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sexta-feira, 10 de agosto de 2018
Inundações na Europa.
Confira o Tweet de @dw_brasil: https://twitter.com/dw_brasil/status/1027944357448564736?s=09
quarta-feira, 1 de agosto de 2018
quarta-feira, 16 de maio de 2018
Armas sob suspeitas de corrupção...
Arma que matou Marielle tem rastro obscuro até a Alemanha
http://p.dw.com/p/2xqRq
terça-feira, 6 de março de 2018
Olha isso. .. Clique no link para ver...
Drone resgata jovens em praia australiana
http://p.dw.com/p/2rB6s
Os políticos que comandam o país têm ficha criminal na Justiça
Temer tem sigilo bancário quebrado pela Justiça
http://p.dw.com/p/2tkcG
Temer tem sigilo bancário quebrado pela Justiça
É a primeira vez que um presidente da República em exercício do mandato tem seus dados abertos. Decisão, tomada por ministro do STF, é parte de inquérito que investiga Decreto dos Portos.
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a quebra do sigilo bancário de Michel Temer. A decisão, divulgada nesta segunda-feira (05/03), foi tomada a pedido da Polícia Federal dentro do inquérito que investiga fraudes na publicação de um decreto do setor portuário. É a primeira vez que um presidente da República é obrigado a revelar seus dados bancários durante o exercício do mandato.
A decisão atinge dados relativos a janeiro de 2013 e junho de 2017. Temer é suspeito de favorecer empresas do setor portuário durante a edição do decreto 9.048, publicado em maio de 2017. Em troca, teria recebido propinas que foram entregues ao seu partido. O inquérito foi aberto a partir da delação da JBS envolve outros personagens do círculo do presidente.
Segundo a revista Veja, o ex-assessor do presidente Rodrigo Rocha Loures e o coronel João Baptista Lila Filho, um amigo de Temer, também foram alvo da mesma decisão sobre quebra de sigilo. Executivos da empresa Rodrimar, concessionária de áreas no porto de Santos, que teria sido favorecida num suposto esquema fraudulento de emissão do decreto, também tiveram os dados levantados. Todos são suspeitos de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro
A investigação foi aberta em setembro do ano passado a pedido do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que já havia denunciado Temer em duas ocasiões durante 2017 por outros casos de corrupção. Recentemente, a sucessora de Janot, Raquel Dodge, decidiu não pedir a quebra do sigilo bancário de Temer no âmbito dessa investigação, mas a Polícia Federal discordou e defendeu o acesso aos dados.
Reação
Em nota, divulgada após a decisão de Barroso, a Presidência da República informou que o presidente Michel Temer vai solicitar ao Banco Central todos os seus extratos bancários.
"O presidente Michel Temer solicitará ao Banco Central os extratos de suas contas bancárias referentes ao período mencionado hoje no despacho do iminente ministro Luís Roberto Barroso. E dará à imprensa total acesso a esses documentos. O presidente não tem nenhuma preocupação com as informações constantes em suas contas bancárias", diz a nota, assinada pela Secretaria Especial de Comunicação Social.
Pouco depois, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o presidente está "indignado” com o fato. "O presidente vai divulgar seus extratos, não tem nada a esconder, mas encontra-se contrariado, e indignado até, por essa decisão que nós consideramos completamente indevida, principalmente pelo fato deste inquérito não possuir base fática alguma para justificar uma medida como essa”.
Em janeiro, ao responder por escrito aos questionamentos dos investigadores do caso, a defesa do presidente Temer declarou que ele nunca foi procurado por empresários do setor portuário para tratar da edição do decreto, tampouco autorizou qualquer pessoa a fazer tratativas em seu nome.
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sexta-feira, 17 de novembro de 2017
O Carvão é persona non grata na Conferência do Clima...
Países formam aliança para abandonar carvão
http://p.dw.com/p/2nkoX
MUNDO
Países formam aliança para abandonar carvão
Liderados por Canadá e Reino Unido, 20 países assinam acordo que incentiva eliminação do carvão como fonte energética. Compromisso, porém, deixa de fora maiores usuários, como China, EUA, Alemanha e Rússia.
Indústria carvoeira na Alemanha – apesar de retórica ambientalista, Berlim não dá sinais de abandonar carvão
Liderados por Canadá e Reino Unido, 20 países lançaram uma nova aliança destinada a incentivar a eliminação do uso de carvão, durante a Conferência do Clima COP23, em Bonn, na Alemanha. Alguns dos signatários, porém, já não fazem uso do carvão como fonte energética.
Sob a aliança (Powering Past Coal Alliance), países, cidades e regiões se comprometem a abdicar da fonte responsável por 40% da energia mundial – o carvão é considerado o principal propulsor do aquecimento global, como fonte de energia que libera a maioria dos gases de efeito estufa.
Ao lado de Canadá e Reino Unido, a lista inclui Angola, Áustria, Bélgica, Costa Rica, Dinamarca, El Salvador, Finlândia, França, Holanda, Ilhas Fiji, Ilhas Marshall, Itália, Luxemburgo, México, Niue (ilha no Pacífico que está vinculada à Nova Zelândia por um acordo de associação), Nova Zelândia, Portugal e Suíça. Além disso, fazem parte do pacto províncias canadenses, a cidade de Vancouver e os estados americanos de Washington e Oregon.
Leia também: Que países fazem mais pelo clima global?
"Este é outro sinal positivo de um impulso global de afastamento do carvão para beneficiar a saúde do clima, da população e da economia", disse Jens Mattias Clausen, da organização ambientalista Greenpeace. "Mas também emite um aviso aos governos que estão atrasados no corte do carvão, ou àqueles que o promovem, que o combustível fóssil mais poluente do mundo não tem futuro."
Suécia e Escócia, juntamente do estado americano da Califórnia e as cidades de Pequim, Berlim e Nova Déli, também afirmaram que eliminarão o carvão como fonte energética, mas não fazem parte da aliança.
"Para atender ao objetivo do Acordo de Paris de ficar abaixo de 2 graus Celsius precisamos eliminar o carvão", disse a ministra do Meio Ambiente e Alterações Climáticas do Canadá, Catherine McKenna, numa coletiva de imprensa em Bonn. "Há também uma urgência – o carvão está literalmente sufocando e matando pessoas. O mercado mudou, o mundo mudou. O carvão não tem volta."
A aliança, que não é juridicamente vinculativa, visa ter ao menos 50 membros na próxima conferência do clima da ONU, que será realizada em 2018, em Katowice, na Polônia – uma das cidades mais poluídas da Europa. Alguns dos maiores usuários de carvão como fonte energética no mundo, como China, Índia, EUA, Alemanha e Rússia não assinaram o acordo.
Aliás, tendências apontam que a atual anfitriã da Conferência do Clima Alemanha (muito devido à projetada saída da energia nuclear) e a Polônia devem manter a indústria carvoeira, enquanto Indonésia, Vietnã e EUA anunciaram planos de expandir suas produções nos próximos anos.
O ritmo lento da saída alemã da energia do carvão dominou esta semana, em Berlim, as negociações de formação de um novo governo alemão.
O lançamento da Powering Past Coal Alliance ocorreu poucos dias depois que funcionários do governo dos EUA, juntamente com representantes de empresas de energia, lideraram um evento paralelo à COP23 para promover "combustíveis fósseis e energia nuclear em mitigação climática".
O evento desencadeou um protesto pacífico de manifestantes contrários ao uso do carvão e aborreceu muitos ministros que trabalham num livro de regras pra a implementação do Acordo de Paris de 2015, que visa afastar a economia mundial de combustíveis fósseis.
O que aconteceria com Paris, Cidade do Cabo, Nova Orleans com o aquecimento global
Como o aquecimento global pode mudar 5 cidades no mundo
http://p.dw.com/p/2nkcU
MUNDO
Como o aquecimento global pode mudar 5 cidades no mundo
ONU alerta que temperatura mundial terá alta de 3,2ºC até 2100. Nova Orleans, Paris, Cidade do Cabo, Daca e Norilsk podem ser particularmente afetadas por fenômenos como tempestades, secas e elevação do nível do mar.
Pouco antes das negociações sobre mudanças climáticas começarem na 23ª Conferência do Clima (COP23) em Bonn, na Alemanha, a ONU alertou que as últimas projeções de aquecimento global apontam uma elevação de 3,2ºC até 2100 – muito acima do objetivo de limitar o aumento da temperatura entre 1,5ºC e 2ºC.
Mas, por trás dos números, quais seriam as consequências de um mundo mais quente? Como diz o próprio nome, o aquecimento global ocorrerá no mundo inteiro, mas os impactos irão variar de um lugar para outro. A DW mostra o que um aumento de 3ºC significaria para cinco cidades mundo afora:
Nova Orleans, EUA: mais tempestades e inundações
Se a temperatura global aumentar 3ºC, o futuro de Nova Orleans será incerto. A relação entre as mudanças climáticas e tempestades está apenas começando a ser entendida, mas o aumento do nível do mar e temperaturas da superfície dos oceanos mais quentes sugerem que a cidade provavelmente experimentará mais eventos meteorológicos semelhantes ao furacão Katrina até o fim do século.
A temporada de furacões excepcionalmente hiperativa em 2017 pode ser um prenúncio preocupante dos eventos climáticos que estão por vir. De acordo com Bridget Tydor, urbanista do Conselho de Esgoto e Água de Nova Orleans (SWBNO), a cidade americana está trabalhando duro na manutenção de diques e no preparo para a remoção de um grande número de pessoas, se necessário.
"Como vimos e aprendemos, a proteção ou mitigação contra desastres não é a única parte do quebra-cabeça", afirma Tydor, que também é membro da delegação americana da Governos Locais por Sustentabilidade (ICLEI) dos EUA que foi à 23ª Conferência do Clima, em Bonn. "Nós também temos que nos adaptar e ter construções e infraestrutura mais sustentáveis para suportar eventos de chuva mais intensos ou até furações."
Paris, França: ondas de calor e poluição
Para lidar com um futuro mais quente, Paris pretende vetar o tráfego de veículos a diesel no centro da cidade
Um aumento de temperatura de 3ºC tornaria as ondas de calor mais comuns – inclusive no local de nascimento do Acordo de Paris. Um estudo recente da World Weather Attribution (WWA) sugere que temperaturas de mais de 40ºC no verão poderiam ser a norma em toda a Europa até 2050.
Grandes cidades como Paris também têm que lidar com a poluição do ar, que é acentuada por ondas de calor prolongadas – e vice-versa. Um estudo de 2017 aponta que, combinadas, ondas de calor e partículas de poluição agravam umas as outras, representando um risco significativo para a saúde humana.
Não precisamos esperar até o fim do século para ver o impacto do tempo quente nos centros urbanos. A França foi especialmente atingida pela onda de calor europeia em 2003, quando Paris registrou uma série de mortes. Mais recentemente, a onda de calor Lúcifer causou calor excessivo no sul da Europa. Paris já está tentando lidar com um futuro mais quente, começando pela proibição de veículos a diesel no centro da cidade, que deve entrar em vigor em 2030.
Cidade do Cabo, África do Sul: seca
À medida que as temperaturas aumentam, o risco de seca segue o mesmo caminho – não apenas nas regiões naturalmente áridas, mas também nas que dependem de chuvas sazonais. A Cidade do Cabo está atualmente em meio à sua pior seca em 100 anos.
Johannes Van Der Merwe, membro do comitê de finanças da prefeitura da cidade na COP23, afirma que a cidade está respondendo à crise atual construindo mais aquíferos e estações de dessalinização, além de restringir o uso da água. Porém, a cidade precisará se adaptar no longo prazo à escassez de água.
"Quando parti da Cidade do Cabo, há cerca de uma semana, os níveis das barragens estavam em 38%", afirmou Van Der Merwe. "Muitas vezes falamos que [esse patamar] é o 'novo normal'."
A crescente população da cidade só tornará as coisas mais difíceis. Atualmente, a região metropolitana da Cidade do Cabo tem 3,7 milhões de habitantes, mas a população está crescendo 3% ao ano. "Você pode ser uma cidade bem governada e segura, mas, se não houver água, então você tem um problema", frisa Van Der Merwe.
Daca, Bangladesh: aumento do nível do mar
Altas taxas de pobreza significam que Daca tem capacidade limitada para se adaptar às mudanças climáticas
Com uma população de 14,4 milhões de pessoas, Daca é a quarta cidade mais densamente povoada do mundo – e um dos lugares mais vulneráveis ao aumento do nível do mar.
Um aumento da temperatura média global de 3ºC faria com que o nível dos oceanos aumentasse de dois a quatro metros nos próximos três séculos. Mas uma análise de 2013 mostra que as marés em Bangladesh estão aumentando pelo menos dez vezes mais rápido que a média mundial, o que deve significar um aumento de quatro metros em 2100. Isso faria com que ao menos 15 milhões de pessoas deixassem áreas rurais mais baixas e se mudassem para cidades como Daca.
Muthukumara S. Mani, economista do departamento de desenvolvimento sustentável para o Sul da Ásia do Banco Mundial, identificou áreas que se tornarão "pontos cruciais" de mudanças climáticas nas próximas décadas.
"Definitivamente, Daca é muito vulnerável às mudanças climáticas e precisa estar preparada", afirmou Mani à DW. "O que acontecerá em Daca também dependerá muito do que acontecerá em outros lugares de Bangladesh. Se as coisas começarem a piorar, as pessoas começarão a migrar para Daca, e isso vai piorar a situação", frisou a especialista.
Daca está situada apenas quatro metros acima do nível do mar, e altas taxas de pobreza significam que a cidade tem capacidade limitada para se adaptar às mudanças climáticas. "É difícil planejar com antecedência, considerando os recursos limitados que o governo tem agora", afirma Mani.
Norilsk, Rússia: derretimento do permafrost
Cidades construídas sobre o permafrost, como Norilsk, na Rússia, poderão desmoronar devido ao aquecimento global
O derretimento do permafrost é um sintoma frequentemente ignorado das mudanças climáticas, mas seus impactos já estão sendo sentidos em algumas cidades do mundo localizadas mais ao norte.
Um estudo de 2016 aponta que cidades na Sibéria construídas sobre o permafrost – solo ou sedimento congelado por mais de dois anos consecutivos – estão em perigo de, literalmente, entrar em colapso devido ao aquecimento global.
Norilsk, na Rússia – a cidade mais ao norte do mundo e que tem uma população de mais de 100 mil habitantes – está situada em uma zona de permafrost contínua. Estudos demonstraram que as temperaturas na Rússia ártica estão aumentando mais rapidamente que no resto do mundo.
No ritmo atual, pode ser que os edifícios em Norilsk consigam suportar de 75% a 95% menos peso até os anos 2040. Os moradores já estão relatando um aumento súbito de danos e rachaduras nos prédios à medida que o solo sobre eles se descongela.
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Clima é um assunto universal e delicado / DW Brasil
Fiji, um paraíso em perigo
http://p.dw.com/p/2nM64
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
A Diversidade pode ser pragmática em situações de guerra
"Hitler era bastante islamófilo"
http://flip.it/SI1x0Q
ALEMANHA
"Hitler era bastante islamófilo"
Em entrevista à DW, historiador destaca simpatia do líder nazista pelo islã, o qual ele considerava uma religião de guerreiros. Dezenas de milhares de muçulmanos lutaram ao lado das tropas alemãs na Segunda Guerra.
Aliados islâmicos como o grão-mufti de Jerusalém, Amin Al-Husseini (esq.), teriam partilhado ódio de Hitler contra os judeus
Nazistas e muçulmanos colaboraram militarmente durante a Segunda Guerra Mundial. Dezenas de milhares de muçulmanos bósnios, albaneses e de outras etnias combateram ao lado das tropas nazistas. Até que ponto foi essa parceria? Ela foi impulsionada por um antissemitismo comum a ambos os lados, ou havia motivações pragmáticas mais fortes?
Em entrevista à DW, o historiador David Motadel, professor de História Internacional na London School of Economics e autor do recém-lançado Für Prophet und Führer. Die islamische Welt und das Dritte Reich (Pelo Profeta e o Führer. O mundo islâmico e o Terceiro Reich), destaca que Adolf Hitler e outros nazistas tinham simpatia pelo islã como religião de guerreiros.
"Minha tese é que por trás da política alemã para o islã estavam, acima de tudo, motivos práticos, pragmáticos", afirma o historiador sobre esse capítulo pouco explorado da Segunda Guerra.
Deutsche Welle: Seu livro Für Prophet und Führer fala da política para o islã adotado pelo regime nazista. Como exatamente era essa política?
David Motadel: "Propagandistas alemães politizavam textos religiosos como o Alcorão ou o conceito de jihad"
David Motadel: No ápice da Segunda Guerra Mundial, em 1941, 1942, quando as tropas alemãs invadiram territórios de população muçulmana nos Bálcãs, Norte da África, Crimeia e Cáucaso, Berlim começou a perceber que o islamismo tinha significação política. Passo a passo, o regime nazista passou a recrutar muçulmanos como aliados e incitá-los à luta contra inimigos supostamente comuns – por exemplo, o Império Britânico, a União Soviética, os Estados Unidos e os judeus.
Nas regiões fronteiriças com população islâmica, os alemães organizaram propaganda religiosa de amplo alcance, a fim de apresentar o "Terceiro Reich" como protetor do islã. Além disso, já desde o início de 1941, pouco antes da invasão do Norte Africano, a Wehrmacht distribuía entre seus soldados o panfleto O islã, com o fim de instruí-los sobre como lidar com os muçulmanos locais.
No front oriental, na Crimeia e no Cáucaso, onde, antes da guerra, Stalin reprimira brutalmente o islã, os ocupadores alemães reergueram mesquitas e escolas do Alcorão, na esperança de assim minar o domínio soviético. Os propagandistas alemães politizavam textos religiosos como o Alcorão ou o conceito de jihad, a assim chamada "guerra santa", a fim de instigar os muçulmanos à violência religiosa contra os Aliados.
Outro aspecto foi o recrutamento pela Wehrmacht e a SS de dezenas de milhares de voluntários muçulmanos, a partir de 1941. Tratava-se principalmente de bósnios, albaneses, tártaros da Crimeia e muçulmanos do Cáucaso e da Ásia Central.
Que fins perseguia o regime nazista com esse recrutamento de muçulmanos?
As motivações dessa política eram diversas: por um lado, em muitas zonas em que combatiam, as tropas alemãs eram confrontadas com uma população islâmica. Ao mesmo tempo, no fim de 1941 a situação militar piorou, procurava-se compensar as perdas de soldados alemães no front oriental. Aí, soldados muçulmanos foram mobilizados em todos os fronts. Eles lutaram em Stalingrado e Varsóvia, e até mesmo na defesa de Berlim.
Faziam-se muitas concessões religiosas aos recrutas, permitindo-se práticas e rituais religiosos, como a oração e o abate religioso [halal]. Em 1933 os nazistas haviam proibido o abate religioso [kosher] por razões antissemíticas, mas voltaram a liberá-lo em 1941 para os soldados islâmicos. Os imames militares desempenhavam um papel especial nas tropas, sendo responsáveis não só pelo acompanhamento religioso dos recrutas, como também por sua doutrinação política.
É muito difundida a noção de que os muçulmanos teriam se colocado do lado dos nazistas durante a época nacional-socialista por se sentirem ligados a eles através do antissemitismo. Também por esse motivo os nazistas teriam se aproximado dos muçulmanos. O que há de verdade nessa narrativa?
Na propaganda, sobretudo no mundo árabe, os temas antissemíticos naturalmente tinham um papel importante – assim como na propaganda alemã para o exterior, em geral. Isso estava frequentemente ligado a ataques à migração sionista para a Palestina. Esse se tornou um tema importante no mundo árabe, no período entre as duas guerras mundiais.
Do lado muçulmano, não se pode generalizar. Alguns aliados islâmicos do regime nacional-socialista, em especial o grão-mufti de Jerusalém, Mohammed Amin Al-Husseini, partilhavam o ódio dos nazistas contra os judeus. Nas regiões de guerra propriamente ditas – nos Bálcãs, Norte da África ou nos territórios do Leste Europeu –, a situação era mais complicada: em muitas dessas áreas, muçulmanos e judeus haviam convivido por muito tempo. E em alguns casos os muçulmanos ajudaram judeus a se esconderem dos alemães.
Que lucro os muçulmanos que simpatizavam com os alemães esperavam ter, colaborando com eles?
Não se pode generalizar a reação dos muçulmanos diante dos invasores alemães nas zonas de guerra. Na Líbia, por exemplo, onde durante anos a população sofrera sob um regime colonial italiano brutal, as tropas ítalo-alemãs foram recebidas com relativa frieza. Na União Soviética, foi mais fácil.
Entre os muçulmanos que lutaram ativamente nas forças alemãs, a maioria não tinha motivações religiosas, mas antes materiais. Muitos tinham sido recrutados nos campos de prisioneiros de guerra: eles queriam, antes de tudo, escapar da fome e das pestes nos alojamentos. Muitos simplesmente esperavam que um uniforme alemão lhes permitisse sobreviver à guerra.
Heinrich Himmler, comandante da SS, dizia que o islã era "uma religião prática e simpática para soldados". Os nacional-socialistas realmente aprenderam algo com o islã? Ou os muçulmanos não passaram de meios para alcançar um fim?
Minha tese é que por trás da política alemã para o islã estavam, acima de tudo, motivos práticos, pragmáticos. No entanto, procede que alguns líderes nazistas, sobretudo Hitler e Himmler, eram bastante islamófilos e manifestaram repetidamente sua simpatia pelo islã. Toda vez que Hitler criticava a Igreja Católica, nos anos da guerra, ele contrapunha o islã como exemplo positivo.
Enquanto condenava o catolicismo como religião fraca, debilitada, afeminada, ele louvava o islã como religião de guerreiros, forte e agressiva. Esse tópos foi repetidamente retomado por outros líderes do nazismo. No geral, porém, o que estava por trás da política alemã relativa ao islã eram considerações estratégicas, e não concepções ideológicas.
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Escolha do Brasil pode ser considerada inadequada
De olho no petróleo, Brasil pode deixar clima de lado
http://flip.it/dDpK-A
BRASIL
De olho no petróleo, Brasil pode deixar clima de lado
Na COP23, Sarney Filho classifica de "retrocesso" proposta que prevê subsídios para petroleiras, e críticos afirmam que tentativa de acelerar exploração do pré-sal não se alinha a esforços de descarbonizar o planeta.
Enquanto representantes de mais de 190 países discutem na 23ª Conferência do Clima (COP23), em Bonn, na Alemanha, como fazer a transição para uma economia com fontes de energia limpa para evitar uma catástrofe climática, uma proposta que oferece subsídios à indústria do petróleo segue com regime de urgência na Câmara dos Deputados, em Brasília.
A Medida Provisória 795, em tramitação, livraria empresas de pagar diversos impostos no país. Na prática, o governo abriria mão de arrecadar mais de 1 trilhão de reais para incentivar atividades da indústria apontada como maior fonte de poluição do planeta.
Em Bonn, José Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente, criticou a proposta. "Há várias tentativas de retrocessos. Vamos ficar atentos para que elas não se realizem", declarou nesta segunda-feira (13/11). Para o ministro, a MP 795 seria uma "volta ao passado".
Sarney lidera a delegação brasileira na COP23. A rodada de negociações internacionais tenta formatar um guia prático para aplicar o Acordo de Paris, assinado em 2015. A principal meta é frear as emissões de gases do efeito estufa, que aceleram as mudanças climáticas. E quando se fala em emissões, uma fonte é imbatível na liderança: a indústria do petróleo.
Até o fim do ano, o governo planeja fazer quatro leilões de blocos exploratórios no pré-sal. A reserva de petróleo na costa do Atlântico é a maior descoberta de combustível fóssil feita nas últimas décadas, com um volume estimado em 176 bilhões de barris.
Enquanto na linguagem financeira, os subsídios ao setor, como propõe a MP 795, custariam aos cofres públicos mais de 1 trilhão de reais, na linguagem das mudanças climáticas, esse petróleo significaria 74,8 bilhões de toneladas de carbono equivalente (tCO2eq) na atmosfera.
Para limitar o aquecimento da temperatura em até 1,5˚C, meta do Acordo de Paris, o planeta pode receber uma carga limitada de CO2 em sua atmosfera até 2100. O volume de dióxido de carbono que o Brasil emitiria queimando o petróleo do pré-sal equivale a 18,5% desse total.
"O Brasil chegou a Bonn falando em acelerar a ação climática e cobrando mais ambição de outros países. O governo brasileiro dá agora uma sinalização totalmente na contramão disso, na contramão para implementarmos o Acordo de Paris", critica Carlos Rittl, do Observatório do Clima.
Pesos decisivos
Com uma delegação de negociadores climáticos respeitada em Bonn, o Brasil tem dois pesos decisivos na balança mundial de carbono: o pré-sal e a Floresta Amazônica. Mais do que a queima do petróleo, o desmatamento da floresta foi responsável pela subida em 9% das emissões brasileiras no ano passado. Por isso, as políticas nessas áreas repercutem na Conferência do Clima.
A tentativa de acelerar a exploração do pré-sal não se alinha ao esforço das equipes diplomáticas em Bonn para descarbonizar o mundo, opina Maurício Voivodic, da WWF Brasil.
Na COP23, Schwarzenegger disse que conseguiu apoio popular para barrar investimentos na indústria fóssil ao mostrar que a poluição mata
"Em vez de subsidiar quase 1 trilhão de reais, [o Brasil] deveria taxar mais o carbono que está no solo. Taxar o petróleo que está enterrado permitiria investir em fontes renováveis, como solar e eólica", avalia.
A alternativa seria desacelerar a velocidade de extração do petróleo e direcionar o imposto arrecadado para as fontes limpas, que não despejem mais CO2 no ambiente. "É o que os negociadores aqui discutem", complementa Voivodic.
Dilema da escolha
Arnold Schwarzenegger disse ter enfrentado algo parecido quando governou a Califórnia. Em sua passagem pela COP23, num painel com lideranças políticas dos Estados Unidos que tentam reagir à saída de Donald Trump do Acordo de Paris, Schwarzenegger contou como conseguiu apoio popular para barrar investimentos na indústria fóssil e investir em energia renovável: mostrou que a poluição mata.
A Alemanha, que sedia a COP23, vive dilema semelhante. A meta ambiciosa do país de cortar suas emissões em 40% até 2020 não será atingida, segundo um estudo publicado em setembro. Embora as fontes renováveis estejam em expansão, a Alemanha ainda depende do carvão, altamente poluente.
O Brasil também terá que fazer uma escolha, aponta Marcio Astrini, do Greenpeace. E ela pode afetar a capacidade de negociação do país na COP.
"Está claro que as pessoas que governam o Brasil não se importam com as negociações que acontecem aqui. Para elas, em Brasília, o debate climático parece dispensável", criticou.
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sexta-feira, 3 de novembro de 2017
Armas de proteção ou invasão ?
EUA demonstram força antes de visita de Trump à Ásia
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sábado, 14 de outubro de 2017
Natureza bem tratada devolve benefícios à cidade
Natureza em foco no planejamento urbano de três metrópoles brasileiras
http://p.dw.com/p/2jNW1
MEIO AMBIENTE
Natureza em foco no planejamento urbano de três metrópoles brasileiras
Com ajuda de projeto internacional financiado pelo governo alemão, Campinas, Belo Horizonte e Londrina pretendem evitar crises hídricas, alimentar a população sem agredir o meio ambiente e otimizar uso do solo.
Belo Horizonte: Interact-Bio pretende fortalecer biodiversidade e ecossistemas essenciais para assegurar serviços urbanos
O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta, com pelo menos 20% das espécies existentes e 30% das florestas tropicais do mundo. Mas na hora de integrar políticas de conservação e sustentabilidade ao planejamento urbano, o país está longe de ser exemplo. Um novo projeto liderado pela associação internacional Iclei - Governos Locais pela Sustentabilidade e financiando pela Alemanha busca reverter essa lógica e colocar a natureza em foco em três regiões metropolitanas brasileiras.
Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Londrina (PR) foram escolhidas para participar do projeto, chamado Interact-Bio e que deve trazer investimentos, ações estratégicas para o meio ambiente, trocas de experiências e capacitações técnicas para as regiões. Com isso, a meta é não simplesmente preservar a natureza, mas também resolver problemas urbanos bem específicos com ajuda dos recursos naturais.
Leia mais: Por que a Amazônia é vital para o mundo?
O projeto, com duração de quatro anos, conta com investimento de 6 milhões de euros, provenientes do Ministério Federal Alemão do Meio Ambiente, Proteção da Natureza, Construção e Segurança Nuclear (BMUB). Além do Brasil, a iniciativa será simultaneamente realizada em três regiões da Índia e três da Tanzânia, outros países conhecidos por sua biodiversidade.
Crise hídrica
Campinas, escolhida como região modelo no Brasil, foi palco da crise hídrica que atingiu o Sudeste em 2014, com impactos econômicos e de fornecimento para a população, que teve que recorrer ao chamado volume morto dos reservatórios. Causada principalmente pela escassez de chuvas, a situação também foi agravada por componentes locais.
Um levantamento da SOS Mata Atlântica constatou na época que apenas 21,5% das áreas do Sistema Cantareira continham cobertura vegetal. A falta de vegetação causou erosão e assoreamento, que reduzem a capacidade do sistema de armazenar água, complicando ainda mais o problema, segundo o secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Menezes.
A cidade está agora trabalhando para religar fragmentos de áreas verdes em seu território por corredores ecológicos, recuperando áreas de preservação permanente, de nascentes e matas ciliares. O Plano Municipal do Verde de Campinas prevê, até 2026, recuperar 280 quilômetros de corredores ecológicos e 1.590 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Para ajudar a resolver problemas maiores, como o da gestão hídrica, Campinas quer que todos os municípios da região também insiram a biodiversidade no planejamento regional de longo prazo quando realizarem seus planos diretores. O Interact-Bio vai ajudar a articular essa interação.
"Aqui a gente sabe de quantas mudas precisamos, que áreas são essas, se são públicas ou privadas. E pedimos compensações ambientais de empresas na aprovação de novos empreendimentos. Mas não é só Campinas que precisa fazer isso, são 20 cidades na região–, afirma Menezes. "Hoje há uma articulação de planejamento muito frágil dentro das regiões metropolitanas. Os municípios cresceram e foram emendando um no outro."
Segurança alimentar
No caso de Belo Horizonte, o Interact-Bio contribuirá com a busca de soluções para a segurança alimentar da população. O fornecimento de alimentos na capital de Minas Gerais depende de municípios ao redor, onde o tecido urbano está avançando sobre áreas destinadas à agricultura, que por sua vez avançam sobre áreas naturais.
"A gente precisa descobrir como dar conta de alimentar a população de uma maneira que não seja agressiva ao meio ambiente", diz a analista de políticas públicas da Secretaria de Meio Ambiente de Belo Horizonte e uma das coordenadoras do projeto na cidade, Ana Maria Caetano.
Uma das soluções para locais onde a natureza está ameaçada pode ser, por exemplo, um processo de urbanização planejada, com a implementação de hortas familiares e proteção de cursos d'água e matas. Outros problemas são como preservar a biodiversidade no espaço urbano e lidar com os efeitos das mudanças climáticas, que têm provocado o aumento de ondas de calor.
"O projeto vai alinhavar uma série de ideias e ações que já existem, cada uma na sua caixinha", englobando outras cidades na região como Betim, conta Ana Maria. A terceira metrópole brasileira escolhida pelo projeto, Londrina, planeja tratar de questões relativas ao uso do solo com o Interact-Bio.
Governos locais fortalecidos
De acordo com Sophia Picarelli, coordenadora do projeto no Iclei – associação que conecta mais de 1.500 governo de cidades e estados em mais de 100 países –, o objetivo é promover um olhar mais aguçado dos governos locais para o potencial da gestão local da biodiversidade. Com isso, a ideia é ajudar o Brasil a alcançar as Metas de Aichi para a Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010.
A conversa vai ser fomentada entre diferentes níveis de governo para que as metas globais sejam traduzidas para questões práticas. Em um momento em que o governo federal tem sido criticado por ambientalistas, a iniciativa representa uma oportunidade de explorar melhor o potencial dos governos locais.
"É onde ocorrem atribuições que esperamos que se mantenham quanto ao licenciamento ambiental, uso e ocupação do solo, medidas de fiscalização, monitoramento e a potencial conectividade de fragmentos de mata. Esse protagonismo deve receber cada vez mais força", afirma Picarelli.
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