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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Estamos presos as letras, as normas, as leis, aos gêneros...



Recebi e repasso

Os(as) Patrulhadoros(as) da Língua (a vingança)

Desde que me entendo por genta, aprendi que a letra “o” é condizenta com o sexo masculino, e que a letra “a” é correspondenta ao sexo feminino, isso nas vezes mais frequentas. Mas aprendi também que existem palavras que são pertencentas aos dois gêneros, sem que esteja evidenta aí nenhuma discriminação a qualquer dos dois (ou a qualquer dos três, dos quatro, dos cinco... sem preconceitos, ok?).
Mas, desde que passamos a ter uma representanta do sexo feminino na presidência, a coisa ficou muito diferenta. Agora temos uma presidenta! Os homens deveriam reclamar: afinal, antes falávamos “presidente”, e não “presidento” – o que, em tempos politicamente corretos, pode significar uma atitude bem inconvenienta, se vista sob a ótica masculina sabidamente deficienta, é bem verdade.
Enfim, nos tempos de escola, em que eu era uma boa estudanta, sempre presenta às aulas, os mestres e mestras continuavam a ensinar dessa maneira decadenta. Nada a ver! O certo, agora, é chamar de gerenta a moça que me atende no banco, de pacienta a velhinha com dores que procura o(a) médico(a), de adolescenta a garota que masca chicletes, de quenta a tarde em que faz 40o, de urgenta a correspondência que tem que chegar logo, e ainda ficar contenta por estar sendo tão obedienta à linguagem mais recenta! 
Mas, e se o outro gênero se revoltar? Afinal, nós, mulheres conscientas, sabemos muito bem que esses caros são todos muito machistos (e às vezes bem egoístos)! E se eles começarem a ficar divergentos a essa revolução tão pertinenta na língua e se mostrarem resistentos, exigentos, prepotentos? E se, de forma totalmente independenta, resolverem fazer mudanças correspondentas? Um exemplo condizento: e se eles exigirem ser chamados de jornalistos competentos? Ou de artistos dissidentos, pianistos excelentos, alpinistos valentos, humoristos inteligentos? E, se ainda por cima, ficarem se fazendo de vítimos impotentos?
Já vi que nada disso é uma atitude prudenta, minhas colegas e meus colegos. Por isso, depois de ter o maior trabalhão pra escrever esse texto tão deprimento, sou obrigada a um ato anarquisto: não voltarei a ser coniventa com essa atitude tão incoerenta! Não vou mais escrever “presidenta”! (e esta foi a única vez, fiquem cientos(as)...)