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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Seleção brasileira de futebol está em má companhia

http://blogs.estadao.com.br/jamil-chade/

23.setembro.2012 05:59:20

Empresa “dona” da seleção é investigada por subornos

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A empresa que ganhou todos os direitos sobre a seleção brasileira até 2022, a saudita ISE, está no centro do maior escândalo financeiro do futebol da atualidade. Uma auditoria indicou que a companhia é suspeita de ter pago, em uma operação de lavagem de dinheiro, US$ 14 milhões a Mohamed Bin Hammam, ex-candidato para a presidência da Fifa e que foi suspenso do futebol por denúncias de que tentou comprar votos.

Quatro meses antes de deixar a CBF, Ricardo Teixeira fechou um acordo com a ISE e dando direitos para que organize e administre jogos da seleção brasileira por dez anos. Mas o que chama a atenção é o fato de que o acordo de 2012 é 15% inferior ao de 2006. Por jogo,a CBF receberia US$ 1 milhão. Em 2006, recebeu US$ 1,15 milhão.

Bin Hammam, do Catar, teve o apoio de Ricardo Teixeira na votação para a Fifa e, nos últimos anos, a relação entre os dois ganhou novas dimensões. O Brasil disputou jogos no Catar e Teixeira ainda votou pelo país árabe para sediar a Copa de 2022, numa das decisões mais polêmicas da Fifa.

Bin Hammam era ainda o presidente da Confederação Asiática de Futebol e foi justamente uma auditoria realizada há poucos meses na entidade que revelou as transferências suspeitas entre a ISE e o cartola.

A auditoria foi preparada pela PriceWaterhouse Coopers (PwC) que constatou que US$ 2 milhões pagos pela ISE em 2008 foram para o uso pessoal de Bin Hammam. Além disso, a empresa Al Baraka Investment – empresa relacionada à ISE – pagou mais US$ 12 milhões para Bin Hammam.

O que gerou a suspeita é de que o dinheiro transferido entre essas empresas e Bin Hammam passarou justamente pelas contas da Confederação Asiática. “É altamente incomum que recursos (especialmente no montante detalhado aqui), que aparentemente era de benefício pessoal do Sr. Bin Hammam, fossem depositados a uma conta bancária de uma organização”, indicou a auditoria, vista pelo Estado.

“Diante das recentes alegações que cercam Sr. Hammam, é nossa avaliação que há um significativo de que a AFC (Confederação Asiática) tenha sido usada como um veículo para lavar recursos e que esses recursos foram creditados ao ex-presidente para um uso indevido (risco de lavagem de dinheiro”, indicou a auditoria.

“A AFC pode ter sido usada como veículo para lavar dinheiro e para o pagamento de propinas”, alertou.

Bin Hammam havia sido suspenso do futebol pela Fifa. Mas na Corte Arbitrária dos Esportes, o cartola conseguiu derrubar a suspensão, com a alegação de que a Fifa não tem provas suficientes de suas manobras. Agora, o documento da PriceWaterhouse está sendo usado pela Confederação Asiática e pela Fifa para manter a suspensão em vigor.