Enviado por Ricardo Noblat -
9.9.2013
| 9h00m
O meu Dia D, por Ricardo Noblat
Depois de 10 dias internado, e submetido a uma dieta intensa de exames, daqui a pouco me encaminharão para um dos centros cirúrgicos do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Se tudo correr como planejado, dali sairei oito horas depois carregando no coração quatro pontes: duas safenas e duas mamárias. Fora o stent, que já carrego.
Elas servirão para que o sangue volte a fluir livre de obstáculos – placas de gordura que dificultavam sua passagem por algumas artérias. A principal tem uma obstrução de 70%.
Dia D - o desembarque dos aliados na Normandia durante a 2ª Guerra Mundial
Do centro cirúrgico, ainda sob o efeito de anestesia, irei parar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Devo acordar no meio da madrugada de amanhã. Ficarei na UTI de dois a três dias.
A dor não faz parte da lista das dez queixas mais comuns formuladas por quem sofre uma cirurgia dessa natureza.
O modelo do aparelho de televisão da UTI faz parte da lista, sim. Bem como o tipo de iluminação do ambiente. Ou a temperatura, um pouco baixa.
Foi o que me disse Fábio Jatene, o senhor absoluto do meu coração pelas próximas horas em parceria com o médico Roberto Kalil.
O risco de morte gira em torno de dois a três por cento em diversos hospitais de grande porte. Kalil garante que no Sírio não chega a 1%.
Endereço seguinte: o apartamento 322, uma espécie de semi-UTI. Intensificarei os exercícios iniciados ainda na UTI – inclusive caminhadas curtas e sopro de bolinhas.
Passarão mais quatro ou cinco dias. Estando bem, ganharei alta desde que fique em São Paulo por mais oito ou 10 dias plantado nas vizinhanças do Sírio.
O retorno à vida normal será lento. E sujeito, a princípio, a uma série de restrições.
Rendição completa aos caprichos da nutricionista. Que quer me ver uma vez por mês pelos próximos seis meses.
Feijoada? Três por ano e olhe lá...
(A propósito: por acaso, disciplina ou simplesmente medo, perdi quatro quilos em uma semana. Desconfio que foi por medo. Não acho que vou morrer. Não acho mesmo. Quanto à dor...)
Uma a duas horas de exercícios cinco vezes por semana. E para sempre.Dormir mais cedo, acordar mais cedo.
Ser feliz.
O jornalismo resistirá a uma receita que guarda tão pouca ou nenhuma afinidade com ele?
Desejo que sim.