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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Venezuela tenta preencher vazio de um líder político e fica convulsionada pela cobiça humana



QUANDO OS CAUDILHOS DESAPARECEM: 

VENEZUELA FERVE NO CALDEIRÃO 

DO CHAVISMO DIVIDIDO.

O jornalista e escritor cubano Carlos Alberto Montaner, há vários anos exilado, vivendo em Miami e Madrid alternadamente, escreveu um ótimo artigo que está publicado no site do jornal El Nuevo Herald, analisando a latente crise política na Venezuela, insuflada pelo agravamento do estado de saúde do caudilho Hugo Chávez. O título original do artigo é sugestivo: "Quando os caudilhos desaparecem".

Montaner recorre aos três tipos puros de dominação política que estão no coração da teoria política de Max Weber: a dominação tradicional (me obedece porque sempre foi assim), a racional legal  que é típica do Estado moderno (me obedece porque está disposto na lei) e, finalmente, a dominação carismática (me obecece porque eu posso te salvar). Grosso modo é mais ou menos isso que encerram os conceitos operacionais dessas três categorias da filosofia política weberiana. 

Todavia, Weber era um epistemólogo par excellence suficientemente meticuloso e, sobretudo honesto, para não chutar os cânones da ciência. Tanto é que Weber fala em tipos puros ou "tipos ideais" para operar sua análise. Essa tipologia, portanto, não sofre qualquer viés de delírio, porquanto não é substancializada e não servirá jamais como "palavra de ordem" de qualquer líder messiânico. Os tipos são conceitos e não a realidade, porque a realidade não é passível de ser abrangida por um conceito. Este é apenas um facho de luz que clareia um tico da realidade do universo e comprova a limitação do cérebro humano. 

Em rápidas palavras está aí a razão da perenidade da obra weberiana e a sua originalidade e, por isso mesmo, infelizmente, Max Weber continua sendo proscrito da sociologia e da filosofia política ensinadas nas universidades brasileiras pela escumalha marxista.

Voltando ao artigo de Montaner, o escritor recorre aos tipos ideais de Weber para analisar o que começa a acontecer na Venezuela, onde Chávez, um líder carismático se vê castigado por uma doença incurável que irremediavelmente o afastará do poder. E esse tipo de dominação política é o mais instável dos três tipos concebidos por Weber, porque não tem sucessor, ainda que o líder carismático se esforce em nomear herdeiros. Desaparecendo o caudilho - conforme anota Montaner - sobrevem o dilúvio.

Transcrevo no original em espanhol e recomendo a leitura:

EN ESPAÑOL - Chávez lo sabía desde hace algún tiempo. Incluso, él mismo se lo comunicó a varios gobernantes amigos. Su muerte inminente, o a corto plazo, era una noticia demasiado importante para callarla. Les pedía discreción a sus colegas, pero los políticos no se caracterizan por ese rasgo. Guardar secretos es cosa de curas, urólogos y notarios, no de presidentes. O presidentas. 

Chávez, tenía, claro, una esperanza vaga en el milagro. Es un fenómeno que suele sucederles a las personalidades narcisistas que rebasan ciertos obstáculos difíciles. Que Chávez estuviera sentado en Miraflores al frente del estado venezolano era tan improbable como el nacimiento de una jirafa bicéfala y, además, albina. Como todos los caudillos mesiánicos, había interpretado su suerte como el signo inequívoco de haber sido escogido para cumplir un destino superior. Era invulnerable.

Max Weber explicó muy bien los tres orígenes de la legitimidad política. La tradición era el más antiguo. Los reyes, las dinastías y los linajes derivan de este fenómeno. Al rey y al duque se les obedecía porque así había sido siempre. Era la costumbre y se aseguraba que el mandato estaba vinculado a la voluntad divina.