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terça-feira, 6 de março de 2012

A saúde do governo - Ricardo Noblat: O Globo

A saúde do governo

Mary Zaidan

Com média de 5,47 no IDSUS, novo índice criado pelo governo para avaliar o Sistema Único de Saúde, o atendimento público à saúde dos brasileiros agoniza. Menos de 2% da população têm serviços avaliados acima de 7. Mais de 20% amargam o descaso absoluto. E não passam de razoável os cuidados com os 73% restantes. Bom mesmo, estamos em falta. Ótimo, nem sonhar.
Se a campeã Vitória e as cidades de Curitiba, Ribeirão Preto, Florianópolis e São José do Rio Preto são mostras de que é possível gerenciar bem os recursos do SUS, alguns resultados são de arrepiar. A cidade do Rio ostenta a lanterninha, com nota 4,33. Algo que provocou a ira ao prefeito Eduardo Paes, mas que pacientes cariocas dificilmente contestarão.
Não menos vexamosa é Brasília. Debaixo do nariz do poder, daqueles que podem se tratar em hospitais nobres paulistanos, a capital do país aparece com o quarto pior índice. Um resultado que materializa o fama de que “o melhor hospital de Brasília é ponte-aérea para São Paulo”.
No SUS, São Paulo também está bem no filme: 10º lugar, com nota 6,21.
Há de se elogiar o ministro Alexandre Padilha por expor as chagas do SUS. Um passo gigantesco para definir políticas e melhorar o atendimento. Mas isso não perdoa o governo que ele integra: os resultados danosos são fruto da absoluta inoperância e de promessas feitas e não cumpridas pela presidente Dilma Rousseff e seu ex.
Lula adora botar a culpa de tudo no fim da CPMF, única grande derrota que sofreu no Senado. Mas ao prometer construir 500 UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) já sabia da rejeição popular ao imposto do cheque. Mais ainda: no palanque de Dilma, quando a CPMF já tinha caído, prometeu outras 500. No total, mil promessas, e apenas 131 UPAs estão funcionando.
O SUS é um sistema avançado. Sua concepção, que valoriza a gestão municipal e a saúde preventiva, é invejável. Mas ainda está longe da excelência proclamada por Lula em janeiro de 2010, quando, ao inaugurar uma UPA em Recife, boquirrotou: “dá até vontade de a gente ficar doente para ser atendido aqui.” Uma insanidade.
Queimou a língua. E muito.
Dilma manteve o mesmo diapasão. A Saúde teve o maior corte no orçamento de 2012. Os R$ 77, 582 bilhões previstos caíram R$ 72, 110 bilhões. Já gastos com pessoal continuaram crescendo. Neste ano batem R$ 203 bilhões, 80% do total dos recursos que o país prevê arrecadar. Na última década, aumentaram mais de 200%, parte nos bolsos de companheiros.
Pelas lágrimas derramadas ao se despedir do ex-ministro Luiz Sérgio, nas contas da presidente, importa mais manter a saúde da coalizão de seu governo.

Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan


quinta-feira, 1 de março de 2012

Dezoito estados brasileiros têm nota inferior à média nacional

SUS: Bahia tem nota abaixo da média nacional, junto com 17 estados

Município baiano Pilão Arcado apresenta a menor pontuação do Brasil

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01.03.2012 | Atualizado em 01.03.2012 - 16:49
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Da Redação

De uma escala de 0 a 10, a Bahia apresentou a nota 5,39 no Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (Idsus), lançado nesta quinta-feira (1º) pelo Ministério da Saúde. Com este resultado, o estado baiano está, junto com outros 17 estados, abaixo da média nacional, avaliada em 5,47. 

Além disso, no grupo 6 do índice, formado por cidades sem estrutura de serviços especializados, o município baiano Pilão Arcado, localizado às margens do Rio São Francisco, a 805 km de Salvador, obteve a menor pontuação do país: 2,5.

O ranking dos estados é liderado por Santa Catarina (6,29), seguido do Paraná (6,23) e o Rio Grande do Sul (5,9). As piores notas foram do Pará (4,1) Rondônia (4,49) e o Rio de Janeiro (4,58). Já em relação às cinco regiões brasileiras, o Sul apresentou a melhor pontuação (6,12). Em seguida, está o Sudeste (5,56), o Nordeste (5,28), o Centro-Oeste (5,26) e o Norte (4,67).

Dentre as 21 capitais localizadas no grupo 1 (que têm melhor renda e infraestrutura de atendimento), Salvador ocupa a 12ª posição, com desempenho de 5,87. Lideram o ranking Vitória (7,08), Curitiba (6,96) e Florianópolis (6,67). O pior desempenho foi do Rio de Janeiro (4,33), antecedida por Belém (4,57) e Maceió (5,04).
   
O Idsus também revelou que 27% da população brasileira vive em cidades com os piores resultados. Foram avaliados com nota abaixo de cinco 1.150 dos 5.563 municípios brasileiros, que representam 20,7% do total, nos quais a infraestrutura de saúde é considerada de alta, média ou baixa e onde vivem mais de 50 milhões de brasileiros.

Nas 4.066 cidades com notas entre 5 e 6,9 (73,1% do total de municípios), vive mais de 70% da população brasileira, o que corresponde a 134 milhões de pessoas. Somente cerca de 3,2 milhões de brasileiros (1,9%) mora no grupo dos municípios com as melhores pontuações, avaliados com nota acima de 7.