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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

"Bom dia, presidente Michel Temer"... / Ricardo Noblat


Bom dia, presidente Michel Temer!

Michel Temer (Foto: Divulgação)
Ricardo Noblat
O país acordou, hoje, com um novo presidente da República – o paulista Michel Miguel Elias Temer Lulia, 75 anos de idade, bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Doutor em direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, e três vezes presidente da Câmara dos Deputados.
Michel Temer (Foto: Divulgação)Em pronunciamento à Nação, ontem à noite, por meio de uma cadeia nacional de rádio e de televisão formada para transmitir o programa semestral do PMDB, partido presidido por ele, o presidente Temer afirmou que "é imprescindível unir forças e pôr o Brasil acima de interesses partidários ou motivações pessoais". Parecia tranquilo.
A certa altura do programa, a apresentadora comentou que o Brasil tem no momento "uma sociedade angustiada à espera de soluções, cansada de sempre pagar a conta, pessimista diante do nó que não se desfaz". Soou como uma crítica indireta a presidente que antecedeu Temer no cargo, a descendente de búlgaros Dilma Rousseff, que voou para Nova Iorque. Foi pedir a benção ao Papa Francisco.
"Governos passam, e o Brasil sempre vai ser maior do que qualquer governo", prometeu Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e uma das estrelas do programa. Que terminou com uma exortação de Temer: “Assumindo”, ele começou e fez uma pausa. Só então continuou: “e, acima de tudo, corrigindo erros, mostraremos a todos que somos um país confiável”.
A agenda desta sexta-feira do presidente Temer está repleta de compromissos em Brasília. É possível, contudo, que ele embarque à noite para São Paulo. Ali, amanhã, a senadora Marta Suplicy, ex-PT, se filiará ao PMDB com uma grande festa. Marta aspira concorrer à prefeitura de São Paulo no próximo ano. Temer a apoiará. No domingo, ele voltará a Brasília.
Temer devolverá o cargo a Dilma na próxima terça-feira. É quando ela retomará a tarefa que só pode ter sido ideia de um gênio que a assessora: enxugar o governo cortando 10 dos atuais 39 ministérios, justamente no momento em que ela mais precisa de apoio político para não ceder o lugar de vez a Temer. É o partido do vice-presidente que está dando mais trabalho a Dilma.
Acuada, com a popularidade na casa dos 7,7% de aprovação, ela acenou para o PMDB com o Ministério da Saúde, o de maior orçamento, e cinco outros ministérios. Negociou com Leonardo Picciani, líder do partido na Câmara, já que Temer, Renan e Eduardo Cunha, presidente da Câmara, se negaram a discutir o assunto. Ocorre que ela, agora, só quer assegurar ao PMDB cinco ministérios.
O PT está furioso com a reforma. Ele perderá os ministérios da Saúde e das Comunicações. E três secretárias com status de ministérios: da Mulheres, dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial. As três darão origem ao Ministério da Cidadania, pasta que deverá caber a Miguel Rossetto (PT-RS). Temer havia aconselhado Dilma a não extinguir ministérios. Ela preferiu não ouvi-lo.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Mosaico de atitudes insanas do PT....Bom dia, Cinderela, acorde!!!

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Bom dia, Cinderela

25 de abril de 2014 | 2h 05 
Cinderela
Fernando Gabeira* - O Estado de S.Paulo
As pesquisas eleitorais recentes mostram Dilma Rousseff em queda. Quando se está caindo, a gente normalmente diz opa!. Não creio, porém, que Dilma vá dizer opa! e recuperar o equilíbrio. Além dos problemas de seu governo, ela é mal aconselhada por Lula nos dois temas que polarizam a cena política: Petrobrás e Copa do Mundo.
São cada vez mais claras as evidências de que se perdeu muito dinheiro em Pasadena. Lula, no entanto, não acredita nas evidências, mas nas versões. Se o seu conselho é partir para a ofensiva quando se perdem quase US$ 2 bilhões, a agressividade será redobrada quando a perda for de US$ 4 bilhões e, se for de US$ 6 bilhões, o mais sábio será chegar caindo de porrada nos adversários antes que comecem a reclamar.
Partir para a ofensiva na Copa do Mundo? Não é melhor deixar isso para os atacantes Neymar e Fred? Desde o ano passado ficou claro que muitas pessoas não compartilham o otimismo do governo nem consideram acertada a decisão de hospedar a Copa.
O governo acha que sufoca as evidências. O próximo passo desse voluntarismo é controlar as evidências. O papel do IBGE e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, começa a ser deformado pelo aparelhamento político. Pesquisas que contrariam os números de desemprego são suspensas. E o Ipea foi trabalhar estatísticas para Nicolás Maduro, que acredita ver Hugo Chávez transmutado em passarinho e, com essa tendência ao realismo mágico, deve detestar os números.
Controlar as evidências, determinar as sentenças pela escolha de ministros simpáticos à causa, tudo isso é a expressão de uma vontade autoritária que vê a oposição como vê os números desfavoráveis: algo que deva ser banido do mundo real. A visão de que o País seria melhor sem uma oposição, formada por inimigos da Petrobrás e por gente que torce contra a Copa, empobrece e envenena o debate político.
Desde o mensalão até agora o PT decidiu brigar com os fatos, e isso pode ter tido influência na queda de Dilma nas pesquisas. O partido foi incapaz, embora figuras como Olívio Dutra o tenham feito, de reconhecer seus erros. Está sendo incapaz de admitir os prejuízos que sua política de alianças impôs à Petrobrás ou mesmo que a Copa do Mundo foi pensada num contexto de crescimento e destinava-se a mostrar nossa exuberância econômica e capacidade de organização a todo o planeta. Gilberto Carvalho revelou sua perplexidade: achava que a conquista da Copa seria saudada por todos, mas as pessoas atacaram o governo por causa dela.
Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras. Brigar com os fatos num contexto de crescimento econômico deu a Lula a sensação de onipotência, uma crença do tipo "deixa conosco que a gente resolve na conversa". Hoje, em vez de contestar fatos, o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil. A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra. O que acabará com os adversários é a inexorável lei da história, eles apenas dão um empurrão.
Sabemos que a verdade é mais nuançada. O governo mantém excelentes relações com o empresariado que financia por meio do BNDES e com os fornecedores de estatais como a Petrobrás. Não se trata de luta de classes, mas de quem está se dando bem com a situação contra quem está ou protestando ou pedindo investigações rigorosas contra a roubalheira, na Petrobrás ou na Copa.
A aliança do governo é aberta a todos os que possam ser controlados, pois o controle é um objetivo permanente. Tudo o que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História. Felizmente, a História não se faz com líderes que preferem partir para cima a dialogar diante de evidências negativas, tanto na Petrobrás como na Copa ou no mensalão. Nem com partidos incapazes de rever sua tática diante de situações econômicas modificadas.
Dilma, com a queda continuada nas pesquisas, sai da área de conforto e cai no mundo em que os candidatos dependem muito de si próprios e não contam com vitória antecipada pelo peso da máquina. Será a hora de pôr de novo em xeque a onipotente tática de eleger um poste. Nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar sequer um pedaço de rua. Estão mergulhados no escuro e comandarão um exército de blogueiros amestrados para nublar as redes sociais. Com a máquina do Estado, o prestígio de Lula, muita grana em propaganda e na própria campanha eleitoral, o governo tem um poderoso aparato para enfrentar a realidade. Mas essa abundância de recursos não basta. Num momento como este no País, será preciso horizonte, olhar um pouco adiante das eleições e estabelecer um debate baseado no respeito às evidências.
Esse é um dos caminhos possíveis para recuperar o interesse pela política. No momento, a resposta ao cinismo é a indiferença com forte tendência ao voto em branco ou nulo. Embora a oposição também seja parte do jogo, a multidão que dá as costas para a escolha de um presidente é uma obra do PT que subiu ao poder, em 2002, prometendo ampliar o interesse nacional pela política, mas conseguiu, na verdade, reduzi-lo dramaticamente. Para quem se importa só com a vitória eleitoral, essa questão da legitimidade não conta. Mas é o tipo de cegueira que nos mantém no atraso político e na ilusão de que adversários são inimigos. O PT comanda um estranho caso de governo cujo discurso nega o próprio slogan: Brasil, um país de todos. De todos os que concordam com a sua política.
Até nas relações exteriores o viés partidário sufocou o nacional, atrelando o País aos vizinhos, alguns com sonhos bolivarianos, e afastando-o dos grandes centros tecnológicos. Contestar esse caminho quase exclusivo é defender interesses americanos; denunciar corrupção na empresa é ser contra a Petrobrás; assim como questionar a Copa é torcer contra o Brasil.
Bom dia, Cinderela, acorde. Em 2014 você pode se afogar nos próprios mitos.
*Fernando Gabeira é jornalista.