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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

..."Todos os outros ruídos nos desumanizam" / Juan Arias em El País





Por que gritamos tanto?

O silêncio do diálogo nos assusta porque nos obriga a desnudar nossos preconceitos para ouvir o outro





Os deputados Jair Bolsonaro e Maria do Rosário batem-boca no plenário da Câmara dos Deputados AGÊNCIA BRASIL

Vivemos na sociedade do grito. Falamos em voz alta. Gritam os pastores religiosos nos templos; gritam e se insultam os políticos no Congressogritam os juízes e promotores: gritam as pessoas nas redes sociais, e gritamos nós, os jornalistas. Apenas as vítimas permanecem em silêncio.
Um excelente artigo de Ana García Moreno sobre o silêncio, neste jornal, me fez refletir sobre o imperativo do grito em nossa sociedade, como se estivéssemos convencidos de que quem levanta mais a voz, e com palavras mais grossas, é quem mais tem razão.
O insulto, tanto o falado como o escrito, é um grito que fere o diálogo. O grito gratuito lançado contra o outro é uma ofensa que revela mais a fraqueza que a força de nossas razões.



O silêncio do diálogo nos assusta porque nos obriga a desnudar nossos preconceitos para ouvir o outro.
A persuasão é feita mais de silêncios que de ruídos.
Um grito legítimo é o que lançamos sozinhos quando a dor nos aperta ou quando a injustiça nos afoga. É um grito de desespero que não fere já que costuma ser uma pergunta sem resposta.
É o grito que, de acordo com os Evangelhos, Cristo soltou na cruz ao morrer: “Jesus exclamou em alta voz: Meu Deus, por que me desamparaste” (Mateus 27).
Era um grito que chamava para se afogar no silêncio de Deus.
Talvez deveríamos lembrar aquele provérbio chinês, coletado pelo genial escritor argentino Jorge Luis Borges: “Não fale, a menos que possa melhorar o silêncio”.
Hoje falta filosofia e sobra intriga e cálculo político. E a primeira pedra dos templos da filosofia, como já dizia Pitágoras, é o silêncio.
Não se costuma dizer que os rios mais profundos são os que fazem menos barulho? A superficialidade é a que mais levanta a voz hoje.
Deveríamos todos lembrar nas horas em que disputamos para ver quem grita mais, quem insulta mais, quem se destaca como campeão da única verdade, que a razão fica humilhada no tiroteio verbal.
Afinal de contas, essa predileção pelo grito e pelo insulto contra quem pensa diferente, não seria o medo de ouvir a nós mesmos?
Não teremos, no fundo, medo de que a reflexão e a escuta das razões do outro possam nos desnudar, enquanto o ruído, serve como escudo contra nossa própria insegurança?
Quem está convencido de sua verdade não precisa impô-la a socos aos outros. Pode colocá-la sobre a toalha do diálogo, como um banquete para que todos possam desfrutar, sem pretensões de exclusividade.
O grito e o insulto são sempre fascistas. A democracia é construída com o duro exercício do diálogo, que significa a convicção sincera de que ninguém é dono de toda a verdade.
Os dogmas são sempre de cunho autoritário. Evocam intransigência e caça às bruxas. A laicidade, como a ciência, é feita de incertezas, medo de estar errado e desejos de compartilhar as razões dos outros.
Vamos deixar, se for o caso, que gritem os poetas e suas imagens, que são eles que melhor sabem nos revelar a força de certos silêncios.
Todos os outros ruídos nos desumanizam




sábado, 25 de outubro de 2014

O pessoal da base aliada do PT é barra pesada...! Editora Abril e Democracia são atacadas por profissionais do PCdoB


Eleições 2014

Candidatos e entidades repudiam depredação do prédio da Editora Abril

“Assistimos ontem e hoje a um atentado contra a 

democracia, contra a liberdade de expressão", afirmou 

tucano Aécio Neves

Vandalismo e depredação que atingiram a Revista Veja
Vandalismo e depredação que atingiram a Revista Veja (VEJA.com)
Os dois candidatos à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) repudiaram neste sábado o vandalismo praticado contra a sede da Editora Abril, que publica VEJA, na noite de sexta-feira, em São Paulo. Um grupo de 200 pessoas, segundo a Polícia Militar, despejou lixo em frente ao prédio e pichou muros. Três pessoas foram detidas, segundo boletim de ocorrência registrado no 14º Distrito Policial de Pinheiros. As pichações foram assinadas pela União Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB. Em sua edição desta semana, VEJA revela depoimento prestado na última terça-feira pelo doleiro Alberto Youssef, que atuava como banco clandestino do petrolão, em que ele implica a presidente e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, no esquema de corrupção.
No último ato público antes da votação deste domingo, Aécio Neves visitou o túmulo do avô, Tancredo Neves, na cidade histórica de São João Del Rei, em Minas Gerais. Defendeu a liberdade de imprensa e condenou os atos de vandalismo contra a sede da Editora Abril. “Assistimos ontem e hoje a um atentado contra a democracia, contra a liberdade de expressão, o que já é uma marca extremamente preocupante dos nossos adversários. Ao tentar invadir e depredar a fachada de um importante veículo de comunicação, os manifestantes não atingem aquele veículo. Atingem o que temos de mais valioso, que é a liberdade de expressão no Brasil, a liberdade de imprensa. A democracia vive disso, das manifestações. E as contrárias devem ser respeitadas. O alvo foi errado, porque o que VEJA e outros veículos de comunicação fazem é comunicar. Eles são os vasos transmissores das informações e ao tentar proibir a veiculação dessa revista, há uma demonstração clara do Partido dos Trabalhadores de seu descompromisso com a democracia e com a liberdade de expressão”, disse o candidato. “É um atentado que deve receber o repúdio de todos os brasileiros da forma mais veemente possível. E uma boa forma de demonstrar esse repúdio é indo às urnas amanhã para valorizar a democracia e apontar um novo caminho para o Brasil”, completou. O tucano ainda afirmou que, se eleito, atuará em favor da liberdade de imprensa.
Reprodução/VEJA
No Twitter, Orlando Silva elogia ataque ao prédio da Editora Abril
Um dia depois de gastar mais de três minutos de sua propaganda eleitoral para atacar VEJA, a presidente Dilma Rousseff comentou o ataque à sede da Abril. “Eu lamento qualquer ato de vandalismo. Não concordo. Repudio formas de violência. Isso é uma barbárie. Deve ser coibido. Nós só podemos aceitar um padrão de discussão que seja pacífico, com argumentos, que defenda posições e que não ataque uns aos outros. Não se cria um país civilizado e democrático dessa forma”, comentou a presidente. Enquanto isso, no Twitter, Orlando Silva, ex-ministro de Dilma eleito deputado federal pelo PCdoB, postou mensagem de apoio aos vândalos da UJS. Afirmou sentir "orgulho" da depredação promovida pelo grupo. Em 2011, Orlando Silva foi defenestrado do comando do Esporte após VEJA revelar a existência de um esquema organizado pelo PCdoB na pasta para desviar dinheiro público usando ONGs amigas como fachada. O então ministro foi apontado como mentor e beneficiário dessa engrenagem. 
Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) afirmou que “repudia veementemente os ataques”. "A Abert acompanha com preocupação episódios como o de ontem à noite, pois a entidade considera grave qualquer ato de intimidação à liberdade de imprensa. A Abert lembra que a Declaração de Chapultepec, da qual o Brasil é signatário, aponta uma imprensa livre ‘como uma condição fundamental para que as sociedades resolvam os seus conflitos, promovam o bem-estar e protejam sua liberdade’”.
Em entrevista à Rede Globo, o presidente da OAB, Marcos Vinícius Coelho, afirmou: "Nesse momento entendemos que o principal é termos a maturidade institucional para preservarmos a democracia brasileira". Já Alberto Rollo, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-SP, afirmou ao site de VEJA: "Os ataques ao prédio da Editora Abril são beligerantes e não combinam com o exercício da democracia que teremos amanhã. O grupo não está contribuindo para a democracia no Brasil".