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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mercosul é inviável pelo horror ao livre-mercado dos países que o compõe

http://www.imil.org.br/artigos/diplomacia-ideologia/

Diplomacia e ideologia

10 de setembro de 2013 
Autor: Denis Rosenfield
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A diplomacia é uma arte de defesa dos interesses nacionais, no que tradicionalmente se considera a soberania de cada país. Como toda arte, tem de demonstrar habilidades, no caso, nas negociações. E, certamente, noção precisa de limites que não podem ser ultrapassados, sob pena de tomar inviável uma negociação diplomática e, no mundo atual, uma negociação comercial.
Historicamente, a diplomacia sempre esteve associada a guerras, sendo um instrumento quer para evitá-las, quer para conduzir negociações que levassem ao seu fim. Nesse sentido é que foi criado o instituto da inviolabilidade de embaixadas, mesmo em situações extremas de conflito, para que canais de negociação permanecessem abertos. Hoje em dia, além de suas funções clássicas, temos a entrada em pauta de organismos internacionais na regulação de questões comerciais e financeiras, que se tomaram poderoso instrumento de exercício do poder das nações.
Negociações comerciais entraram também com mais força na pauta diplomática, fazendo diplomatas se tomarem “mercadores” dos interesses econômicos de seus países, algo muito claro na política americana e de vários países europeus e asiáticos, como China e Japão. Apesar de a diplomacia brasileira ainda resistir parcialmente a essa tendência, deverá a ela resignar-se, pois, como dizia Hegel, estamos diante do “espírito do tempo”. Assim, não há lugar para devaneios ideológicos como alinhamentos em concepções que retomam pautas esquerdistas, antieconomia de mercado, há muito ultrapassadas.
O Brasil nos governos petistas, contudo, segue um alinhamento ideológico que contraria mesmo políticas pragmáticas, de corte social-democrático, adotadas por esses governos em várias questões internas e em reorientações de órgãos governamentais. É como se na política externa o país resistisse a um aggiornamento necessário. Doutrinariamente, a política externa brasileira permanece presa a dogmas do PT, abandonados em outras áreas. A troca de chanceleres poderia propiciar uma mudança de atitude. Não é isso, porém, que parece estar sendo sinalizado.
O episódio de espionagem da presidente Dilma Rousseff pelo governo dos EUA é um exemplo em que o antiamericanismo está sendo potencializado, usado como uma espécie de bode expiatório de fracassos da política externa brasileira, como os ocorridos recentemente na Argentina e na Bolívia. Não se trata, evidentemente, de justificar o injustificável: o fato de os EUA interferirem na soberania nacional, espionando o governo brasileiro, e até além dele, buscando obter informações comerciais que beneficiariam seus interesses. Nesse aspecto, a reação brasileira de considerar tal invasão inadmissível e inaceitável é plenamente condizente com uma resposta altiva e necessária.
O Mercosul é um projeto hoje inviável, constituído por países que têm horror à economia de livre-mercado
Entretanto, o tom acima do apropriado pode levar a uma situação insustentável. O Brasil, é evidente, não poderia dar-se ao luxo de cancelar uma viagem de Estado da presidente aos EUA, em vista da maior relevância das relações entre os dois países. Muito menos poderia chamar seu embaixador para consultas, numa exacerbação da resposta. Inimaginável cortaras relações. Logo, o jogo de cena está atingindo o limite.
Já passa da hora de o Brasil revisar as suas prioridades e defender os interesses nacional obrigando as duas partes a um faz de conta que permita a retomada das relações normais. O país do norte é a maior potência do planeta – na verdade, a única -, tem uma insuperável força militar, inigualável desenvolvimento científico e tecnológico e a economia mais pujante do mundo. Não é com o Mercosul que o Brasil equilibraria suas relações comerciais.
Melhor faria o país em olhar para o lado. O Mercosul é um projeto hoje inviável, constituído por países que têm horror à economia de livre-mercado, se aferram a ideias socialistas, pregam maior intervenção estatal na economia e se comprazem com diatribes “anti-imperialistas”. A Argentina está praticamente falida, sem acesso a financiamentos internacionais, gastando suas reservas internacionais, submetida a processos em Cortes norte-americanas pelo calote dado a credores e em pouco tempo terá problemas para honrar compromissos de suas importações. Ou seja, o mercado argentino importará cada vez menos do Brasil e não se vislumbra nenhuma saída. É a crônica de uma falência anunciada. Apesar disso, o Brasil continua se alinhando à Argentina em foros internacionais, tomando posição conjunta contra o livre-comércio, como acabamos de ver,na reunião do G-20, em São Petersburgo.
Já no caso da Bolívia, a omissão brasileira, que se tornou completa indiferença, foi a tônica no episódio do salvo-conduto para o senador Roger Pinto Molina, abandonado à própria sorte num cubículo da embaixada. De acordo com tratados internacionais assinados pelos dois países, o salvo-conduto deveria ter sido expedido imediatamente. O governo Evo Morales participou de um faz de conta com o Itamaraty, levando um diplomata digno a insurgir-se contra tal desprezo à lei internacional e à mínima consideração pelos direitos humanos. O fiasco do Itamaraty foi total, levando a uma crise que culminou na demissão do ministro das Relações Exteriores.
A comunhão ideológica em torno do projeto bolivariano/socialista preponderou, como já se havia expressado na lamentável participação brasileira na suspensão do Paraguai do Mercosul, dando ensejo ao ingresso da Venezuela. Goste-se ou não da Constituição paraguaia, todos os trâmites foram seguidos na destituição do ex-presidente Lugo, o que não foi o caso dos trâmites venezuelanos que levaram Maduro a ascender ao poder, na agonia e morte de Chávez. Com tudo isso o país compactuou em nome de uma ideologia comum.
Já passa da hora de o Brasil revisar as suas prioridades e adotar a defesa pragmática de seus interesses nacionais e comerciais, dando adeus a ideologias de antanho.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 09/09/2013

terça-feira, 17 de abril de 2012

Brasil se aproxima do Conselho de Segurança da ONU...

http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/brasil-merece-assento-no-conselho-mas-nao-o-tera-agora

Diplomacia

Brasil merece assento no Conselho, mas não o terá agora

Em coletiva de imprensa, após um encontro bilateral com o chanceler brasileiro, Hilllary Clinton diz que é ‘difícil imaginar’ o órgão da ONU sem o Brasil no futuro

Cecília Araújo, de Brasília
Hillary Clinton, secretária de Estado americana, se encontrou com Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores
Hillary Clinton, secretária de Estado americana, se encontrou com Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores(Folhapress)
Os Estados Unidos admiram o crescimento do Brasil e sua vontade de se tornar um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, mas esse é um projeto para o longo prazo, afirmou a chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, em visita a Brasília. Antes disso, seria preciso refletir sobre mundo de hoje e reformar a ONU como um todo, não apenas Conselho. “É difícil de imaginar no futuro o Conselho de Segurança da ONU sem incluir um país como o Brasil, com todo seu progresso e modelo de democracia”, ponderou. A secretária de estado chegou na manhã desta segunda-feira ao Brasil e participou nesta tarde da 3ª Reunião do Diálogo de Parceria Global Brasil-Estados Unidos. Criado em 2010, o encontro anual de alto nível reúne a chefe da diplomacia americana e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, a fim de conferir direcionamento político à coordenação bilateral em diversas áreas, como educação, ciência e tecnologia, inclusão social e direitos humanos. Nesta última reunião, também foram examinados temas de interesse global, como questões de paz e segurança internacionais – entre os países citados estão Guiné Bissau, Síria, Irã, Paquistão, Afeganistão, Coreia do Norte e Haiti – e a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Em coletiva de imprensa, Hillary condenou os recentes ataques no Afeganistão e garantiu que continua a trabalhar ao lado dos governos do país e do Afeganistão a fim de desmantelar redes terroristas como a Haqqani. “Os terroristas vão continuar a atacar, assassinar e provocar. Mas temos evidências de que a insurgência está fracassando”, acrescentou, otimista. Sobre a Coreia do Norte, Hillary insistiu que provocações não serão aceitas. “Haverá consequências para esse comportamento. E o próprio povo deve condená-lo - não apenas EUA, Coreia do Sul, Japão”, disse. Ao falar sobre o Irã, a secretária garantiu que os Estados Unidos vão manter as sanções e a pressão até que o governo do país considere rever seu programa nuclear e voltar à mesa de negociações. “Ele precisa se mostrar aberto e transparente para responder às preocupações da comunidade internacional.” Sobre a situação que se agrava na Síria, Hillary ainda espera que o governo aceite as condições impostas pela comunidade internacional e silencie as armas, implementando o plano apresentado por Kofi Annan. “Se violência continuar, teremos que voltar a planejar os próximos passos”, disse. Sobre o tema, Patriota destacou o apoio do país aos esforços diplomáticos. “Preocupam-nos as hipóteses e especulações sobre a consideração de uma ação militar. Achamos que tal medida disseminaria a instabilidade em uma escala que traria repercussões imprevisíveis e de grande gravidade”, afirmou.
Setor privadoMais cedo, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Hillary falou a um grupo de empresários e representantes dos governos americano e brasileiro. Ela enfatizou o incentivo dos EUA ao investimento de empresas americanas no petróleo brasileiro. A secretária de Estado lembrou que se encontrou com a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, e se disse “impressionada” com o compromisso da Petrobras em maximizar o potencial do pré-sal. “Discutimos longamente sobre o que Brasil está fazendo. É um projeto caro, pois demanda um investimento de alto nível em especialistas e tecnologias necessários. Sabemos que o quão difícil é trabalhar em águas profundas. Mas queremos ser parceiros e nos colocamos à disposição para ajudar”, pontuou, lamentando o vazamento da Chevron. Sobre a decisão da Argentina de renacionalizar sua maior petroleira, Hillary diz que o assunto ainda deve ser detalhado. "De toda forma, acho que competitividade e abertura são essenciais para um modelo de sucesso."Hillary ressaltou o potencial da parceria entre Brasil em não apenas estreitar os negócios entre empresas de ambos os países, mas também para melhorar a vida de seus cidadãos. “Em um momento de instabilidade econômica, como manter crescimento e prosperidade econômica? Uma resposta possível é a inovação”, afirmou, destacando a importância das empresas privadas nesses investimentos. “Se nossa economia é dinâmica, baseada na lei e na transparência, é possível investir mais no nosso povo”, disse. Para isso, ela acrescenta ser preciso um governo inclusivo, um setor privado sólido e uma sociedade civil forte e com voz para se expressar. “E o Brasil está perto dessa prosperidade.” Ela lembra que os investimentos do Brasil nos Estados Unidos já chegam a 15,5 bilhões de dólares, o maior da América Latina. Por sua parte, o governo americano investiu 75 bilhões de dólares no Brasil. “Com inovação não criamos apenas empregos, mas colaboramos para um futuro mais próspero. Isso é bom para os EUA, o Brasil, a America Latina e para o mundo inteiro.”