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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Uma exposição do talento de Daniel Piza por Júlio Daio Borges em o "Digestivo Cultural"

http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3480&titulo=Encontros_(e_desencontros)_com_Daniel_Piza

Fernando Pessoa


* Lamento, sinceramente, não ter tido mais encontros com o Daniel Piza. Perdi alguém que, além de uma admiração, foi uma espécie de mentor. Quase um irmão mais velho que o jornalismo cultural me legou. E perdi um intelocutor como poucos. Gostaria de dizer, ainda, que perdi um amigo, se não estivéssemos, muitas vezes, em arenas opostas, e se tivéssemos sabido aproveitar mais a amizade, pura e simples. O Daniel vai ficar como um dos grandes do nosso jornalismo, podendo se ombrear com os maiores de qualquer época, e de qualquer país, na editoria de cultura. Talvez como a bossa nova, na frase de Caetano Veloso, o jornalismo brasileiro não tenha sabido merecê-lo. Sua erudição era autêntica (fui testemunha) e a lista de coisas que lia e/ou acompanhava sempre me exasperava. Minha salvação, aliás, foi ter desistido de ser o Daniel Piza, no tempo do "Fim de Semana", e ter procurado meu próprio caminho, através do Digestivo. <http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3480&titulo=Encontros_(e_desencontros)_com_Daniel_Piza>

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mais sobre Daniel Piza....

http://www.digestivocultural.com/blog/post.asp?codigo=3291&titulo=Um_Leitor_sobre_Daniel_Piza
Olá, Julio

Queria ter escrito logo na semana passada, mas acabou ficando só para hoje. Meu nome é Germano Stein, te sigo no Twitter. Meu objetivo era agradecer pelo texto sobre o falecimento do Daniel Piza

Como leitor dele de longa data, sua morte repentina me entristeceu profundamente e eu ainda procurava na internet algum obituário que lhe fizesse justiça. Eu até já havia procurado um texto teu no Digestivo na terça à tarde, mas não vi nenhuma menção. Achei até estranho, sabia que o Piza era uma figura tão importante para você e o Digestivo. Por isso, foi uma alegre surpresa ver na quarta de manhã um link no Twitter para o "Encontros (e Desencontros)"........>>>>>



Acho que isso resume meu histórico com a obra do Piza, mas não explica exatamente minha tristeza. Em primeiro lugar a trajetória do Piza lembra ― para usar termos do futebol que lhe era tão caro ― um jogo com um placar final amargo, cheio de bolas na trave e golaços que ficaram no quase.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Morreu Daniel Piza, cronista, escritor que pertencia ao meu colar de admirações....


De presentes e ausências

Nesta época é comum ver, além das retrospectivas, os apelos piegas ao tal espírito natalino, abusos de expressões como “renovar esperanças”, previsões furadas de astrólogos, tarólogos e outros loucos, textos que lamentam onde estão os natais d’antanho, mensagens de boas festas com listas de virtudes. Meu impulso é perguntar por que as pessoas não procuram ser assim o ano todo, e não apenas no solstício que foi apropriado pela religião e pelo folclore para se tornar uma data paradoxal em que se discursa sobre bons sentimentos enquanto se consome em ritmo febril; até mesmo os nacionalistas se calam diante do fato de que a festa não tem cara do calor de 34 graus. E então me ponho a pensar em como generosidade e respeito, para ficar só nesses dois itens, andam em falta nos tempos atuais, especialmente nas grandes cidades, e em como a tecnologia que deveria nos aproximar nos tem dispersado. Mas lembro os Natais de infância, comparo com o dos meus filhos e as diferenças se tornam irrelevantes, porque os prazeres e as questões são muito parecidos. E os dias deliciosamente desocupados, desacelerados, convidam ao balanço do ano, ainda que tenha tido tantas tristezas em meu caso, e sem balanço não há avanço.
Somos carne e pensamento, um não se dissocia do outro, e do mesmo modo o Natal é ficar feliz em dar e receber presentes, é ver as crianças alegres com o que ganham e pronto, sem místicas nem melancolias. Lembro que meu avô nos levava em seu Opala, no banco da frente, câmbio atrás do volante, para procurar o Papai Noel. Olhávamos para o céu e achávamos que qualquer luzinha era a carruagem de renas. Quando voltávamos, ele já tinha passado e deixado os presentes sob a árvore. Um primo mais velho me disse: “Cheguei até a ver a perna dele saindo pela janela”. Eu devia ter uns oito anos e achei estranho; afinal, era só ter ficado ali que com certeza o veríamos, já que eu nunca tinha conhecido ninguém que não ganhasse presentes todo santo Natal. (Eu já estava acometido desta mania de descrença: antes de fazer 6 anos, na minha primeira viagem de avião, assim que ficamos acima das nuvens perguntei ao meu pai onde estavam os “anjinhos”. Não era ali que diziam que eles moravam?) De qualquer modo, afora as comidas saborosamente calóricas, quase sempre o presente fazia a dita magia da noite. Digo “quase sempre” porque uma vez pedi um Piloto Campeão e ganhei uma Motocleta. Inconformado, reclamei: “Que Papai Noel burro!” Mas a Motocleta, espécie de triciclo evoluído, me divertiu muito mais ao descer a rampa do abacateiro na chácara que tínhamos.
Ver o sorriso de filhos e sobrinhos é boa maneira de encerrar o ano, como o fecho de capítulo de um livro que ainda não terminou, e mesmo que não chegue a redimir o capítulo ruim. Perdi minha mãe e, apesar das falas pseudo consoladoras do tipo “É a vida” (não, é a morte mesmo) e “Tudo vai ficar bem” (defina “bem”), a dor ganha intervalos, mas a ausência fica. Tive também uma decepção pessoal, que abalou minha confiança, me tirou alguns quilos, me fez ver de novo como nossos melhores esforços podem ser os mais injustiçados, como a ingenuidade é amiga da vaidade, como a efusão brasileira pode ocultar inveja ou egoísmo. Também não fico feliz ao pensar que para tantas pessoas uma experiência insubstituível como ter filhos pode ser vista como algo que “atrapalha” ou, pior, que justifica manter relacionamentos frios ou frustrantes, em vez de renová-los. Mas terminei meu capítulo com páginas encorajadoras, confiante não apenas em ter superado a fase crítica, mas também em não ter deixado o desencantamento tomar conta. Aí está, se me permitem o toque natalino: não deixar o desencanto tomar conta é o melhor presente.