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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Saudades do "dilmês" ... / Celso Arnaldo

Celso Arnaldo comenta a última da Dilma

Autor de 'Dilmês, o Idioma da Mulher Sapiens', Celso Arnaldo Araújo analisa o apagão mental da ex-presidente

Eu ia mandar um post sobre esse momento constrangedor na Itália, mas acabei esquecendo…como a Dilma. A mim, como dilmologista de primeira hora, me ocorreu outra situação nessa cena. Ao olhar para a tradutora, depois de um fluxo ininterrupto de asneiras, ela se dá conta de que estava falando há mais de um minuto, sem dar pausa para a intervenção da moça.
Ela “esqueceu” da tradutora, não do texto ─ o que no fundo dá no mesmo. Daí o “engrenei uma primeira..”. Com Dilma, todos os tradutores são “traditore”, como diz a velha máxima. É impossível mediar uma fala de Dilma sem trair o pensamento humano.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

"Nasce uma estrela" / Dilma virou palestrante internacional


Celso Arnaldo e a palestrante Dilma: Nasce uma estrela

Na apresentação de estreia, a ex-presidente investiu contra o 'puerigoso Trâmpi'

Por: Augusto Nunes  
Mario Sergio Cortella, Clóvis Barros Filho, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé: coloquem as barbas e as calvas de molho. O mercado brasileiro de palestrantes tem uma nova atração: Dilma Rousseff. Sua estreia foi semana passada, em estilo “soft opening” – no provinciano Uruguai pós-Mujica e num evento de improvável repercussão global, uma certa “Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo”. Mas os fragmentos dessa sua primeira palestra que nos chegam têm uma profundidade analítica e uma visão de mundo que prenunciam a boa nova: péssima presidenta, Dilma Vana Rousseff será a palestrante mais requisitada do mundo, sobretudo nos bares de stand-up. E já começa definindo as eleições americanas em favor de Hillary Clinton, ao denunciar o surgimento do Partido Republicano e demitir sumariamente Donald “Trâmpi”:
“O que eu acho que nós estamos vivendo é algo muito puerigoso (sic). E é perigoso porque surge (sic) pessoas do tipo do Trâmpi. Surge o Trâmpi. Surge (sic), é, eu diria, partidos e propostas de direita, quase neofachistas (sic), que são extremamente perigosas”.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Dilma quer escrever um livro.../ Celso Arnaldo Araujo comenta o livro que não foi escrito

Celso Arnaldo Araújo: Se até hoje leu alguma coisa, Dilma certamente não absorveu nadica de nada

Por: Augusto Nunes  

O autor de 'Dilmês - O Idioma da Mulher Sapiens' analisa o livro que nunca será 



escrito

A mesma Natuza Nery que noticiou hoje o nascimento de Agatha Rousseff e seu misterioso dilmês ─ a linguagem assassina serial de ideias e raciocínios ─ revelou ao mundo, em maio de 2013, a transformação da presidenta na comandanta Dilma, quando a bordo do AeroLula. Numa matéria apoteótica publicada na Folha em maio de 2013, Natuza revelou que a presidenta comandava o Airbus da Presidência por meio de seus vastos conhecimentos de mapas aeronáuticos. Segundo a jornalista, como Dilma detesta turbulências, ela orientava o comandante da aeronave presidencial, um brigadeiro, a voar em céu de…brigadeiro. Mudava rotas e altitudes para não deslocar um milímetro do seu laquê. “Ela detesta quando o avião presidencial sacode em pleno ar”, escreveu então a repórter, num simulacro do idioma de sua personagem, sem explicar se seria possível o Airbus sacudir em pleno chão.
Pois bem, na matéria de hoje, Natuza resgata a mistificação da mídia que, um dia, fez de Dilma uma leitora voraz, uma scholar compenetrada, uma colecionadora de arte que acondicionava sua pinacoteca virtual num pendrive ─ a primeira “penacoteca” do mundo. Entrevistando a senhora em seu apartamento de Porto Alegre, a jornalista tem acesso à vasta biblioteca da mulher que criou um idioma só para si. A repórter se impressiona com duas estantes, repletas de livros ─ e então ficamos sabendo que, além da mandioca, Dilma continua saudando a literatura que finge conhecer. “Eu queria muito escrever um romance policial. Gosto muito. Li muito” – disse a ex que dizia que, quando criança, hesitava entre o Corpo de Bombeiros e o Corpo de Baile do Theatro Municipal.
A propósito de que Dilma escreveria, se soubesse escrever, um romance policial? Evidentemente, Dilma nunca o escreverá ─ como jamais escreveu nada, além de broncas iletradas em ministras cujo nome ela rebatizou a seu modo. E, se até hoje leu alguma coisa, Dilma certamente não absorveu nadica de nada ─ o que é raro num ser humano alfabetizado. A existência de uma devoradora de livros semi-analfabeta seria um enigma para os detetives Sherlock Holmes, Hercule Poirot e Maigret tentarem desvendar juntos – antes que a elementar Agatha Rousseff se torne concorrente deles.
Ainda do papo de Natuza Nery com Dilma: além da incomensurável, da chocante, da crescente pequenez existencial e mental da ex-presidente acidental, que da conversa resulta numa dona de casa assustadoramente medíocre para quem comandou o Palácio do Planalto, me chamou a atenção o trecho da matéria em que ela diz ter desenvolvido LER nos punhos por andar de bicicleta. Perdoem minha ignorância de não-ciclista (um dos únicos do país, presumo): segurar o guidão imóvel dá lesão de esforço repetitivo? O esforço repetitivo maior de um ciclista não é nas pernas? De qualquer modo, não deixa de ser uma metáfora cruel do impeachment: Dilma caiu pelas pedaladas assinadas com o punho.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

"Quem tem, tem medo" ...Vídeo

Quem tem, tem medo

Dilma Rousseff discursa em dilmês rústico

Por: Augusto Nunes  
“…do fígado do Bon Marché, que diz mais ou menos o seguinte: quando atua o mal do medo, passa-se a sentir o medo do mal”. (Dilma Rousseff, internada por Celso Arnaldo Araújo na conversa com mulheres que não se afastam dela, aparentemente descrevendo o delírio que teve depois de comprar fígado no supermercado Bon Marché

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Discurso conhecido como 'Mandioca Sapiens' entra no currículo da presidente Dilma / coluna de Augusto Nunes


24/06/2015
 às 18:33 \ Direto ao Ponto

Depois do rego oficial, Dilma exuma a mulher sapiens, celebra a conquista da mandioca e vira candidata à interdição

Especialmente impressionado com o que batizou de “já antológico “discurso da mandioca sapiens – o novo ícone do governo de Dilma Rousseff” ─. o jornalista Celso Arnaldo Araújo mantém internada desde ontem a frequentadora mais assídua do Sanatório Geral. Vai continuar mais algumas horas, determinou o descobridor do dilmês no recado em que pinçou um dos dez piores momentos da mais bisonha e implausível oradora da história do Brasil:
“Então, aqui, hoje, eu tô saudando a mandioca. Acho uma das maiores conquistas do Brasil”.
O vídeo de 48 segundos sopra que, pelo que disse antes e depois da celebração desse triunfo nacional, Dilma talvez deva permanecer no Sanatório mais alguns meses. Ou para sempre, sugere o torturado e torturante funcionamento do maquinismo mental resumido num neurônio só. Tente acompanhar o palavrório sem pé nem cabeça:
“Nós tamo comungando a mandioca e o milho, e certamente nós teremos uma série de produtos que foram essenciais para o desenvolvimento da civilização humana ao longo dos séculos“, começa o trecho do que foi, na imagem de Nelson Rodrigues, uma patuscada inverossímil da cabeça aos sapatos. Na continuação, entra a celebração da mandioca. A plateia endossa a maluquice com risos e aplausos. Segue o baile.
Com um estranho objeto na mão esquerda, a presidente explica o que é aquilo. “Pra mim essa bola é um símbolo da nossa evolução. Quando nós criamos uma bola dessas, nós nos transformamos em homo sapiens”. Faz uma pausa ligeiríssima, capricha no sorriso superior e corrige: “Ou mulheres sapiens“. Termina o vídeo.
Mas o enigma continua: o que houve com a Doutora em Nada que vai tornando muito pior o que aparentemente alcançara os limites do péssimo? O falatório na abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas confirma que, depois de confessar que poucas coisas na vida são mais aprazíveis que caipirinha com tequila, Dilma deu de enveredar pelo traiçoeiro terreno da ambiguidade, apimentando o idioleto que inventou com expressões que, em português, podem significar isto, aquilo ou outra coisa muito diferente. Há uma semana foi o rego. Agora é a mandioca.
Se o impeachment por excesso de delinquências tropeça em malandragens de rábula, que tal resolver o grande problema do Brasil com a interdição por falta de cérebro? Quem exuma mulheres sapiens e faz declarações de amor à mandioca é incapaz de governar sequer a derradeira oca habitada pelo único sobrevivente da última tribo isolada nos confins da Amazônia


segunda-feira, 14 de abril de 2014

Alienação, alienista, alienada, alienígena... tudo junto e misturado / Implicando com Machado de Assis


14/04/2014
 às 14:48 \ Direto ao Ponto

Machado de Assis é a nova aquisição do selo literário Dilma Rousseff: “Muitas vezes você é criticado por ter o cachorro e, outras vezes, por não ter o mesmo cachorro”

dilma cachorro
CELSO ARNALDO ARAÚJO
Machado de Assis, maior nome da literatura brasileira, é a nova aquisição do selo Dilma Rousseff – especializado em adaptar para o dilmês obras-primas das letras nacionais, com um grau de acurácia inferior ao do patético Google Tradutor.
Seu autor favorito vinha sendo Nelson Rodrigues, o frasista perfeito ─ por via do dilmês, transformado num escriba de péssimos bofes e estrofes, capaz de cometer pecados estilísticos mortais, como “não se pode apostar no pior” ou “pessimistas fazem parte da paisagem assim como os morros, as praças e os arruamentos”. Coisas que Nelson nunca disse ou escreveu e não diria ou escreveria nem sob um ataque de apoplexia, enforcado por seus suspensórios e afogado num barril de baba elástica e bovina.
Agora é a vez de Machado, novo contratado da editora DR. A pátria em chuteiras deu lugar à pátria em cachorros. Mestre na observação psicológica, só Deus sabe quanto se esforçou o mago do Cosme Velho para esculpir o personagem do barbeiro Porfírio, um dos opositores do protagonista Simão Bacamarte no conto “O Alienista”. O médico Simão, que estudara na Europa, volta ao Brasil e se instala na pequena Itaguaí, estado do Rio, onde abre um hospício, a Casa Verde, “a bastilha da razão humana”, com um conceito muito amplo, quase universal, de loucura. Bastava uma esquisitice, uma mania e até uma mera vaidade humana e o cidadão era internado na Casa Verde – isso incluía 80% da população.
O pacato barbeiro Porfírio então lidera uma rebelião contra o hospício e seus métodos. Pouco adiante, porém, Bacamarte, o alienista, muda radicalmente seu conceito – passa a considerar loucura qualquer demonstração de bom senso. E eis Porfírio de novo à beira do hospício, a cunhar o lendário aforismo que atravessaria 132 anos – a partir da publicação do conto — para chegar intacto aos dias de hoje como um primor da ironia dialética:
“Preso por ter cão, preso por não ter cão!”.
Bem, intacto até cruzar com Dilma Rousseff, que – no discurso de Porto Alegre em que defendia sua Copa – enquadrou o dito machadiano em sua sintaxe enlouquecida, com a camisa de força de um idioma insano:
“E é interessante que muitas vezes no Brasil, você é, como diz o povo brasileiro, muitas vezes você é criticado por ter o cachorro e, outras vezes, por não ter o mesmo cachorro”.
De cara, ela confundiu Machado com o povo brasileiro, atenuou a prisão original em mera crítica e transformou o cão em cachorro – é o mesmo animal, mas as cinco letras a mais fazem toda a diferença em termos de estilo e prosódia. Seria a materialização da figura oculta do cachorro que Dilma vira atrás de cada criança, na mesma Porto Alegre? Sim, “o mesmo cachorro” – para não deixar dúvida.
Logo adiante, a crítica rende prisão, mas temporária:
“Então, nessa história de preso por ter cachorro, criticado por ter cachorro e criticado por não ter o cachorro, o que eu estou explicando para vocês é o seguinte…”
Não, Dilma Bacamarte nunca terá uma explicação lúcida. No seu hospício idiomático, todas as palavras viram coisa de louco.
Nas eleições de outubro, a confirmarem-se as previsões, Machado de Assis será novamente vilipendiado:
– Ao vencedor, as batatadas.