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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Um filme de mais de 100 anos cumpre seu dever histórico e mostra São Francisco na California! / Coluna de Augusto Nunes

28/12/2013
 às 20:02 \ Feira Livre

Imagens em Movimento: As cenas que antecederam a catásfrofe

tarja-an-melhores-do-ano-2013
PUBLICADO EM 25 DE MAIO
O grande terremoto de 1906 em São Francisco
SYLVIO ROCHA
Na história do cinema, muitas coisas aconteceram por acaso. Foi assim com o filme selecionado para esta semana. Em 14 de abril de 1906, quando saíram por São Francisco para captar as imagens que aparecem no vídeo abaixo, os irmãos Miles não poderiam desconfiar que, quatro dias depois, grande parte daqueles homens e mulheres, ruas, casas e carros seria dizimada por um terremoto de 7.8 na escala Richter, seguido de um incêndio de proporções apavorantes. O filme só sobreviveu às chamas porque, dois dias antes, havia sido enviado à sede da produtora, em Nova York, para ser revelado.
A sequência de imagens começa diante da sede dos estúdios da Miles Brothers. A câmera, colocada na frente de um bonde, acompanha todo o trajeto, num traveling de 11 minutos. A técnica não era grande novidade: o primeiro traveling foi feito em 1896, num filme dos irmãos Lumière, quando o cinegrafista Alexandre Promio, em Veneza, colocou a câmera dentro uma gôndola para filmar um dos canais da cidade italiana.
O filme de São Francisco foi feito para ser exibido nos Hale’s Tours and Scenes of the World, uma das primeiras salas da história do cinema. Eles eram construídos como se fossem uma estação de trem, e a sala se assemelhava a um vagão para aproximadamente 70 pessoas. Os filmes eram curtos e sempre filmados em movimento. Durante a exibição, o vagão tremia, escutavam-se ruídos de freios, era possível sentir o vento soprando no rosto dos “passageiros”, janelas com pinturas que se moviam davam a impressão de que se estava viajando, e um guia mostrava os atrativos do local visitado. Uma experiência grandiosa, muito difundida na época e descrita como um passeio bastante realista. Essas salas desapareceram completamente por volta de 1915.
Em 2005, o filme dos irmãos Miles foi incluído na lista da National Film Preservation Board, ligada à biblioteca do congresso norte americano, e restaurado. O arquivo disponível na internet tem uma qualidade impressionante. A viagem no tempo nos transporta para uma das maiores cidades dos EUA do começo do século 20. Divirtam-se.
Prestem atenção ao filme: é uma aula de democracia...! 
Em cerca de onze minutos vê-se como o povo sabe, melhor, sabia negociar seus movimentos, escolher seus melhores destinos. Fosse um homem, sempre magro e com chapéu, ou as poucas mulheres vistas durante o período do filme, mais algumas crianças sempre elétricas e curiosas em seus passos,.todos tinham um destino e tomavam suas decisões ajustando velocidade, oportunidade de acordo com seus acessórios pessoais ou acessórios materiais como automóvel, charrete, bicicleta ou a própria energia correndo, desviando, dando lugar ao mais veloz, ao mais pesado usando sua inteligência para chegar ao outro lado ou ao outro lugar vazio e ideal para ser ocupado com certo conforto.
Não havia a presença do Estado! Nenhum guarda de trânsito, placas, faixas, desvios físicos... Tudo natural. Todos usando diferentes energias: equina, pessoal, elétrica, fuel energy,
Claro, com o progresso houve necessidade de ajuste. Nessa transição o homem perdeu sua identidade e na Pós-Modernidade tornou-se uma criatura com identificações variadas ornadas por instituições de nomenclaturas ideológicas, comercias, esportivas, religiosas, territoriais. regionais, bairrísticas, físicas (gordo, magro, preto, branco), étnicas, analfabeta, de curso superior... e inúmeras que vão acabar chateando quem conseguiu ler até aqui! E aquele que se sente original e independente coloca um monte de tatuagem para ser reconhecido como um ser cheio de liberdade...
A Democracia hoje perdeu sua naturalidade, sua utopia visceral e deu lugar a Democracia praticada por um partido político ocasional, casual obsequiada por uma eleição, dita democrática que momentaneamente ocupa o lugar de mandatário de decisões cheias de obséquios ideológicos, oportunistas, ilusionistas do ponto de vista da racionalidade...
Os ajustes que ela recebeu para continuar usando o nome DEMOCRACIA foram editados por historiadores, filósofos, sociólogos, jornalistas e outros interessados que usaram o DNA pessoal e o conteúdo sociológico, fisiológico, político, etc que madornam em seus seres produzidos por várias etapas hereditárias de seus pares para traduzir suas (?) convicções para explicar ou usar o carisma da instituição, do  sujeito Democracia para seu projeto político pessoal. Hoje Democracia é um apêndice adjetivado e privado de um currículo e deixou de ser uma verdadeira Instituição de carácter social.
JF