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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Caso Yoki: ciúme pode ser motivo para matar o marido...


Para polícia, mulher matou executivo por ciúme e pode ter recebido ajuda

Bacharel em Direito doou à GCM pistola do mesmo calibre da usada para matar Marcos Kitano Matsunaga; corpo depois foi esquartejado

2369725-8847-rec.jpg (619×464)William Cardoso - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A polícia afirmou nesta terça-feira, 5, que há fortes indícios de que a bacharel em Direito Elize Araújo Kitano Matsunaga, de 38 anos, matou e esquartejou o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 42, por ciúme. Ela está presa provisoriamente desde segunda-feira, 4. A vítima era diretor executivo da Yoki. A polícia investiga também se outra pessoa teria participado de alguma forma do crime. O corpo de Matsunaga foi enterrado nesta terça no Cemitério São Paulo, na zona oeste da capital paulista.
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Segundo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Elize doou à Guarda Civil Metropolitana, após o crime, uma pistola 765, de mesmo calibre da que foi usada para matar o empresário. Segundo a polícia, ela era exímia atiradora, assim como o marido, que foi morto com um tiro à queima-roupa no lado esquerdo da cabeça. Ela é destra. Ele era colecionador de armas. Exames de balística vão dizer se o projétil encontrado no crânio foi disparado pela arma doada por Elize. 
Câmeras mostram Matsunaga entrando no prédio em que moravam às 18h30 do dia 19, com a mulher, a babá e a filha, de 1 ano, vindos do aeroporto, segundo a polícia. Ele desceu uma hora depois para buscar uma pizza e voltou ao apartamento. Depois disso, não saiu mais com vida.
No dia seguinte, depois de dar folga à baba no período noturno, Elize deixou o prédio pelo elevador de serviço, às 11h30, carregando três malas. Retornou às 23h50, já sem as malas. À polícia, ela disse informalmente que pretendia viajar para o Paraná, onde nasceu, mas desistiu no meio do caminho.
Elize ainda não prestou depoimento formal, mas, segundo a polícia, demonstrou tranquilidade. Além de Direito, ela também cursou Enfermagem.
Sacos plásticos que embalavam os pedaços do corpo do empresário são importados, com um filete vermelho, do mesmo tipo dos que foram encontrados no apartamento do casal.
As imagens mostram que o empresário foi visto pela última vez com uma camisa marrom, aparentemente a mesma que vestia parte do corpo encontrado na Estrada dos Pires, em Cotia.
Luminol. Segundo a polícia, a cobertura onde o casal vivia tinha mais geladeiras do que se costuma encontrar em residências comuns. Havia inclusive câmeras frias. Peritos aplicaram luminol - produto que identifica manchas de sangue invisíveis a olho nu -, mas ainda não encontraram nada. Uma nova perícia será feita nesta quarta-feira, 6, no local.
A polícia aponta para a possibilidade de crime passional. "Há indícios de traição baseados em fatos reais", disse Mauro Dias, delegado responsável.
Segundo Dias, por enquanto, está descartada qualquer relação entre a morte do empresário e sua participação na Yoki, que foi vendida enquanto ele estava desaparecido para o grupo americano General Mills, por R$ 1,95 bilhão. O empresário deixou um seguro de vida de R$ 600 mil, que tinha a mulher como uma das beneficiárias. Elize e Matsunaga eram casados havia dois anos e tinham uma filha de 1. Foi o segundo casamento dele, que tinha outra filha do relacionamento anterior.
Segundo o diretor do DHPP, Jorge Carrasco, os indícios apontam que o empresário foi morto com requintes de crueldade. Ele falou também que o casal não tinha seguranças. "Temos um histórico geral da situação conjugal e estamos checando cada episódio (da vida dos dois)."
Vizinhança. O casal vivia em uma cobertura formada por dois apartamentos que, juntos, tinham mais de 500 metros quadrados, na Rua Carlos Weber, Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Vizinhos comentavam há dias sobre o desaparecimento, mas não suspeitavam da mulher do empresário. Pensavam que ele tinha sido sequestrado.
A investidora Verônica Castro, de 40 anos, estudou com Matsunaga no Colégio Rainha da Paz, na adolescência. Ela não sabia que ambos moravam no mesmo prédio, até ver as notícias da morte do colega. "Ele era o ‘cdf’ da classe. Uma pessoa excelente. Nunca vi brigar com ninguém", disse.