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terça-feira, 16 de abril de 2013

Há uma maneira de conscientizar os jovens para dirigir sem ingerir bebidas alcoólicas ?

JAIRO BOUER - 16/04/2013 12h23 - Atualizado em 16/04/2013 12h25
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Por que eles bebem e dirigem?

JAIRO BOUER
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JAIRO BOUER é médico formado pela USP, com residência em psiquiatria. Trabalha com comunicação e saúde. E-mail: jbouer@edglobo.com.br (Foto: Camila Fontana/ÉPOCA)
A adoção de uma lei seca mais rigorosa no Estado de São Paulo não bastou. Os dados da Secretaria de Segurança Pública revelam uma redução de quase 20% de acidentes com mortes no trânsito nos primeiros meses de 2012 para 2013 no Estado depois da lei, mas, no mesmo período, dois acidentes impressionaram. Um deles amputou o braço de um jovem ciclista em plena Avenida Paulista, uma das principais artérias de São Paulo. O outro matou um garoto de 15 anos que andava de skate numa rua de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ambos foram vítimas de motoristas alcoolizados. O convívio dos motoristas com ciclistas, motoqueiros, skatistas e pedestres nas ruas, cada vez mais estranguladas pelo trânsito nas médias e grandes cidades do país, se tornou insano. Quando a bebida entra nessa relação tensa, os efeitos são ainda mais catastróficos.
Várias propostas têm sido discutidas no mundo para reduzir a violência no trânsito. Em muitos países, ela é a principal causa de mortes entre os jovens. Entre as medidas, aumentar a carga tributária (e, por tabela, o preço das bebidas), diminuir os pontos de venda de álcool à noite, regulamentar a publicidade, fiscalizar com mais rigor e impor penas mais duras. Tudo isso parece causar um impacto inicial nos números. O grande desafio é aprimorar os resultados e torná-los permanentes.

Há questões estruturais importantes que devem, também, ser atacadas. Nas grandes cidades, transporte público de qualidade e barato, estendido madrugadas adentro, que garanta um meio tranquilo de o jovem chegar em casa, é um deles. Criar áreas seguras nas ruas (com ciclovias protegidas) também pode ser uma medida importante. Alguns países estudam a instalação de detectores de álcool (uma espécie de bafômetro pessoal) acoplados a caminhões, ônibus e até carros particulares. Para ligar o motor, o próprio carro exige um controle do consumo de bebida.

Além desses fatores, não se pode esquecer o comportamento. Mais que ensinar a guiar e a respeitar quem está nas ruas, a educação para o trânsito deveria passar pela percepção do risco envolvido no ato de guiar embriagado ou sob efeito de outras drogas. É aí que se esbarra numa das questões mais difíceis. Como sensibilizar o condutor do veículo, principalmente o jovem motorista, do risco que ele corre e, pior, que ele pode oferecer aos outros? Sem mexer nesse componente humano, de noção de responsabilidade e limite, será difícil solidificar as conquista
s deste início de ano.