"Assim como a Copa da Fifa em 2014, a Olimpíada do Rio foi anunciada e programada como uma espécie de quarup para cultuar a personalidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disposto a mostrar ao mundo que o Brasil elegeu um operário braçal presidente e que ele próprio estava à altura de repetir Hitler, Mussolini, Stálin, Mao e Pol Pot. Deu no que deu. Respondendo a inquéritos policiais por haver assistido inerme o assalto também programado da organização criminosa à qual entregou chaves e segredos dos cofres públicos, o ex-dirigente sindical não sobreviveu sequer à condição de símbolo da riqueza ostensiva da nova classe dirigente brasileira, que saiu da periferia pobre, frequentou palácios e morre de medo de terminar na prisão. Enquanto aguarda a polícia bater à sua porta, Lula vê evaporar até o status de símbolo dos Jogos que consagram atletas pelo suor e governantes pelo oportunismo. O lugar foi tomado por uma mártir de verdade: depois de acorrentada para ser fotografada cercada de soldados do Exército fardados e com metralhadoras em riste, a onça-pintada Juma, mascote do Centro de Instrução de Guerra na Selva, Centro Coronel Jorge Teixeira, foi abatida por um tiro de pistola para não ferir, machucar e talvez até matar um garboso soldado.
A fotografia, publicada na página 16 do Estadão de hoje, é, ao mesmo tempo, pungente e lastimável: dois sujeitos fantasiados de guerreiros da paz erguem uma tocha olímpica, objeto cênico usado para fingir uma harmonia que o país deixou de viver há muito tempo. O animal à frente, evidentemente irritado, serve de símbolo de uma nação espoliada por um bando de canalhas que, além de roubá-la, ainda sai pelo mundo afora a ostentar o produto de sua rapina. Com a cumplicidade tácita de um bando de exibicionistas que põem a própria vaidade acima de tudo na vida, inclusive a vergonha alheia..."
"Assim como a Copa da Fifa em 2014, a Olimpíada do Rio foi anunciada e programada como uma espécie de quarup para cultuar a personalidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disposto a mostrar ao mundo que o Brasil elegeu um operário braçal presidente e que ele próprio estava à altura de repetir Hitler, Mussolini, Stálin, Mao e Pol Pot. Deu no que deu. Respondendo a inquéritos policiais por haver assistido inerme o assalto também programado da organização criminosa à qual entregou chaves e segredos dos cofres públicos, o ex-dirigente sindical não sobreviveu sequer à condição de símbolo da riqueza ostensiva da nova classe dirigente brasileira, que saiu da periferia pobre, frequentou palácios e morre de medo de terminar na prisão. Enquanto aguarda a polícia bater à sua porta, Lula vê evaporar até o status de símbolo dos Jogos que consagram atletas pelo suor e governantes pelo oportunismo. O lugar foi tomado por uma mártir de verdade: depois de acorrentada para ser fotografada cercada de soldados do Exército fardados e com metralhadoras em riste, a onça-pintada Juma, mascote do Centro de Instrução de Guerra na Selva, Centro Coronel Jorge Teixeira, foi abatida por um tiro de pistola para não ferir, machucar e talvez até matar um garboso soldado.
A fotografia, publicada na página 16 do Estadão de hoje, é, ao mesmo tempo, pungente e lastimável: dois sujeitos fantasiados de guerreiros da paz erguem uma tocha olímpica, objeto cênico usado para fingir uma harmonia que o país deixou de viver há muito tempo. O animal à frente, evidentemente irritado, serve de símbolo de uma nação espoliada por um bando de canalhas que, além de roubá-la, ainda sai pelo mundo afora a ostentar o produto de sua rapina. Com a cumplicidade tácita de um bando de exibicionistas que põem a própria vaidade acima de tudo na vida, inclusive a vergonha alheia..."
Vírus Zika: Cientistas de Harvard e Oxford dizem que Olimpíada do Rio 'deveria ser transferida ou adiada'
Especialistas dizem que descobertas recentes sobre o zika tornam 'antiética' a manutenção dos jogos no Rio.
Da BBC
Em carta aberta enviada à OMS (Organização Mundial da Saúde), um grupo formado por mais de 100 cientistas internacionais afirma que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deveriam ser transferidos ou adiados em decorrência do surto de vírus Zika.
Os especialistas dizem que descobertas recentes sobre o zika tornam "antiética" a manutenção dos Jogos no Rio. Na carta, os cientistas também pedem que a OMS reveja com urgência suas recomendações sobre o Zika, um vírus relacionado a uma série de problemas no nascimento, incluindo microcefalia.
A carta ainda diz que o adiamento ou a transferência dos Jogos também "diminui outros riscos trazidos por uma turbulência história na economia, governança e na sociedade do Brasil - que não são problemas isolados, mas que fazem parte de um contexto que tornam o problema do Zika impossível de resolver com a aproximação dos Jogos".
Em maio, o Comitê Olímpico Internacional disse que não vê razões para atrasar ou transferir os Jogos por causa da doença. No Brasil, a explosão da enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegypti aconteceu há um ano - hoje mais de 60 países e territórios são afetados pela doença.
A carta afirma que o Zika está relacionado à microcefalia (crescimento do crânio abaixo da média) em recém-nascidos e que pode trazer síndromes neurológicas raras e às vezes fatais a adultos.
O documento é assinado por 125 cientistas, médicos e especialistas em ética médica de instituições como as universidades de Oxford, no Reino Unido, Harvard e Yale, ambas nos Estados Unidos.
O melhor prêmio que a Olimpíada no Rio poderá proporcionar aos atletas brasileiros será o milagre de que nesse momento o Brasil volte a estar unido em um mesmo projeto
O Brasil perdeu a Copa em 2014. E perdeu-a mal. Aquela derrota deixou feridas, e desde então uma sombra se abateu sobre a magia do futebol brasileiro, que deixou de emocionar o mundo.
Será a Olimpíada do Rio, a ser aberta daqui a 12 meses, a revanche daquela derrota?
A Copa foi um fracasso futebolístico e político porque o torneio organizado no país pentacampeão acabou sendo envolvido em suspeitas de corrupção, e sua abertura foi maculada pelas vaias à presidenta Dilma Rousseff e pelas manifestações populares de protesto. E por aquele fatídico 7 x 1, que entrou para a história como se Deus tivesse deixado de ser brasileiro.
Desde então, o clima político se agravou. A crise se agigantou, e o consenso em torno da presidenta Dilma encolheu. Entretanto, desta vez não se nota um movimento popular contra a Olimpíada, um acontecimento de igual ou maior envergadura esportiva que a Copa do Mundo de futebol.
É como se os brasileiros quisessem fazer do sucesso dos Jogos Olímpicos um contraponto à derrota da Copa, de modo a lhes devolver o orgulho esportivo perdido. Mas será que os preparativos para a Olimpíada estão à altura da sua importância, ou já revelam lacunas graves, como as da poluição das águas onde as regatas serão disputadas, que já foi alvo de denúncias internacionais?
Será que o Brasil e o Rio têm atualmente um clima político e social que permita fazer dos Jogos um fato histórico, que deixe sua marca?
Os Jogos Olímpicos serão no Rio, mas, rivalidades regionais à parte, o Brasil é impensável sem a Cidade Maravilhosa, sem contar que a capital fluminense, meca do turismo internacional, é hoje um mosaico de pessoas de todo o país, um microcosmo brasileiro. É todo o país, portanto, que sedia a Olimpíada. Participarão cerca de 10.000 aletas de aproximadamente 200 países, em mais de 300 eventos.
Os Jogos Olímpicos nasceram na Grécia, há nada menos que 2.791 anos, ou seja, em 776 a.C.. Era na época um acontecimento não só esportivo como também religioso, político e social. Era o maior evento do país, e era dedicado aos deuses.
Nas Olimpíadas modernas, que começaram há 120 anos e foram se tornando cada vez mais cosmopolitas, as cidades que as receberam passaram por uma intensa transformação e modernização. Nenhuma das metrópoles que promoveram Jogos Olímpicos permaneceu igual ao que era antes. Tornaram-se melhores, mais habitáveis e mais belas. Barcelona é um exemplo na Espanha. Será também o Rio?
Para o sucesso da Olimpíada será necessário que, até lá, a crise política tenha sido pelo menos encaminhada
Não sou daqueles que acham que as Olimpíadas estão perdendo seu antigo brilho e que as cidades já não desejam sediá-las. Organizar os Jogos Olímpicos continua sendo o sonho e a inveja das grandes metrópoles. Quando o Rio ganhou, Madri chorou por ter perdido.
O Rio e o Brasil têm a esperança de que seus atletas possam ficar entre os 10 melhores do mundo, dobrando o número de medalhas obtido na última Olimpíada, em Londres. É um desejo legítimo. Entretanto, essas medalhas não são a única coisa importante.
O que contará, no final, será a imagem de país que for transmitida ao mundo. Será preciso demonstrar, além do bom desempenho dos nossos atletas, que Rio depois dos Jogos será uma cidade não só mais bela, mas também mais funcional, mais humana e menos violenta.
Uma cidade menos dividida entre o asfalto e o morro, entre a opulência e a pobreza. Menos rasgada entre aqueles que têm de sobra para viver e os que sofrem porque sua renda continua a mantê-los na escassez material e cultural.
Para o sucesso da Olimpíada será necessário que, até lá, a crise política tenha sido pelo menos encaminhada. É de se desejar que esses Jogos sejam abertos por um Presidente da República que no dia da abertura, que será vista por bilhões de pessoas no mundo todo, possa ser aplaudido ao invés de vaiado, como ocorreu na Copa.
Será necessário que a essa altura já se comece a vislumbrar uma luz no fim do túnel da maltratada economia brasileira, e que os índices negativos de desconfiança dos brasileiros quanto ao seu futuro já tenham baixado.
Os amantes do esporte e os cariocas, cuja hospitalidade e internacionalismo são proverbiais, merecem isso. Assim como esse outro Brasil, o que não sai nos jornais e na televisão, o que trabalha em silêncio, sem fazer barulho, cujas lágrimas são invisíveis para nós. Esse Brasil que sofre em solidão e anonimato e que se sente importante com as vitórias esportivas nacionais.
Merecem isso os habitantes sacrificados e sofridos das comunidades carentes que cercam a Cidade Maravilhosa qual uma dolorosa coroa de espinhos, vítimas quase diárias da violência policial e institucional.
Se, ao contrário, a Olimpíada servisse somente para melhorar a vida dos que desfrutam do asfalto, esquecendo-se, no apagar suas luzes, do outro Rio, isso significaria uma derrota mesmo que se ganhasse mais medalhas do que nunca, e mesmo que o centro da cidade ficasse mais bonito.
A população do Rio certamente terá durante a Olimpíada uma segurança com a qual os cariocas nunca sonharam. Isso ficará a cargo dos milhares de policiais e soldados do Exército. E depois?
Esse será o teste definitivo. O Rio será, a partir da Olimpíada, uma cidade mais segura e integrada? A única medalha que o Rio não deverá ganhar é “a do ranking da violência”, como escreve Joaquim Ferreira dos Santos com amarga ironia em sua coluna do O Globo.
Na antiga Grécia, o atleta vitorioso não ganhava medalhas, a vitória era dedicada ao deus Zeus. O melhor prêmio que a Olimpíada poderá proporcionar aos atletas brasileiros no Rio será o milagre de que nesse momento o Brasil volte a estar unido em um mesmo projeto de esperança e prosperidade.
Será a melhor revanche à derrota esportiva, política e moral da Copa.
Quem sabe a Olimpíada não realiza também o milagre, se é que Deus continua sendo brasileiro, de ressuscitar o futebol, cujo eclipse empobrece e dói em todos nós?