A destruição da Petrobras em uma análise setorial comparativa
Qualquer um que investiu sua poupança nas ações da Petrobras nos últimos anos sabe que as coisas não vão nada bem para a empresa. A estatal tem decepcionado todos aqueles que apostaram em seu crescimento e sua rentabilidade.
A seguir, farei uma análise comparativa da empresa com seus pares do setor, utilizando três indicadores que retratam bem o quadro preocupante em que a Petrobras se encontra atualmente. Explico em maiores detalhes cada um deles após a imagem.
Um dos indicadores mais usados pelas agências de risco e os investidores é a Dívida Líquida sobre o EBITDA. Este é uma medida aproximada da geração bruta de caixa das empresas, antes de impostos, pagamento de juros e desconto da depreciação.
Quando o indicador ultrapassa três vezes, costuma acender uma luz amarela. Significa o seguinte: se a empresa parasse de investir totalmente e não tivesse que pagar mais juros da dívida, ainda assim levaria três anos para honrar todo o estoque de dívida que possui.
A Petrobras chegou nesse patamar. E como podemos verificar, está bem acima das demais do setor, que não chegam a uma vez dívida sobre EBITDA, na média. O agressivo programa de investimentos da estatal fez com que sua alavancagem aumentasse muito. Só que não houve crescimento relevante na produção, e o retorno que a empresa consegue com esses investimentos é muito baixo:
O ROE (Return on Equity) mede a lucratividade da empresa, quanto ela consegue de lucro em relação ao seu patrimônio. Enquanto algumas empresas como a Exxon e a British Petroleum conseguem quase 20% de retorno, e a média do setor está perto de 15%, a Petrobras é o patinho feio, com 8% de retorno apenas.
Com um enorme endividamento em relação ao que gera de caixa, e um retorno tão medíocre, não é de se espantar que o valor de mercado da Petrobras seja o menor em relação ao lucro:
O P/E ratio (ou Preço / Lucro) é a razão entre o valor de mercado da empresa e seu lucro. Quanto maior for o crescimento projetado e a rentabilidade esperada pelos investidores, mais eles estarão dispostos a pagar pela companhia em relação ao seu lucro atual.
O valor de mercado, final, embute as expectativas de lucro à frente. Um P/E muito baixo está sinalizando que a empresa não goza de muita credibilidade perante os investidores. Ela está “barata”, justamente porque se espera baixo crescimento ou destruição de valor no futuro.
A última imagem é, portanto, o resultado das duas primeiras. A Petrobras expandiu demais seu endividamento, e não consegue obter bons retornos. Como consequência disso, perde valor de mercado. É, hoje, a empresa menos valiosa do setor em relação ao lucro.
Se as coisas continuarem nessa toada, com leilão de Libra, preços congelados pelo governo, ineficiência administrativa, escândalos de corrupção, uso político e tudo mais, a destruição de valor vai seguir seu curso. Mas ainda há quem bata no peito com orgulho e diga: “O petróleo é nosso!”
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