Do blog de Ricardo Noblat -
15.06.2014
|11h04m
POLÍTICA
Dilma no banco, por Ruth de Aquino
Ruth de Aquino, ÉPOCA
Por três vezes, a multidão gritou gol, por quatro vezes mandou Dilma Rousseff tomar no c... Caía por terra o esquema oficial para blindá-la. De pouco adiantou entrar no Itaquerão quase clandestina. Dilma chegou em comboio por uma garagem. Subiu em elevador privativo.
De nada adiantou evitar pronunciamento e quebrar a tradição de Copas do Mundo. Não se anunciou sua presença. Seu nome não foi citado. A imagem de Dilma no telão bastou para detonar o coro ofensivo. Pior que as vaias do ano passado.
O que sentiu a herdeira do ausente Lula? Em seus sonhos, a estreia da Copa no Brasil seria sua consagração e do Partido dos Trabalhadores (PT). O que deu errado?
O primeiro gol contra não foi do Marcelo. Foi do técnico Lula. Há quatro anos, ele convocou como artilheira seu poste querido, inexperiente no gramado político, sem talento para driblar adversidades, sem criatividade para virar um placar, sem carisma para liderar companheiros, sem visão de jogo para lançamentos longos, sem precisão nos cruzamentos, sem vocação para trabalho de equipe. Uma capitã sem a generosidade do passe, sem a humildade da autocrítica, sem o brilho que encanta, sem sorriso, sem suor, sem humor. Dilma foi imposta por Lula até a aliados relutantes.
E, agora, o ex-presidente, corintiano roxo, que pontuou seus dois mandatos com metáforas futebolísticas, se viu coagido a não aparecer no Itaquerão em dia de gala. Ele, que articulou a construção do estádio para sediar a abertura do Mundial, viu o jogo no seu apartamento em São Bernardo, no ABC paulista. Medo de levar rebarba?