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domingo, 24 de junho de 2012

"Como Shakespeare se tornou Shakespeare" // Revista Época

http://epoca.globo.com/edic/736/736_trecho_Como_Shakespeare_se_tornou_Shakespeare.pdf



Stephen Greenblatt
Como Shakespeare se tornou Shakespeare
Tradução
Donaldson M. Garschagen
Renata Guerra


1. Cenas primevas
Vamos supor que desde a infância Shakespeare tenha ficado fascinado
pela língua, obcecado pela magia das palavras. Existem indícios indiscutíveis
dessa obsessão em seus primeiros escritos, de modo que é bastante seguro
supor que tenha tido início bem cedo, quem sabe até mesmo no momento em
que sua mãe murmurou uma canção infantil em seu ouvido:
Pillycock, pillycock, pousou num monte,
Se não foi embora, ainda está por lá.
(Essa mesma canção infantil esteve martelando em seu cérebro anos mais tarde, quando ele escrevia Rei Lear. “Pillicock se empoleirou no monte Pillicock”,
1
canta o louco Pobre Tom.) Ele ouvia no som das palavras coisas que os outros
não ouviam; fazia conexões que os outros não faziam; e se enchia de um prazer
todo seu.
Esse foi um amor e um prazer que a Inglaterra elisabetana conseguiu despertar, satisfazer plenamente e recompensar, já que a época prezava a eloquên-
1. “Pillicock sat on Pillicock-hill” (3.4.73). [Todas as notas de rodapé são dos tradutores.]
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(clique no link lá em cima e leia......>