Bandidos bancados por nós?
O chamado Congresso Nacional se converteu num tremendo pau de galinheiro. E custa caríssimo aos cofres públicos.
Aproveito, aliás, para dar uma sugestão ao governo: se é para economizar, por que continuar mantendo o Senado e a Câmara? Basta um deles. Um pode muito bem fazer o que o outro faz – e, além disso, a roubalheira seria reduzida.
Bastava ter o Senado, que é numericamente menor e, portanto, deve ter um número menor de ladrões.
O problema é que, em vez de economizar, essa turma quer enfiar mais grana em suas contas. Nossos políticos profissionais são insaciáveis. Não foi por acaso que elegeram o meliante Cunha presidente deles.
Agora mesmo circula na Câmara projeto de um tal de Marcus Pestana, do PSDB de Minas, destinado a encher a burra dos partidos políticos. Quem pagaria? Nós, os eternos otários.
A ideia é passar anualmente três bilhões aos partidos (ou clubes de gatunos): 2% da arrecadação do imposto de renda de pessoa física.
Isto é: querem nos obrigar, por lei, a financiar um bando de vigaristas, que já vivem de meter a mão no bolso dos outros. A bancar uma corja de canalhas para que eles continuem agindo contra os reais interesses e as reais necessidades da população.
O nome do projeto é uma pérola de cinismo: Fundo de Financiamento da Democracia. Mais uma vez, é a retórica cafajeste dos políticos profissionais para tentar engabelar a sociedade brasileira.
Anteontem, aliás, também Renan Calheiros, o Réu, abriu a boca para falar de democracia. Não dá.
Renan e seus pestanas deveriam ser proibidos de pronunciar a palavra “democracia”. Toda vez que o fazem, desmoralizam a expressão. Mas, para se proibirem de falar de democracia, eles precisariam de uma ética da linguagem. E como a teriam, se não fazem questão de ética para nada?
Para ser levado a sério, o Congresso terá de acabar com o escândalo da sociedade jurídica de castas (vale dizer: dar um fim ao foro privilegiado) e com a aposentadoria especialíssima dos políticos, além de não anistiar o crime do caixa 2. No mínimo.
Outro dia, por sinal, o mesmo Renan elogiou o caráter de Cármen Lúcia. Ou seja: ele sabe o que é caráter. Se não tem, é porque não quer.
Na verdade, se o Congresso tivesse caráter, as coisas estariam andando de outro modo no Brasil.
Mas também o STF tem de apressar o passo. Mandar para a cadeia, com os bens confiscados, essa legião de larápios que suja o nome do país.
Até lá, os bandidos que financiem suas bandidagens. Não queiram nos obrigar a fazer isso.
Congresso Nacional com a Praça dos Três Poderes (Foto: Bento Viana)