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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Festival de Cannes, o estágio entre a realidade e a ilusão...

http://blogs.estadao.com.br/flavia-guerra/os-famosos-de-cannes-de-perto-eles-sao-quase-normais/

31.maio.2012 09:03:41

Os famosos de Cannes: de perto, eles são (quase) normais

Este texto foi publicano no E+  http://emais.estadao.com.br/noticias/cin…), mas vale aqui também. Do capítulo Bastidores de Cannes, os famosos por trás das câmeras:
kristen1.jpg
Kristen Stewart em conversa com a imprensa: pés descalços e nada de maquiagem
(foto by Anna Luiza Muller)


Flavia Guerra/Cannes
Durante a entrevista coletiva do júri após a premiação do Festival de Cannes 2012 no domingo à noite, entre tantos assuntos cinéfilos para se tratar, um dos jornalistas perguntou a Nanni Moretti (diretor de Habemus Pappam e presidente dos jurados este ano) se ele apoiava a presença cada vez maior de blockbursters americanos e de estrelas de Hollywood na Croisette.
Diplomático, Moretti disse que para ele não importa de onde vem o cinema, mas sim se o filme é bom ou não. Pode-se concordar ou discordar, mas o fato é que, ainda que um filme romeno como Behind The Hills traga uma performance maravilhosa de duas atrizes que tiraram a Palma de favoritas como Marion Cotillard, só mesmo Hollywood garante a badalação que faz de Cannes o mais glamouroso dos festivais de cinema do mundo.
O que seria da monté de marche (o desfile, com direito a paradinha para fotos no Tapete Vermelho) se não fossem nomes como Nicole Kidman, Brad Pitt, Robert Pattinson, Kristen Stewart, Sean Penn, entre tantos outros? Seria como a monté do filme russo In The Fog. Um dos filmes mais belos e vigorosos deste ano, o longa de Sergei Losnitza viu um pitching de fotógrafos (as escadinhas onde eles se estapeiam por um melhor ângulo da festa) praticamente vazio. Era de cortar o coração.
Mas o que dizer da monté de marche de Na Estrada? A première do longa do brasileiro Walter Salles literalmente causou na Croisette. Causou congestionamento e o maior tumulto do ano. Tudo por conta das fãs que se descabelavam para ver Robert Pattinson passar ao lado da namorada Kristen Stewart. Os fãs fieis de Brad e Angelina que me perdoem, mas o ‘casal Crepúsculo’ leva o troféu ‘casal glamour’ este ano. Para quem tem a sorte de encontrar Pattinson e Kristen em situações, digamos, mais descontraídas, a impressão é a mesma. A repórter que vos fala foi à festa de Na Estrada no Cassino e teve a alegria de dividir a mesma pista de dança com Pattinson e Kristen, que circulavam tranquilos e só apelaram para os seguranças na hora de ir embora e encarar de novo as fãs enlouquecidos. Inspirada nas breves, mas divertidas, conversas com os famosos de Cannes este ano, uma pequena análise de cada um deles:
Robert Pattinson
Confesso. Não sou da geração Crepúsculo, nunca fui muito fã da saga e nem caí de amores pelo Pattinson. Até que fui escalada para uma junket (como se chamam os lançamentos de blockbusters que reúnem imprensa internacional e elenco do filme para conversas) em Los Angeles e me encantar com a simpatia do moço. Pattinson é inglês, o que já faz uma grande diferença quando um ator se torna uma estrela. Mais pé no chão em geral que os americanos, as estrelas europeias sabem que, além de muito glamour, há muito jogo de aparência em Hollywood. Pode soar como clichê, mas muita gente ainda se deixa seduzir por esta ideia da ‘meca dourada’ do cinema. Enfim, bom inglês que é, Pattinson gasta seu sotaque britânico para mostrar cada vez mais que não está muito a fim de ser galã a vida toda. É discreto e nada arrogante. Nem de longe dá as respostas ácidas que sua namorada Kristen adora dar. E voltou a provar isso em Cannes. Estrela de Cosmópolis, do sempre controverso David Cronenberg, Pattinson sorria muito, conversava tranquilo com os fãs e fazia questão de ser leve e descontraído nas entrevistas. Quando questionado sobre sua vida de estrela, fez questão de se mostrar ‘um cara normal.” Sem medo de errar, pode-se ver muito bem que ele é tímido, que sorri para esconder o nervosismo. Diante de seus olhos azuis, que ganharam elogios até de Paul Giamatti, impossível não cair de amores.
Kristen Stewart Se o namorado Robert Pattinson é um cara tranquilo e sorridente, o mesmo não se pode dizer de Kristen. Baixinha, magrinha e com um discreto ar de invocada, a atriz prova cada vez mais que não dá respostas prontas, não faz o tipo boazinha, e não está nem aí para as convenções. A mesma impressão que tive ao conhecê-la em Los Angeles, tive agora alguns meses depois. Ela é linda? É. Muito mais bonita com seus olhos azuis que com as lentes castanhas que usava em Crepúsculo, não tem medo de dar entrevista de shortinho e chinelo, de dizer que está com cara de sono porque tirou uma soneca antes do encontro com os jornalistas, e de tomar água no gargalo e dispensar o copo. Coisa raríssima no showbizz de hoje, Kristen diz mesmo o que pensa . E mais raro ainda, ela pensa! E muito! Por exemplo, o que em geral diz uma atriz ao comentar cenas de sexo ousadas? Que ficou super segura porque o diretor é incrível e a fez se sentir protegida etc etc etc. Já Kristen, quando questionada sobre as cenas picantes que protagoniza em On The Road, disse: “Claro que foi desconfortável, claro que senti medo. Mas eu gosto de sentir medo. É pelo desafio que faço cinema”. Palmas para Kristen!
Sean Penn Outro que não faz a mínima questão de ser o namoradinho da América. A primeira vez que o entrevistei foi no Festival de Roma de 2008, quando ele lançava Na Natureza Selvagem. Na entrevista, ele foi simpático, mas não muito. Sorria de leve quando ouviu perguntas mais incisivas e dava sempre um jeito de ir direto ao ponto quando não concordava com os jornalistas. Voltei a encontrá-lo agora para a coletiva de imprensa em prol de suas ações sociais no Haiti em Cannes. Penn continua merecendo o troféu de estrela mais azeda de Hollywood. É intrigante sua figura. Ao mesmo tempo em que é capaz de conseguir mobilizar o maior festival de cinema do mundo para convocar uma coletiva inédita (até então nenhum evento que não tivesse um filme envolvido havia ganhado uma coletiva em Cannes), é também capaz de ser ríspido e irônico ao extremo. Penn não faz cara de bonzinho. Tem sempre aquele ar de ‘não estou nem aí para você’. E está tão aí para as questões sociais do mundo que já embarcou em missões em Nova Orleans pós-Katrina, e agora é praticamente uma entidade no Haiti. Ele pode não ser o cara mais simpático e bonito do circuito, mas é definitivamente um dos mais instigantes. E que charme!
Brad Pitt