William Waack, com certeza, só estava atrapalhando.

O futebol brasileiro no banco dos réus " / Jamil Chade

O futebol brasileiro no banco dos réus

Proprietária do nosso futebol, a CBF enfrenta as consequências de ter usado uma paixão nacional para enriquecimento ilícito

José Maria Marin durante coletiva de imprensa na Copa do Mundo de 2014.
José Maria Marin durante coletiva de imprensa na Copa do Mundo de 2014.  MARCUS BRANDT
O cronista Nelson Rodrigues, há mais de 50 anos, já constatou: “o pior cego é o que só vê a bola”. Numa corte de Nova Iorque, nesta semana, é um senhor frágil, de cabelo e tez branca que se depara diante da juíza federal Pamela Chen. O julgamento contra José Maria Marin, entretanto, não é apenas contra um dirigente que comandou a CBF. Trata-se, na realidade, de um processo sobre o próprio futebol nacional, sobre seus cúmplices e suas entranhas do poder. Um processo contra aqueles que promoveram uma cegueira quase generalizada.
Conforme a data do julgamento se aproximava, não foram poucos os dirigentes da Fifa e da CBF que me admitiam que estavam preocupados sobre o que poderia surgir do processo. Hoje, depois de pouco mais de dez dias de audiências, tudo o que essas entidades temiam se transformou em realidade. Acusados e testemunhas passaram a usar a corte como um palco privilegiado para revelar um lado obscuro do esporte. O futebol como ele é.
Para se defender das acusações de corrupção, os advogados de Marin usaram um fato que qualquer um envolvido na CBF sempre via: ele jamais a governou sozinho. Seu braço direito, vice-presidente e homem que o acompanhava a todas as reuniões era Marco Polo Del Nero, o atual comandante do futebol brasileiro desde 2015. Para a defesa de Marin, quem “tomava as decisões” era o seu vice.
Ainda que seja uma estratégia dos advogados para reduzir a responsabilidade de seu cliente, a realidade é que a tática surpreendeu a muitos dentro da CBF e Del Nero foi jogado para o centro do debate.
Nos dias que se seguiram, coube ao argentino Alejandro Burzaco, ex-executivo que comprava direitos de TV de torneios sul-americanos, admitir que a corrupção era a regra do jogo. Na qualidade de testemunha, seu relato confirmou os pagamentos a Marin. Mas também indicou que o próprio Del Nero o procurou em 2014 para negociar um aumento da propina. O entendimento com o futuro chefe do futebol brasileiro ainda vinha com um pedido: adiar o pagamento do suborno para 2015, quando Marin não seria mais presidente da CBF. Assim, Del Nero não teria mais de dividir a propina com seu “amigo”.
As audiências ainda jogaram ao centro da arena Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF entre 1989 e 2012. Ele teria recebido, desde 2006, US$ 600 mil por ano em propinas para ceder contratos de transmissão da Copa Libertadores e da Copa Sulamericana.
Não escaparam nem mesmo grandes grupos de imprensa do Brasil e América Latina, citados pela única testemunha ouvida até agora como parte de um esquema de corrupção. No caso da TV Globo, ela foi mencionada como tendo destinado supostas propinas para ficar com o direito de transmissão das Copas de 2026 e 2030, algo que a empresa nega de forma veemente.
O processo também atinge em cheio as pretensões do Catar de sobreviver como sede da Copa até 2022. O ex-dirigente argentino, Julio Grondona, morto em 2014, foi apontado nesta semana como receptor de US$ 1 milhão em troca de seu voto aos árabes para que pudessem sediar o Mundial. Ele era o presidente do Comitê de Finanças da Fifa e, em outras palavras, era o dono da chave do cofre da entidade.
Ao relatar o caso, Burzaco revelou como Grondona o contou bastidores do dia da votação. Nas primeiras rodadas, o então presidente da ConmebolNicolas Leoz, teria votado pelo Japão e Coreia do Sul. Num dos intervalos, Grondona e Teixeira chegaram até o paraguaio e o “chacoalharam”. “O que você está fazendo?”. Quando o processo eleitoral foi retomado, Leoz mudou de comportamento e votou pelo Catar.
O tsunami das declarações chegou ainda até a Argentina. Na noite de terça-feira, Jorge Alejandro Delhon, um dos executivos denunciados, teria se matado. As audiências ainda tiveram cenas de dramalhões latino-americanos, com Burzaco chorando diante do que poderia ser um ato de intimidação de um dos acusados, o ex-presidente da Federação Peruana de Futebol, Manuel Burga. O peruano o teria feito um sinal de cortar o pescoço, em plena audiência.
Horas depois, a testemunha não conseguiria segurar as lágrimas quando lembrou que fora avisada de que a polícia argentina o mataria se retornasse ao país.
Entre supostas ameaças, choros, mortes, relatos extraordinários e contas milionárias, não deixa de chamar a atenção o fato de que o processo está apenas em sua segunda semana. Por mais um mês, como num cenário de um jogo de Copa descrito pelo cronista, o mundo da cartolagem e seus cúmplices viverão “uma suspensão temporária da vida e da morte”.
Todos os citados, por enquanto, negam qualquer tipo de responsabilidade. Mas o que o processo começa a revelar é que, de fato, uma paixão nacional foi tomada por um grupo com um único objetivo: o enriquecimento próprio. De forma infesta, sequestraram uma das poucas coisas que é legítimo em um torcedor: sua emoção. A cada partida assistida em campo ou na televisão, em cada camisa comprada, em cada item adquirido, o torcedor aparentemente não financiou o futebol nacional. Mas seus donos, em contas secretas em Andorra, Suíça e paraísos fiscais.
Desde criança, foi vendida a história a todos nós de que aquele time de amarelo nos representa. Quando ganha, é o presidente da República quem os recebe, como heróis nacionais numa conquista “do país”. Quando é humilhado em campo, é uma nação que flerta com a depressão.
Em Nova Iorque, enquanto a cegueira começa a se dissipar, estamos vendo que esse futebol “nacional” tem dono. E não é o torcedor.
Jamil Chade é jornalista, autor do livro "Política, Propina e Futebol" (Cia das Letras, 2015).

Humor de Sponholz / blog de Aluizio Amorim

sábado, novembro 18, 2017

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

"Liberdade de expressão também significa liberdade para ser imbecil" / João Pereira Coutnho

joão pereira coutinho
Escritor português, é doutor em ciência política.
Escreve às terças e às sextas.

Liberdade de expressão também significa liberdade para ser imbecil

Sakchai Lalit - 25.set.2001/Associated Press
Homem tailandês vende camisetas com o rosto de Osama bin Laden, em 2001
Homem tailandês vende camisetas com o rosto de Osama bin Laden, em 2001
Usar uma camiseta de futebol com o nome "Bin Laden" gravado nas costas dá direito a prisão?
Na França, dá. Leio no "The Daily Telegraph" que Chakib Limane, 34, foi condenado a seis meses de cadeia pela proeza. Nas palavras do próprio, ele usava a camiseta durante o jogging "só por brincadeira".
Mas não foi o jogging o verdadeiro crime, o que seria compreensível. Foi, segundo o tribunal, a "apologia do terrorismo" que ele espalhava pelas ruas.
Pior: o nosso Chakib não tinha apenas camisetas "Bin Laden". Também tinha vestuário com os nomes de Mullah Omar, o reputado líder Talibã, e Ali, o Químico, o famoso bombista iraquiano.
Manifestamente, Chakib Limane tinha uma queda por torcionários. Mas, pergunto, ter uma preferência por torcionários deve ser punido com a prisão?
Duvido. Terrorismo é coisa séria e nunca marchei com o rebanho que procura "compreender", leia-se "desculpar", as atrocidades islamitas. Não há compreensão nem desculpa para a morte indiscriminada de civis.
Mas é preciso distinguir a mera estupidez de danos objetivos. Quando alguém tenta "compreender", leia-se "desculpar", o terrorismo islamita, isso é um sintoma de estupidez (no mínimo) ou de psicopatia intelectual (no máximo). Mas essas simpatias não devem ser criminalizadas, exceto se se converterem em exortações diretas à matança.
Se usar camisetas com criminosos célebres fosse punido com prisão, desconfio que não haveria espaço nos presídios para todos os adolescentes que ostentam Che Guevara com orgulho. Liberdade de expressão também significa liberdade para ser imbecil.
Mas o caso francês não é apenas uma questão de liberdade de expressão. Todos os estudos apontam para o mesmo cenário: as prisões da Europa são vespeiros de formação terrorista.
O mesmo "Daily Telegraph", aliás, informa que o Ministério da Justiça britânico está alarmado com o número de publicações jihadistas confiscadas no seu sistema prisional. "Não é possível tolerar uma situação em que as pessoas entram na prisão como criminosos e saem terroristas", afirmou o governo de Sua Majestade.
Na França, a mesma coisa: 50% da população prisional (no mínimo) é muçulmana, qualquer coisa como 20 a 30 mil pessoas (não há número seguros, apenas estimativas). Mesmo que só uma ínfima parte se radicalize, é o suficiente para repetir os atentados de Paris ou Nice.
Se as autoridades franceses desconfiavam do "jogger" Chakib Limane, o melhor era deixá-lo à solta —e mantê-lo sob vigilância. A prisão, para certos casos, não é um castigo. É uma universidade —e um início de carreira. 

"Ai do povo que precisa de heróis", / G1


Deputado confunde Brecht com Bertoldo Brecha em discurso na Alerj

Gafe ocorreu durante votação que decidiu libertar o presidente da Casa, Jorge Picciani, e mais dois deputados estaduais.

Por G1
 
Deputado estadual confunde Brecht com Bertoldo Brecha em discurso na Alerj
O deputado estadual André Lazaroni (PMDB) cometeu uma gafe nesta sexta-feira (17) quando discursava durante a sessão extraordinária da Alerj que decidiu pela libertação dos parlamentares Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi.
Ao defender a soltura dos colegas, André Lazaroni se confundiu e citou "Bertoldo Brecha", personagem da Escolinha do Professor Raimundo", quando na verdade queria se referir ao dramaturgo alemão Bertolt Brecht. A frase citada por ele foi: “Ai do povo que precisa de heróis.”
O deputado Marcelo Freixo declarou que tentou corrigir Lazaroni:
"Eu fui surpreendido, não sabia que o deputado [André Lazaroni] conhecia o filósofo Bertolt Brecht, de quem gosto muito e sempre utilizo nas minhas campanhas". Na semana passada, Freixo espalhou camisas com a frase: "Nada deve parecer impossível antes de mudar", de Brecht.
"Mas ele [Brecht] nunca trabalhou no Programa do Chico Anysio. Eu corrigi o deputado por mania de professor de história, não costumo fazer isso, mas aí foi demais. Em homenagem ao Brecht, achei justo que corrigisse", afirmou Freixo.