Postagem em destaque

Uma crônica que tem perdão, indulto, desafio, crítica, poder...

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Juiz chama filha para dar sentença da própria mãe. EMOCIONANTE!

https://youtu.be/nhDXFPQtnMkhttps://youtu.be/nhDXFPQtnMkhttps://youtu.be/nhDXFPQtnMk

Um momento em que a Realidade ganha da Ficção...! / El País



Juiz dos EUA pede ajuda aos filhos dos acusados para perdoá-los

Frank Caprio se tornou uma estrela na internet pela sensibilidade e a compaixão pelos réus

Juiz dos EUA pede ajuda aos filhos dos acusados para perdoá-los
“Quem é o garoto que está contigo?”, pergunta o juiz Frank Caprio ao adulto de pé no tribunal. “Meu filho, Jacob.” O magistrado levanta a mão direita e o cumprimenta. “Vem aqui e me ajude porque tenho problemas com esse caso”, diz ao pequeno. O menino se aproxima e senta no seu colo. O público, surpreendido, não pode conter o riso. “Tenho três opções: cobrar do seu pai uma multa de 90 dólares, 30 dólares ou nada”, explica o juiz ao garoto. “O que você acha que devo fazer?”


Caprio, de 80 anos, não é um ator. É um juiz real, que trabalha desde 1985 num tribunal municipal de Providence (Rhode Island). Os vídeos que chegam de sua sala estão viralizando por sua compaixão. Jacob, muito convencido, responde que a multa ao pai por estacionar o carro em lugar proibido deve ser de 30 dólares. O juiz aceita e lhe pergunta se tomou o café da manhã. “Não”, responde, depois de pensar alguns segundos. “Pois vou fazer um acordo com seu pai. Se ele te levar para tomar algo euperdoarei a multa, mas você terá que pedir muitas coisas.”
O vínculo de Caprio com a comunidade que serve é insólito e excepcional. Ele diz que tenta entender as necessidades dos moradores e as circunstâncias que dominam suas vidas. Admite que tem uma especial sensibilidade com as crianças. Por isso, com bastante frequência pede que os filhos dos acusados lhe façam companhia – como Jacob, que tinha cinco anos quando ocorreu o julgamento. Faz perguntas a eles, pedindo-lhes conselhos para determinar o veredito que considera justo para a família.
Caprio conta que seu avô foi preso uma noite, enquanto jogava baralho com amigos, por causa de uma briga. “Minha avó suplicou ao juiz que não o prendesse, enquanto meu pai pedia desculpas”, relata. O juiz pediu então ao filho que se aproximasse, como Caprio faz agora, e lhe explicou que o mandava de volta para casa com a família porque considerava que o pai era um homem bom; apenas havia tido uma noite ruim. Considerou que era mais importante que continuasse trabalhando para sustentá-los. “Esse juiz teve um profundo impacto em nossas vidas”, admite.
Hoje, Caprio tenta replicar esse gesto de compaixão. Segundo ele, o tribunaldeve ser um lugar amistoso, não de confrontos, e as pessoas tampouco devem ser ridicularizadas por suas ações. Fazer justiça, explica, não deve ser visto como uma espécie de caça das pessoas pelas autoridades. “Estamos lá para ajudar. Não há um dia em que não pense nessa história, especialmente quando há filhos na sala.” Ele comenta que os meninos chegam à corte junto com os pais, como se fossem eles seus protetores, dando-lhes apoio.
Os vídeos de Caprio com seus atores coadjuvantes reais registram milhões de cliques no YouTube. Aos adolescentes que comparecem ao tribunal por multas de tráfico, ele diz que não cobrará o valor se destinarem o dinheiro aos estudos. Caprio acredita que as histórias que chegam da sala têm sucesso na internet porque o público está acostumado a ver, no noticiário e nas séries da TV, que a instituição da Justiça nunca leva em conta as circunstâncias pessoais do acusado.

Charge de Chico Caruso...

A charge de Chico Caruso

Charge (Foto: Chico Caruso)

O mundo hoje é menos inteligente... Javier Marías

Javier Marías: “O mundo hoje é muito menos inteligente” http://flip.it/mm9CZo

Javier Marías: “O mundo hoje é muito menos inteligente”

Em seu novo romance, incerteza do retorno e segredos se entrelaçam em páginas que destilam nostalgia

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

"Você é sócio do caixa três" // Guilherme Fiuza

Você é sócio do caixa três

Depois de abarrotar o caixa eleitoral, as virgens de Lula decidiram proibir a doação das empresas

GUILHERME FIUZA
25/08/2017 - 17h06 - Atualizado 25/08/2017 17h25
O Brasil não falha: a ideia de criar um fundo público (seu dinheiro) para bancar campanhas eleitorais surge no momento em que João Santana (alguém se lembra dele?) pede à Justiça para desbloquear seus bens, porque está sem grana. Deu para entender? O marqueteiro-laranja do maior assalto da história da República está esquecido na prisão, tentando reaver sua fortuna, enquanto o país discute a oferenda de mais R$ 3,6 bilhões para engordar novos marqueteiros eleitorais.

Como isso é possível? Simples: dê uma olhada pela janela de seu computador e veja o Brasil, ao vivo, inflamado em seu despertar cívico, discutindo se o fundo público de financiamento eleitoral é de esquerda ou de direita. Se não for exatamente isso, é algo nessa linha, em geral um pouco mais tolo e surrealista. Se você fosse o João Santana, você faria o mesmo: “Deixa eu aproveitar o recreio intelectual dos idiotas que estão discutindo a ideologia de Adolf Hitler e salvar minha pele”.
Vamos interromper o recreio um minutinho, com todo o respeito à frivolidade geral, para uma lembrança saborosa: essa facada nas costas do contribuinte (você) nasceu – não ria – de um surto ético do PT. Naturalmente um surto ético de mentira, como tudo que provém das almas mais honestas do prostíbulo.
A situação era a seguinte: a Operação Lava Jato fervia, em plena revelação da máfia montada por Lula e Dilma com as maiores empreiteiras do país para roubar a Petrobras e a economia popular, quando o Partido dos Trabalhadores resolve dar seu grito contra o abuso do poder econômico perpetrado pelo capitalismo selvagem. Traduzindo para o português: depois de usar as empresas para abarrotar criminosamente seu caixa eleitoral, as virgens de Lula resolvem proibir a doação eleitoral de empresas – em nome da ética.
Não ficou clara a tradução? Vamos tentar de outra forma: o PT roubou você com o petrolão e vai te roubar de novo com o Orçamento da União. Se ainda não deu para entender, pelo menos rimou.
Podemos continuar essa conversa triste. Mas prometa que você não vai querer discutir se a proibição hipócrita das doações de empresas é de direita ou de esquerda. Hipocrisia não tem ideologia. Rimou de novo – rima pobre, como o espírito de um país que ama polemizar sobre o que não presta. É claro que o poder econômico sempre influenciará eleições – assim como o poder político, o poder cultural, o poder acadêmico, o poder familiar, o poder espiritual etc. Uma estrela de televisão que apoia um candidato está influenciando poderosamente o jogo eleitoral com o capital de sua fama. Não existe capital mais poderoso – e concentrado. Que tal proibi-lo? Nova lei: em ano eleitoral, artista famoso não pode abrir o bico sobre política.
Se você pode fiscalizar a promiscuidade entre artistas e políticos, pode fazer a mesma coisa sobre cartas marcadas entre empresas e partidos. Pode regular limite de gasto, tipo de contrato e condutas em geral – até onde você achar que deve, para controlar o tráfico de influência. Mas isso dá trabalho, então é melhor aderir à demagogia anticapitalista do maior ladrão da República.
Esse proselitismo malandro, supostamente progressista, tem entre seus arautos os heróis carnavalescos de sempre – vários dos quais de toga. Desse Supremo Tribunal Federal que tentou melar o impeachment de Dilma na mão grande, o mesmo que abençoou a tramoia de Janot com Joesley, só se ouvem tiradas espertas em busca de manchetes – tipo o “quero mudar o Brasil, não me mudar do Brasil” de Cármen Lúcia, frase matadora para bolo de aniversário. Sobre a garfada obscena de R$ 3,6 bilhões com a bênção do STF (o companheiro Barroso não falha), nenhuma tirada estilística.
Queridos legalistas ornamentais, onde está a investigação das operações bilionárias do BNDES com o caubói biônico, maior corruptor confesso do sistema político brasileiro, sob a regência do PT? A omissão geral sobre esse esquema pornográfico, protegido pelas flechas de bambu do procurador companheiro, é de esquerda ou de direita?
Até o procurador Deltan, expoente da Lava Jato, resolveu aderir à coqueluche ideológica do jardim de infância. Afinal, o oportunismo é de esquerda ou de direita?
Com a palavra, as viúvas de Adolfo.

"É possível compreender? // Roberto DaMatta

É possível compreender?

Mudamos as leis, mas não preparamos a sociedade para as mudanças por elas requeridas

Roberto DaMatta, O Estado de S.Paulo
06 Setembro 2017 | 02h00
Um dos mistérios das sociedades humanas é a constatação de como os seus membros são (e estão) convencidos de que suas crenças, gestos, comidas, rituais, utopias, ideologias (e tudo o mais que denominamos “estilo de vida”) são óbvios, virtuosos, legais e religiosamente certos. O deles é fantasioso. Mas o nosso é mais do que verdadeiro - é real. 
Além disso, é espantoso descobrir que toda essa tonelagem de valores é invisível aos seus membros. O crente não tem consciência da sua crença. O feitiço é tão grande a ponto de pensarmos que falamos uma língua quando é a língua que nos fala. E só tomamos consciência disso quando nos confrontamos com a aparente algaravia de um outro idioma. O encontro com o outro obriga a perceber a diferença e a diferença é o limite que condena a traduzir e a tentar compreender.
Para o portador da boa-nova e para o crente, o extraordinário é descobrir o tamanho do batalhão de outros crentes que, com crenças diferentes das suas, também formam a humanidade. Esse foi o susto desagradável que a antropologia social deu no eurocentrismo. A tolerância é um hóspede não convidado de um mundo que confunde tecnocracia com sabedoria. 
A diversidade agencia dúvidas, conduz a escolhas e engendra o inimigo capital dos crentes: a liberdade, o ceticismo e o inesperado abraço da compreensão. O caminho da transcendência anunciada por alguns santos, poetas e filósofos. 
Mesmo quando o crente conhece outras crenças, ele não as percebe como alternativas, mas as encara dentro de uma matriz que vai do infantil e do eventualmente divertido até chegar ao “esquisito”. Daí para o errado, o proibido, o censurável, o louco e o abominável, é um passo. 
Mas como toda rigidez contém o seu contrário, só a crença produz descrença. E, assim, toma o infiel como desafiador - o outro absoluto -, como forte ou superior justo porque ele resiste. A religião abolida torna-se feitiçaria; a ideologia reprimida vira virtude, a música censurada é a mais ouvida. E o estrangeiro branquela e louro, engalanado por sotaques, é tido como mais civilizado; enquanto o nosso familiar universo misturado é apresentado como doente e atrasado.
Para o nosso lado permanentemente colonizado, os estrangeiros brancos - os “de fora” - sempre foram superiores. Eles contrastam com os negros africanos e os nativos que, no Brasil, constituem uma ficção chamada de “povo”. Na nossa mitologia, cada qual tem uma cota de poder. 
Mas nenhuma atinge o ideal atribuído aos “brancos”, que reiteram o paradigma clássico segundo o qual o herói civilizador é um superestrangeiro. Só que eles não vieram do céu, como os deuses, mas nos “descobriram”. Assim, imperadores e imperatrizes austríacas que falavam com sotaque, mandavam na multidão de mestiços e negros dominados por costumes tidos como exóticos e atrasados. De um lado, a Corte; do outro, o Brasil...
O modelo de cima e de fora proibia o de dentro, lido como inferior e doente. Aceitamos costumes de fora tanto quanto ignoramos as nossas práticas cotidianas. Tudo o que é de fora é “legal”. Tudo o que é de dentro é visto como “tupiniquim” - como atraso. Daí resulta essa imensa segmentação entre a máquina administrativa, com seus formalismos supostamente civilizados, e o Estado e a sociedade feitos de jeitinhos nos quais se concretiza o mal-estar de uma indisfarçável ilegalidade recorrentemente produzida. Ilegalidade que cresce na medida em que recusamos levar a sério hábitos e estilos de vida e inventamos leis que não podem pegar. De fato, que fazer quando o compadrio e o parentesco puxam para a nomeação do sobrinho, contrariando a regra que criminaliza o nepotismo costumeiro? O administrador público segue a lei até ser capturado pela força das crenças embutidas nos costumes. Achar que costumes mudam com leis é uma crença que, como diz Gilberto Freyre, promove enormes mudanças formais, mas deixa intocados costumes e crenças para os quais essas mudanças foram dirigidas. Mudamos as leis, mas não preparamos a sociedade para as mudanças por elas requeridas. Seria muito melhor diminuir o fervor legalista para dar mais atenção às demandas dos costumes. Pois a sua força só será domesticada quando eles forem reconhecidos, compreendidos e, na medida do bom senso, atendidos.
Enquanto isso não for realizado, vamos continuar a ter Estado e sociedade como inimigos. Cada qual cavando a sepultura do outro como é o caso dessa crise interminável na qual as demandas da amizade se confundem com as responsabilidades dos cargos e poderes. 

Charge de Miguel / blog de Ricardo Noblat

A charge de Miguel

Charge (Foto: Miguel)

A justiça do Brasil está sendo escrita com letras minúsculas...

Juíza solta acusado de ejacular em passageira de ônibus em Recife

Homem foi preso em flagrante e enquadrado pela polícia por estupro, mas promotora e juíza entenderam que crime não se configura por não ter havido ameaça

O vendedor ambulante Tiago Miguel da Silva, de 23 anos, foi preso na terça-feira em Pernambuco suspeito de ter ejaculado em uma passageira do ônibus que faz a linha entre Macaxeira e o Terminal Integrado de Timbi, no município de Camaragibe, região metropolitana do Recife. A mulher está grávida de quatro meses.  Segundo o delegado Ricardo Cysneiros, o caso configura estupro porque houve ameaça à vítima. O homem, no entanto, foi liberado pela Justiça.
De acordo com o delegado, o abuso ocorreu às 19h40 da terça-feira, quando a vítima voltava do trabalho. A operadora de crédito de 27 anos relatou que foi abusada quando o ônibus já havia chegado ao terminal de Timbi. Segundo a vítima, o veículo estava quase vazio, o motorista e o cobrador estavam descendo do veículo. Tiago estava em pé ao seu lado. A mulher relatou que, ao notar um líquido branco em seu braço, olhou para o lado e percebeu que o pênis do homem estava fora da calça.
A vítima informou ao delegado que, ao tentar sair do ônibus, o suspeito se colocou na sua frente e tentou impedi-la de reagir. Ao gritar por socorro, uma senhora teria se aproximado para ajudá-la, e seguranças entraram no ônibus e levaram o homem para a delegacia. “O estupro é [configurado] porque, de certa forma, houve ameaça no momento em que impediu a vítima de sair do ônibus, como também houve contato físico por causa do esperma no braço da vítima”, afirmou o delegado.
Silva negou o crime e disse ao delegado que o líquido sentido pela passageira foi água de uma garrafa que ele segurava. “Mas no momento a garrafa estava em sua mochila, e, como a própria vítima disse, o líquido era um pouco espesso e morno”, disse Cysneiros.  A mulher contou que limpou o braço em um guardanapo antes de chegar à delegacia. O material foi colhido para exame de comprovação de que o líquido seja, de fato, esperma. O prazo para que a análise seja concluída é de 30 dias. Foram solicitadas à empresa de ônibus as imagens de câmeras de segurança.

Justiça

Na manhã desta quarta-feira, em audiência de custódia no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, o homem foi liberado para que responda ao processo em liberdade. A promotora Tathiana Barros Gomes pediu a conversão da prisão em concessão de liberdade provisória, com a adoção de medidas cautelares – ele não poderá mudar de residência ou sair da região metropolitana do Recife por mais de oito dias sem comunicação prévia à Justiça.
A juíza Roberta Barcala Batista Coutinho acatou o pedido porque o réu é primário, registra bons antecedentes e reside no mesmo endereço desde o nascimento. Na decisão, ela afirma que “as razões do decreto preventivo [de prisão] devem se reportar a situações específicas, que indiquem de forma objetiva risco à efetividade do processo e/ou potenciais vítimas de reiteração criminosa. Assim, no presente caso, não seria recomendada a manutenção da prisão com base em critérios subjetivos”.