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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Um estudo de sociologia para fatores do momento histórico do Brasil


ferreira gullar

 

30/12/2012 - 03h01

Me engana que eu gosto

DE SÃO PAULO

Muitos de vocês, como eu também, hão de se perguntar por que, depois de tantos escândalos envolvendo os dois governos petistas, a popularidade de Dilma e Lula se mantém alta e o PT cresceu nas últimas eleições municipais. Seria muita pretensão dizer que sei a resposta a essa pergunta. Não sei, mas, porque me pergunto, tento respondê-la ou, pelo menos, examinar os diversos fatores que influem nela.
Assim, a primeira coisa a fazer é levar em conta as particularidades do eleitorado do país e o momento histórico em que vivemos. Sem pretender aprofundar-me na matéria, diria que um dos traços marcantes do nosso eleitorado é ser constituído, em grande parte, por pessoas de poucas posses e trabalhadores de baixos salários, sem falar nos que passam fome.
Isso o distingue, por exemplo, do eleitorado europeu, e se reflete consequentemente no conteúdo das campanhas eleitorais e no resultado das urnas. Lá, o neopopulismo latino-americano não tem vez. Hugo Chávez e Lula nem pensar.
Historicamente, o neopopulismo é resultante da deterioração do esquerdismo revolucionário que teve seu auge na primeira metade do século 20 e, na América Latina, culminaria com a Revolução Cubana. A queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética deixaram, como herança residual, a exploração da desigualdade social, já não como conflito entre o operariado e a burguesia, mas, sim, entre pobres e ricos. O PT é exemplo disso: nasceu prometendo fazer no Brasil uma revolução equivalente à de Fidel em Cuba e terminou como partido da Bolsa Família e da aliança com Maluf e com os evangélicos.
Esses são fatos indiscutíveis, que tampouco Lula tentou ocultar: sua aliança com os evangélicos é pública e notória, pois chegou a nomear um integrante da seita do bispo Macedo para um de seus ministérios. A aliança com Paulo Maluf foi difundida pela televisão para todo o país. Mas nada disso alterou o prestígio eleitoral de Lula, tanto que Haddad foi eleito prefeito da cidade de São Paulo folgadamente.
E o julgamento do mensalão? Nenhum escândalo político foi tão difundido e comprovado quanto esse, que resultou na condenação de figuras do primeiro escalão do PT e do governo Lula. Não obstante, o número de vereadores petistas aumentou em quase todo o país.
E tem mais. Mal o STF decidiu pela condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, estourava um novo escândalo, envolvendo, entre outros, altos funcionários do governo, Rose Noronha, chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo e pessoa da confiança e da intimidade de Lula.
Em seguida, as revelações feitas por Marcos Valério vieram demonstrar a participação direta de Lula no mensalão. Apesar de tudo isso, a última pesquisa de opinião da Datafolha mostrou que Dilma e Lula continuam na preferência de mais de 50 % da opinião pública.
Como explicá-lo? É que essa gente que os apoia aprova a corrupção? Não creio. Afora os que apoiam Lula por gratidão, já que ele lhes concedeu tantas benesses, há aqueles que o apoiam, digamos, ideologicamente, ainda que essa ideologia quase nada signifique.
Esse é um ponto que mereceria a análise dos psicólogos sociais. O cara acha que Lula encarna a luta contra a desigualdade, identifica-se com ele e, por isso, não pode acreditar que ele seja corrupto. Consequentemente, a única opção é admitir que o Supremo Tribunal Federal não julgou os mensaleiros com isenção e que a imprensa mente quando divulga os escândalos.
O que ele não pode é aceitar que errou todos esses anos, confiando no líder. Quando no governo Fernando Henrique surgiu o medicamento genérico, os lulistas propalaram que aquilo era falso remédio, que os compridos continham farinha. E não os compravam, ainda que fossem muito mais baratos. Esse tipo de eleitor mente até para si mesmo.
Não obstante, uma coisa é inegável: os dirigentes petistas sabem que tudo é verdade. O próprio Lula admitiu que houve o mensalão ao pedir desculpas publicamente em discurso à nação.
Por isso, só lhes resta, agora, fingirem-se de indignados, apresentarem-se como vítimas inocentes, prometendo ir às ruas para denunciar os caluniadores. Mas quem são os caluniadores, o Supremo Tribunal e a Polícia Federal? Essa é uma comédia que nem graça tem.
Ferreira Gullar
Ferreira Gullar é cronista, crítico de arte e poeta. Escreve aos domingos na versão impressa de "Ilustrada".

    quarta-feira, 12 de setembro de 2012

    SUS é um "eterno me engana que eu gosto"

    http://revistaepoca.globo.com/Saude-e-bem-estar/cristiane-segatto/noticia/2012/08/uma-novata-no-sus.html

    CRISTIANE SEGATTO - 24/08/2012 14h47 - Atualizado em 24/08/2012 14h47
    TAMANHO DO TEXTO

    Uma novata no SUS

    Ela tinha um dos melhores planos de saúde. O que uma paulistana descobriu ao ficar desempregada e precisar da saúde pública

    CRISTIANE SEGATTO

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    CRISTIANE SEGATTO  Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato é cristianes@edglobo. (Foto: ÉPOCA)
    O horário eleitoral começou. E, com ele, o desfile de promessas para consertar o sistema de saúde. Todos os candidatos explorarão o assunto ao máximo. Sabem que essa é hoje a maior preocupação dos brasileiros. Em entrevista a um telejornal, um dos candidatos à prefeitura de São Paulo apresentava propostas. A coordenadora de marketing Christiane Marie Millani, 37 anos, acompanhava interessada.
    Não se conteve quando ouviu o político mencionar siglas açucaradas como AME, AMA e afins. Correu ao computador e decidiu me procurar. Queria contar sua viagem pelos labirintos do SUS. Uma viagem ilógica para quem não está acostumada à saúde pública, mas bem conhecida de quem não tem outra opção.
    Christiane é novata no sistema. Há pouco mais de um ano tinha um emprego invejável. Formada em processamento de dados, com MBA na Fundação Getúlio Vargas e cursos nos Estados Unidos, ela trabalhava num banco de investimentos. Entre os benefícios da empresa, tinha um plano de saúde Omint, frequentemente apontado por clientes e médicos como um dos melhores do Brasil.
    Em 2011, Christiane foi demitida, perdeu o namorado com quem pretendia se casar e enfrentou a separação dos pais. Os problemas de saúde não tardaram a aparecer, justamente no momento em que perdeu o direito ao convênio médico. Teve depressão. Com ela, uma enorme dificuldade para conseguir fazer psicoterapia ou receber atendimento psiquiátrico de emergência nos momentos de crise. Descobriu, por experiência própria, o tamanho do buraco em que se encontram os programas de saúde mental no Brasil.
    Nesta semana, a queixa de Christiane era relativamente simples. Exatamente por isso, ela é reveladora do grau de desorganização em que a saúde pública se encontra. Christiane sofre de dores crônicas nos joelhos, provocadas por desgaste na cartilagem.
    Depois de passar três meses numa fila de espera, a moça conseguiu ser atendida por um ortopedista. O médico recomendou que ela fizesse dez sessões de fisioterapia. A paciente entrou em outra fila de espera. Quase três meses se passaram para que conseguisse iniciar o tratamento.
    O trabalho surtiu efeito, mas a fisioterapeuta recomendou que ela fizesse ao menos trinta sessões. Quem já fez fisioterapia sabe que o sucesso do tratamento depende do trabalho contínuo. Não adianta fazer poucas sessões, parar e retomar o trabalho sabe-se lá quando.
    Preocupada com isso, Christiane tentou agendar consulta com o ortopedista antes que as dez sessões se esgotassem. A última sessão foi realizada hoje (24/08). O que ouviu? “Consulta só no dia 23 de outubro”. Ou seja: teria que esperar dois meses para pegar um papel, uma guia na UBS Dr. Ítalo Domingos Le Vocci, na Mooca. E depois entrar em nova fila de três meses de espera para continuar a fisioterapia no Hospital Sepaco, no Ipiranga. Se tivesse sorte, conseguiria continuar o tratamento depois do Ano Novo.
    Se ficasse quieta, Christiane perderia o ganho de saúde que teve, o SUS jogaria o dinheiro dos contribuintes no lixo e, quando o quadro dela estivesse bem pior, voltaria ao sistema. Precisaria fazer um tratamento mais caro, ficaria impossibilitada de trabalhar e, de novo, todos nós pagaríamos a conta.  
    A paciente tentou todos os caminhos oficiais para ver seu problema resolvido. Telefonou para a Ouvidoria do SUS. Ninguém atendia. Com dores no joelho, foi pessoalmente até o prédio que fica no centro da cidade. “A atendente me respondeu que era assim mesmo, que o prazo de espera era normal e que não podiam fazer nada”, diz Christiane.
    Inconformada, ela procurou a Ouvidoria do município. Disseram que a única coisa que poderiam fazer era protocolar uma reclamação contra o atendimento e posicionamento da Ouvidoria do SUS. “Parece piada. Se nem as ouvidorias resolvem, como ficam as pessoas que têm problemas mais graves que o meu?”, diz Christiane.
    Foi aí que ela resolveu me procurar. Enxergou a imprensa como seu último recurso. Encaminhei a reclamação dela à Secretaria Municipal de Saúde e fui informada de que a consulta com o ortopedista foi agendada. Em prazo recorde: no dia 28 de agosto (daqui a três dias úteis!), Christiane será atendida pelo médico.
    Em vez de três meses, a paciente terá de esperar três dias. Essa história não demonstra apenas a desorganização do sistema. Demonstra também que ele é injusto. Muito injusto, embora tanta gente ainda se iluda com a ideia de que o atendimento no SUS é universal e irrestrito.
    Christiane foi atendida porque possui algo que é artigo de luxo de Brasil: educação. É instruída, crítica, capaz de montar uma planilha detalhada de suas idas e vindas por inúmeras unidades de saúde paulistanas desde que ficou desempregada. É capaz de escrever um longo email e de se expressar oralmente com clareza. Conhece seus direitos e teve a iniciativa de procurar a imprensa.Fico feliz em saber que ela será atendida, mas triste ao constatar que milhares, milhões de outros não terão a mesma chance porque não puderam estudar.O SUS foi uma conquista belíssima. É um tremendo instrumento de inclusão social, mas nenhum governo, nenhum partido foi capaz de fazê-lo funcionar como a lei manda. Para melhorá-lo é preciso ter mais dinheiro e saber gastar melhor. É preciso definir quais tratamentos o sistema público deve bancar e quais ele não deve bancar. E, depois disso, garantir que as regras sejam as mesmas para todos os cidadãos.
    É uma conversa dura, impopular, mas acho que alguém terá de assumir o ônus político de dizer que não é possível dar tudo (todo e qualquer tipo de tratamento) a todos. Em ano eleitoral, os políticos fogem das discussões duras, porém necessárias. Preferem afirmar que é possível dar tudo a todos, melhorar as coisas com um ajuste aqui e acolá.
    Prometem, prometem, prometem. Fingem que o orçamento da saúde é um saco sem fundo. O povo prefere repetir eternamente que “se os políticos pararem de roubar, vai sobrar dinheiro para a saúde”. A questão é bem mais grave. No mundo todo, os sistemas de saúde estão se tornando insustentáveis. O nosso não é exceção.
    Não acredito que as dificuldades de acesso a atendimento básico sejam decorrentes apenas de problemas de gestão. Em muitas situações, os funis me parecem criados de forma intencional. Dificultar o acesso da população ao sistema é uma forma de conter custos ou de fazer o que é possível sem estourar o orçamento. Enquanto não aceitarmos que a questão central da saúde é o financiamento dela e que talvez não seja possível dar tudo a todos, vamos continuar neste eterno “me engana que eu gosto”.
    E você? Teve alguma dificuldade para conseguir atendimento médico? Acha que a saúde brasileira tem solução? Conte pra gente. Queremos ouvir sua opinião.
    (Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras)  

    sábado, 18 de agosto de 2012

    Julgamento do Mensalão = 'Me engana que eu gosta'

    http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2012/08/mensalao-me-engana-que-eu-gosto.html

    sábado, agosto 18, 2012

    MENSALÃO: ME ENGANA QUE EU GOSTO!

    Um diretor carrega mais de 300 000 reais em dinheiro vivo e não sabe o conteúdo do pacote. Uma dona de banco é apenas uma alma de bailarina num corpo de banqueira. Uma mulher contrata um carro forte por ter verdadeiro pavor em sair de uma agência bancária com maços de real.

    Esses argumentos fazem parte da extensa lista de versões apresentada por mais de 30 advogados durante o julgamento mensalão. De credibilidade duvidável, foram evocados para tentar livrar os 37 réus de crimes como corrupção, peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

    Para o time de advogados, estrelado pela elite de criminalistas do país, o mensalão não existiu. As conversas sobre distribuição de dinheiro não passaram de uma reunião para degustar “uma cachacinha bem pequenininha” ou acertar o recebimento de valores do caixa dois do PT, operado por Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido na época. Clique AQUI para ver o infográfico "me engana que eu gosto"