Santos Futebol Clube: 100 anos, dez partidas, um rei
O centenário do clube onde jogou o maior de todos contado a partir dos jogos que definiram a sua história - dos tempos de Pelé ao começo da era de Neymar
Vítor, sofrendo um gol de pênalti da Portuguesa, no Campeonato Paulista, no Pacaembu - Ronaldo Rotscho
Quando um grande clube comemora seus cem anos, uma nação de torcedores celebra a ocasião. Quando o centenário é do Santos, porém, a festa é do futebol. Afinal, nem mesmo as torcidas que já viveram momentos dolorosos por causa dele - e não faltam vítimas do clube paulista, espalhadas pelo Brasil e pelo mundo - conseguem escapar do fascínio causado pela equipe. O uniforme branco, simples e belíssimo; o pequeno e lendário estádio, um templo de peregrinação para qualquer amante do futebol; o elenco de heróis com uma lista de craques que faz inveja a qualquer outra agremiação - não faltam razões para reservar ao Santos um lugar à parte na galeria das grandes equipes do esporte mais popular do planeta. E mesmo nesse grupo seleto de superclubes o Santos é um caso extraordinário - ele é o único com a honra de ter revelado e coroado Pelé, o maior de todos os tempos. Curiosamente, o centenário acontece num momento em que Pelé é desafiado por um novo candidato a melhor da história, comandando uma equipe que aparece como adversária do Santos na disputa pelo status de melhor de todos os tempos. Foi justamente contra o Barcelona de Lionel Messi que o Santos sofreu sua última grande derrota. Mas foi justamente na final do Mundial de Clubes, em dezembro do ano passado, que uma nova era de glórias pode ter começado. Vencido pelo futebol vistoso, dinâmico e inteligente dos catalães, o Santos iniciou um novo trabalho nas suas divisões de base, priorizando a habilidade, o estímulo à criatividade e um estilo de jogo ofensivo e bonito - como nos tempos de Pelé, resgatados para servir de inspiração para o surgimento de novos ídolos. Portanto, que os rivais se preparem: depois de Neymar, vêm novos gênios santistas por aí
Dez jogos que marcaram a história do Santos
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Santos 7 x 6 Palmeiras, 1958
No início do Rio-São Paulo de 1958, Santos e Palmeiras fizeram uma partida que não valeu nada em termos de campeonato, mas entrou para a história pelo placar elástico e pelas reviravoltas, que levaram o público presente ao Pacaembu ao delírio. O Palmeiras saiu na frente, mas o Santos virou com gols do menino Pelé - aos 17 anos, ele fazia uma de suas primeiras grandes atuações - e Pagão. O Palmeiras voltou a empatar, mas, ainda na primeira etapa, o Santos marcou três vezes e parecia ter matado a partida. A equipe alviverde voltou arrasadora na segunda etapa. Com dois gols do lendário Mazzola, um de Paulinho e outro de Urias, conseguiu uma virada espetacular. A partida, porém, não havia acabado: em poucos minutos a equipe litorânea chegou à espetacular vitória, com dois gols de Pepe. Jornais da época dão conta de cinco mortes por infarto registradas após o encontro, nesta que foi uma das partidas mais emocionantes da história do futebol brasileiro. Neste mesmo ano, o Santos foi o campeão paulista e o jovem Pelé entrou para a história como maior goleador de uma edição do estadual, com a impressionante marca de 58 gols.