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sábado, 21 de julho de 2018
Para que serve um título acadêmico?
https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/para-que-serve-um-titulo-academico/
sábado, 6 de janeiro de 2018
Qual é a cor de sua coleira...?
Por Victor Maciel Peixoto de Souza, publicado pelo Instituto Liberal
É muito comum ouvirmos pessoas defendendo a democracia como se fosse algo blindado de críticas. A democracia contém diversos problemas e um deles começa na sua base, o sistema eleitoral, que finge nos dar o poder de escolher diretamente os nossos representantes além de passar a falsa ideia de liberdade de escolha. O atual sistema tem servido de meio para iludir a população e perpetuar no poder aqueles que nada produzem à custa da sociedade. A próxima eleição está perto de acontecer e diversas reformas foram, e ainda estão, colocadas em pauta. Está na hora de pensarmos e mudarmos esse modelo que aprisiona a população por um sistema mais justo e com mais liberdade.
1. Voto Branco não é válido
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o voto branco e o nulo não têm o poder de anular uma eleição. Caso 51% dos votos totais sejam brancos, apenas os 49% serão contabilizados para o resultado final, o que contraria a democracia que tem como o objetivo de ouvir todas as vozes (ouvir ≠ obedecer). E o fato de a população não ter o poder de anular as eleições através do voto, é a simples razão pelo qual a sociedade não tem liberdade de escolha. Por exemplo, seria liberdade se você tivesse que escolher entre Hitler ou Stalin para governar seu país quando a opção de não escolher nenhum dos dois é inválida? Por mais que não tenhamos, felizmente, um Hitler ou Stalin como candidatos, somos obrigados a aceitar uma eleição onde os candidatos são totalmente despreparados e ou até mesmo possuem históricos de corrupção. Em 2014 não foi diferente, muitos brasileiros tiveram dificuldade de ter que escolher entre uma mulher incompetente de um partido afundado em acusações e condenações, e um candidato de falsa oposição que atualmente é acusado de corrupção passiva e obstrução da justiça. Como Reagan dizia “Nós o povo dizemos o que o governo tem que fazer, não ele nos diz”, no mínimo a população deveria ter o direito, validando os votos brancos e nulos, de escolher não ser governado por nenhuma das alternativas oferecidas.
Talvez este seja o ponto mais enganador do nosso sistema. Lembro, em um dos museus do Rio de Janeiro, um vídeo de uma mulher lendo a constituição federal e se emocionando ao ler que o povo brasileiro agora possui o direito de votar diretamente em seus representantes. Na teoria é bonito, na prática nem tanto. Acontece que o nosso sistema permite que candidatos com votos insuficientes sejam eleitos pelo que chamamos de voto puxado. Isto funciona da seguinte maneira: os votos para os cargos legislativos funcionam diferente dos votos para o executivo. Enquanto para o executivo basta possuir mais votos, ou seja, maioria simples (sistema majoritário), para o legislativo o voto é proporcional, ou seja, o número de votos válidos é divido pelo número de vagas que o respectivo estado tem, obtendo assim um quociente eleitoral. Por exemplo: um estado obteve 100 mil votos válidos e possui 10 vagas para deputados, então o quociente eleitoral será de 10 mil votos. Se um candidato X de um partido receber 20 mil votos, isso dará o direito ao partido de eleger mais um candidato do mesmo partido ou da coligação, desde que o candidato possua pelo menos 10% do quociente eleitoral**. Assim elegendo candidatos que não convenceram ou satisfizeram os eleitores com suas propostas, ao invés daqueles que receberam mais votos.2. “Voto puxado”
Em 2010, tivemos como exemplo o deputado Jean Wyllys que foi eleito deputado federal com menor proporção de votos (0,2%) do país. Naquelas eleições, o deputado virtual recebeu apenas 13 mil votos, enquanto seu parceiro, Chico Alencar, recebeu cerca de 240 mil votos o que lhe dava direito de eleger mais um colega.
O voto puxado, por um lado, faz sentido quando o objetivo é reforçar as ideias defendidas pela população. Por exemplo, se num cenário político um candidato que é contra o aborto recebeu muitos votos, o partido/coligação consegue eleger outro candidato que supostamente também seria contra o aborto e assim aumentando a representatividade das pessoas na política. Porém, o maior problema da “puxação de voto” é que no Brasil muitos partidos não possuem uma ideologia explícita, transformando o partido em apenas um meio de políticos conseguirem se candidatar e se eleger, isto faz com que o seu voto no candidato X possa eleger um candidato Y (do mesmo partido ou coligação), porém com ideias totalmente contrárias ao seu candidato de preferência.
3. Votar não é um direito, é uma obrigação
Erroneamente é dito que o voto é um direito, mas na verdade é uma obrigação. Por exemplo, o ingresso que você compra para ir ao cinema, obviamente, te dá o direito a assistir um filme e caso você não queira mais assistir aquele filme, você terá total liberdade de voltar para a sua casa, dar ou até mesmo rasgar o seu ingresso, e você não sofrerá nenhuma consequência por isso, pois você adquiriu aquele direito e isto lhe dá a liberdade de utilizá-lo ou não. O voto acontece ao contrário, ou seja, caso você não queira usufruir desse “direito” você será punido e uma não quitação da sua situação para com a justiça eleitoral poderá trazer a você consequências como multas e até mesmo o não recebimento de salários de entidades públicas.
Na maioria dos países desenvolvidos como Japão, EUA, Canadá, Portugal (e até mesmo muitos países não desenvolvidos), o voto é facultativo. E a importância de se ter a escolha de votar não só deve-se ao fato de que o indivíduo é livre para fazer o que desejar com sua própria vida, mas também você evita que pessoas que não possuem nenhum interesse ou entendimento por política vote em candidatos despreparados ou corruptos (principalmente naqueles que compram voto).
Apenas uma curiosidade em relação as eleições de 2010: “Eis aqui um sinal do Brasil profundo: 30% dos eleitores brasileiros já se esqueceram o nome do candidato a deputado federal para o qual deram o voto – a menos de 20 dias. Os dados são de pesquisa Datafolha realizada em todo o país nos dias 14 e 15 de outubro.”
4. Maioria simples
O voto majoritário, na verdade, somando ao primeiro ponto deste texto, não tem nada de maioria. É muito fácil desconsiderar os que não querem nenhum dos candidatos para dizer que o candidato X foi eleito pela maioria. Quando um eleitor vota em Branco ou Nulo, o que ele está dizendo indiretamente é que ele não quer como governante nem o candidato A nem o B, e aqueles que votam no A não querem o B, e vice-versa. Portanto, para o cargo de executivo no mínimo deveriam contabilizar os votos em branco e nulo, e assim, para o candidato A se eleger, ele deveria ter mais votos que a soma dos votos para o candidato B e os votos nulos e branco. Isso ajudaria a eleição ser um pouco mais justa e evitaria, talvez, possíveis conflitos sociais (como manifestações com vandalismo), pois a fatia de eleitos que não conseguiram eleger seu candidato seria menor, ou seja, menos eleitores insatisfeitos com o resultado.
Com mais um concorrente (votos brancos e nulos válidos), os candidatos sentirão mais pressionados em satisfazer o eleitorado, e assim estimularia um debate com menos argumentos ad hominem e mais ideológico, e não somente fazer propaganda atacando o adversário, que indiretamente faz com que as pessoas sigam a atitude (i)lógica de votar no “menos pior”.
Conclusão:
Não existe representatividade, maioria e muito menos decência na política brasileira a começar pelas eleições que deveriam no mínimo servir de exemplo de liberdade e democracia para o seu povo. Pelo o contrário, utilizam o povo como meio de manobra para se perpetuar no poder, conquistam pessoas ignorantes a troco de esmolas, escolhem quem eles querem como representantes do povo e ainda nos forçam a participar deste circo e sustentar o espetáculo que durará mais 4 ou 5 anos. Não temos para onde fugir e muito menos dizer não para eles através do voto. E isso tudo só mudará quando todos nós percebermos que não é simplesmente um sistema eleitoral, e sim, prisional.
Sobre o autor: Victor Maciel Peixoto de Souza é estudante de Economia da Universidade de Coimbra.
sábado, 30 de dezembro de 2017
"Se Lula for preso será o novo Nelson Mandela ou Fernandinho Beira-Mar? "
Segundo declaração infeliz do senador Paulo Paim (PT-RS), “Se Lula for preso vira o novo Nelson Mandela.”
Os exageros transcendem a racionalidade. Ninguém de sã consciência pode chegar à infeliz conclusão de Paulo Paim.
Que o contingente empedernido de petista, que se comporta como torcedor de time de futebol, chore igual a carpideiras contratadas, pela prisão de seu falso demiurgo, até se pode compreender as elucubrações de Paulo Paim. Mas o resto da sociedade, que é muito maior que os eleitores do PT, jamais se comoverão ao ver o maior vivaldino da nação, aquele que conseguiu enriquecer só vivendo de política, ser direcionado para a prisão, a bem da moralidade e da República.
Em um país sério, Lula já estaria preso e com os seus direitos políticos cassados. Não que Lula seja o único indecoroso político, pois, nesta esteira, estão Temer, Aécio, Sarney, Collor, Renan, Jucá, Lobão, Gleisi e muitos outros indignos políticos.
Por outro lado, não pode ter credibilidade e honradez republicana quem enriquece na política. Ou seja, aquele que faz fortuna na vida política é ladrão do Erário, é larápio dos descamisados, e, portanto, não se entende como ainda existem pessoas que acreditam na honorabilidade de Lula.
Condenado a nove anos e meio de prisão e caminhando célere para a segunda condenação, Lula debocha do Judiciário como se ele estivesse acima da lei. Debocha porque estamos em um país pouco sério, onde o STF é de indicação política.
É curioso que as delações premiadas, que já fizeram retornar os cofres públicos milhões de dólares, não foram tão contestadas como no caso do ex-presidente Lula.
Lula contesta tudo como se a sua vestal não estivesse desmascarada, inclusive por seus próprios amigos de confiança como Palocci. Ora, não houve complô para ferrar o falso demiurgo. Lula é uma consequência natural por seu modus vivendi ao tirar proveito da ribalta do poder.
Lula é o Robin Hood brasileiro ao avesso. Roubou dos pobres – pois saqueou o Erário através da ODEBRECHT, OAS etc., cujo dinheiro deixou de ir socorrer a miséria e os hospitais públicos – para engordar a sua fortuna e de seus filhos.
Se o país não tiver memória para lembrar que a administração petista quase levou o Brasil à bancarrota, em mais de 13 anos de governo, então, que se eleja novamente Lula e seus asseclas.
Senador Paim, não comprometa a sua história de político operoso. Defender Lula é como defender qualquer larápio da República. A diferença entre Lula e Fernandinho Beira-Mar só está no modus operandi de cada um, mas ambos são indecorosos.
Sobre o autor: Júlio César Cardoso é Bacharel em Direito e servidor federal aposentado.
terça-feira, 3 de maio de 2016
"O PT é um partido comunista" // Rodrigo Cosntantino
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Por João César de Melo, publicado pelo Instituto Liberal
Começo com uma pergunta muito simples: Onde estão os membros do 1° e do 2° escalão do governo da extinta União Soviética? Respondo: Controlando, direta ou indiretamente, as maiores empresas russas.
Os comunistas que outrora impediam a influência capitalista, hoje são os maiores empresários do país. Os comunistas que trabalhavam para preservar um regime onde a propriedade privada e o lucro eram proibidos, hoje são proprietários de grandes fortunas.
O grande público precisa entender que o comunismo não é um sistema econômico, mas um sistema político de controle social através da economia. Marx pregou o controle do modo de produção porque sabia que isso é a base de uma sociedade. Controlando a economia, controla-se tudo. Controla-se todos.
Muitos tentaram. Ninguém obteve sucesso porque é impossível se controlar o mercado. Mesmo sob o rígido controle do governo central, o equivalente a 40% do PIB da União Soviética circulava no mercado negro, com pessoas comercializando os mais diversos produtos e serviços quase sempre na forma de escambo e com a participação de funcionários do próprio governo. O desmoronamento da União Soviética pôs fim a um regime comunista, mas o ideal comunista de controle social continuou vivo.
A lição aprendida pelos comunistas é que, em vez de tentar controlar toda a economia, devem controlá-la parcialmente, o bastante para manter toda a sociedade dependente do governo.
Dez anos antes da queda do Muro de Berlin, a China começou a abrir sua economia. Permitiram o crescimento do mercado apenas por entender que o regime seria fortalecido com isso. Em vez de proibir o capitalismo, passaram a tirar proveito dele. A exemplo do que houve na União Soviética, membros do partido comunista chinês transformaram-se em grandes empresários. O que não mudou foi a obsessão pelo controle social, político e cultural.
A pequena abertura econômica que os comunistas promoveram em Cuba aconteceu logo depois do fim da União Soviética. Sendo um país latino americano, ou seja, onde as lições demoram décadas para serem aprendidas, Cuba concedeu apenas um tiquinho de liberdade econômica aos seus cidadãos, permitindo o surgimento de bares, restaurantes e pousadas; ao grande capital financeiro internacional, concedeu a construção de hotéis voltados para estrangeiros e a exploração de alguns serviços públicos, como telefonia e energia elétrica. Contudo, os comunistas continuaram mantendo o controle social, político e cultural. Isso é o comunismo. Enquanto no capitalismo as empresas se adaptam ao mercado, o movimento comunista ajusta seu espírito totalitário aos “novos tempos”.
Cinco décadas antes da queda do Muro de Berlin, já circulavam as ideias de Gramsci, porém, só com o colapso da União Soviética é que sua obra passou a ser seriamente estudada e seguida pelas “viúvas” do comunismo.
O conceito: Revoluções violentas deveriam ser substituídas por revoluções graduais, com ideias coletivistas sendo implantadas em todos os nichos da sociedade, da mídia, da cultura e da política sem que ninguém as percebesse como manobra comunista.
A estratégia: Fazer as pessoas desejarem uma sociedade em que os interesses coletivos prevalecessem sobre os interesses individuais, enxergando o estado como a ponte entre os homens e suas necessidades.
A ferramenta: O estado democrático de direito, a partir do qual os novos comunistas são eleitos e, uma vez no poder, destinam recursos para os diversos movimentos de apoio, cooptando os grandes empresários, os grandes veículos de comunicação e os partidos outrora de oposição.
O objetivo: Alterar a constituição de uma forma que torne a imprensa, a cultura, a política e o mercado propriedades de um estado fundido ao partido. Foi o que Lula tentou fazer no Brasil.
É um sintoma de ignorância dizer que, pelo fato do PT ter se aliado a grandes empresários, ele se inclinou à direita. Uma simples observação refuta essa impressão: Se um partido é defendido fervorosamente por movimentos comunistas, se financia ditaduras comunistas, se participa de eventos que reverenciam líderes comunistas, se seus militantes ostentam imagens de heróis comunistas, se sua linguagem e retórica remetem à teoria comunista de guerrilha política, ele só pode ser identificado como um partido COMUNISTA.
O fato é que a cartilha gramsciana foi tão bem implantada em determinados nichos da sociedade que seus militantes não têm a menor noção do que defendem. Muitos nem se sentem petistas, apesar de defender o PT. Defendem partidos comunistas, defendem movimentos comunistas, defendem ideias comunistas… mas insistem em dizer que não são comunistas. Algo como se um eleitor de um partido que tem como símbolo a suástica dissesse que, apesar de apoiar algumas ideias específicas, não é nazista.
Dilma participava de um grupo terrorista-comunista financiado pela União Soviética, ora bolas!
O PT é comunista porque manifesta o mesmo viés totalitário, utiliza-se das mesmas estratégias que já foram empregadas por todos os outros movimentos comunistas da história.
O líder comunista não é um anjinho altruísta. Ele é um ser humano como qualquer outro, que gosta de conforto, que deseja o luxo e que tem lá suas perversões, porém, ciente de sua incapacidade de conquistar tudo isso trabalhando, prefere tentar fazer com que os outros trabalhem por ele. Lula.
Outra evidência do quão comunista é o PT é que ele enxerga o PSDB como um partido de direita. Assim o fazem porque é fundamental para o comunista tratar os não-alinhados como inimigos. Já fizeram e continuarão fazendo de tudo para destruí-lo.
Em tempo: A esquerda no Brasil é representada por pessoas como Cristóvão Buarque e Fernando Henrique Cardoso.
Em artigo de título Esquerda Nostálgica, publicado no jornal O Globo do último dia 30, Cristóvão Buarque evidenciou o abismo entre a esquerda e o PT. Escreveu:
“Prisioneira de seus dogmas, com preguiça para pensar o novo, com medo do patrulhamento entre seus membros, viciada em recursos financeiros e empregos públicos, a ‘esquerda nostálgica’ parece não perceber o que acontece ao redor.
(…)
Com nostalgia do passado, reage contra o “espírito do tempo” que exige agir dentro da economia global e romper com a visão de que a estatização é sinônimo de interesse público; não reconhece que a inflação é uma forma de desapropriação do trabalhador; que o progresso material tem limites ecológicos e é construído pela capacidade nacional para criar ciência e tecnologia; que os movimentos sociais e os partidos devem ser independentes, sem financiamentos estatais; ignora que a revolução não está mais na expropriação do capital, está na garantia de escola com a mesma qualidade para o filho do trabalhador e o filho do seu patrão; que a igualdade deve ser assegurada no acesso à saúde e à educação, sem prometer igualdade plena, elusiva, injusta e antilibertária ao não diferenciar as individualidades dos talentos; não assume que a democracia e a liberdade de expressão são valores fundamentais e inegociáveis da sociedade, tanto quanto o compromisso com a verdade e a repulsa à corrupção”.
sábado, 9 de maio de 2015
Ensaio sobre Liberdade / Hayek / Rodrigo Constantino
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/filosofia-politica/a-liberdade-segundo-hayek-2/
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A liberdade segundo Hayek
Não posso deixar a data passar batida. No dia 8 de maio de 1899 nascia Fredrich Hayek, Prêmio Nobel de Economia (em 1974) e o mais famoso dos austríacos. Também foi uma das maiores influências em minha formação intelectual, sem dúvida, e é o meu preferido da Escola Austríaca. Só não me considero um hayekiano pois seria muita pretensão de minha parte, e porque o próprio morria de medo de seus seguidores fazerem com ele o que os de Keynes e Marx fizeram com ambos.
Hayek seguia Vico, Adam Smith e David Hume em relação à epistemologia, ao poder da Razão em nossas vidas, ou seja, compreendia suas limitações e restrições na formação das instituições humanas. Era um liberal humilde que respeitava as tradições, a ponto de ser confundido com um conservador (chegou a escrever um texto explicando porque não era um, mas acabou atacando o neoconservadorismo, não aquele clássico da linha britânica).
Abaixo, segue um texto meu em homenagem ao seu aniversário, em que tento resumir sua visão sobre a liberdade:
A liberdade segundo Hayek
“Liberdade concedida somente quando se sabe a priori que seus efeitos serão benéficos não é liberdade.” (Hayek)
O austríaco e prêmio Nobel de economia Friedrich Hayek defendeu, em seu clássico e imperdívelThe Constitution of Liberty, seu conceito objetivo de liberdade, assim como sua importância para o mundo. Pretendo aqui trazê-lo à tona, dado que muito malabarismo conceitual tem sido feito para alterar o significado deste que provavelmente é o maior valor de todos da Humanidade.
Para Hayek, a liberdade inclui também a liberdade de errar, e como o conhecimento é limitado e as preferências são subjetivas, somente a ausência de coerção permite o eterno aprendizado e progresso humano. A razão humana não pode prever ou deliberadamente desenhar seu próprio futuro. O avanço consiste na descoberta do que fizemos de errado. Uma restrição grande à liberdade individual reduz a quantidade de inovações e a taxa de progresso da sociedade. Não temos como saber anteriormente quem irá inventar o que. O conhecimento é disperso, e também evolui. Nenhum ser seria capaz de concentrar algo perto da totalidade do conhecimento existente, e ainda assim, este está sempre aumentando. Somente a redução drástica da coerção estatal pode garantir a evolução do conhecimento humano e conseqüente progresso. Quanto mais o Estado planeja as coisas, mais difícil o planejamento fica para os indivíduos.
"A razão humana não pode prever ou deliberadamente desenhar seu próprio futuro. O avanço consiste na descoberta do que fizemos de errado. Uma restrição grande à liberdade individual reduz a quantidade de inovações e a taxa de progresso da sociedade."Hayek considerava que a liberdade fica muitas vezes ameaçada pelo fato de que leigos delegam o poder decisório em certos campos para os “experts”, aceitando sem muito questionamento suas opiniões à respeito de coisas que eles mesmos sabem apenas um pequeno aspecto. Adotar uma postura de maior ceticismo, questionando até mesmo os especialistas nos assuntos, é fundamental, portanto. É a preocupação com o processo impessoal da sociedade onde mais conhecimento é utilizado do que qualquer indivíduo ou grupo organizado de pessoas pode possuir que coloca os economistas em constante oposição às ambições de outros especialistas que demandam poderes de controle porque sentem que seu conhecimento particular não é levado suficientemente em consideração. A humildade é fundamental.
Se alguém é livre ou não, isso não depende da gama de opções disponíveis, mas sim se ele pode moldar seu próprio curso de ações de acordo com suas intenções presentes, ou se outra pessoa tem poder para manipular as condições de tal forma que faça-o agir de acordo com a vontade dessa pessoa, e não dele mesmo. Se eu sou ou não o meu próprio mestre e posso seguir minha própria escolha é uma questão totalmente distinta da quantidade de possibilidades que eu tenho para escolher. A liberdade é a liberdade de escolha, de agir conforme meu próprio desejo, contanto que não invada a liberdade alheia. Por isso Hayek entende que ser livre pode significar até mesmo ser livre para passar fome, cometer grandes erros ou enfrentar riscos mortais. A dicisão cabe somente ao indivíduo em questão.
"A liberdade é a liberdade de escolha, de agir conforme meu próprio desejo, contanto que não invada a liberdade alheia'".
A maioria das vantagens da vida em sociedade, especialmente nas formas mais avançadas que chamamos de civilização, está no fato de que os indivíduos se beneficiam de mais conhecimento do que tem consciência. Seria um erro acreditar que, para atingir uma civilização superior, temos apenas que colocar em prática as idéias que nos guiam. Se queremos avançar, devemos deixar espaço para uma revisão contínua das nossas concepções presentes e ideais que serão necessários por novas experiências. Portanto, a liberdade é essencial para darmos espaço para o imprevisível. É porque cada indivíduo sabe tão pouco e, em particular, porque raramente sabemos quem de nós sabe melhor, que confiamos nos esforços competitivos e independentes de muitos para o surgimento daquilo que poderemos querer quando olharmos.
Mesmo que humilhante para o nosso orgulho, devemos admitir que o avanço ou mesmo a preservação da civilização depende de muitos “acidentes” que ainda acontecerão. Justamente porque não sabemos como os indivíduos utilizarão a liberdade que ela é tão importante. Caso contrário, os resultados da liberdade poderiam ser obtidos com a maioria decidindo o que deveria ser feito pelos indivíduos. Um ponto crucial da importância da liberdade para se fazer algo é que ela não tem nada a ver com o número de pessoas que querem fazer este algo. Pode ser até mesmo inversamente proporcional a isso.
"As ações morais também dependem da liberdade. Somente quando somos responsáveis pelos nossos próprios interesses e livres para sacrificarmos eles que nossa decisão possui valor moral. Se não existe a liberdade de escolha, sequer podemos falar em moral".
Para concluir, devemos ter em mente que fazer o melhor conhecimento disponível em um determinado momento o padrão compulsório para todo o nosso futuro talvez seja a maneira mais certa de impedir o surgimento de novo conhecimento. Estamos sempre aprendendo. Somente a liberdade individual preserva isso.
Rodrigo Constantino
Tags: Hayek
domingo, 29 de junho de 2014
Aviso aos brasileiros...Vem aí uma 'constituição genérica' da fábrica de projetos do PT
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/democracia/projeto-golpista-de-constituinte-popular-continua-vivo/
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às 0:11 \ Democracia
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24/06/2014
Projeto golpista de constituinte “popular” continua vivo
Quem pensa que os petistas e companhia desistiram do projeto golpista de uma constituinte para instaurar uma “democracia direta” está muito enganado. A ideia segue bem viva na mente autoritária dos bolivarianos, como pudemos ver no Decreto 8.243.
E há ainda este site oficial, que faz campanha e prega um “Plebiscito Constituinte”. Basta ver a turma que participa para ter calafrios. O primeiro nome é em homenagem a Marighella, o terrorista comunista. Depois vem um bando de sindicatos e partidos comunistas, gente que até hoje sonha em transformar o Brasil em uma grande Cuba. A mensagem não poderia ser mais golpista:
Precisamos mudar “as regras do jogo”, mudar o Sistema Político Brasileiro. E isso só será possível se a voz dos milhões que foram as ruas em 2013 for ouvida. Como não esperamos que esse Congresso “abra seus ouvidos” partimos para a ação, organizando um Plebiscito Popular que luta por uma Assembléia Constituinte, que será exclusivamente eleita e terá poder soberano para mudar o Sistema Político Brasileiro, pois somente através dessa mudança será possível alcançarmos a resolução de tantos outros problemas que afligem nosso povo.
Vejam o vídeo tosco, porém perigoso, que o canal divulga:
À época das manifestações de junho de 2013, quando o PT tirou da gaveta mofada o projeto de nova constituinte sob o pretexto de que era uma resposta espontânea à “voz das ruas”, gravei este vídeo denunciando o golpe:
Todo cuidado é pouco. O PT está com muito medo de perder as eleições e, com elas, as boquinhas fartas nas tetas estatais. Essa gente faz tudo pelo poder. A Venezuela é motivo de inveja para muitos ali. O Brasil corre sérios riscos. Nossa democracia está ameaçada. É preciso reagir!
Divulguem isso. Vamos salvar nossa democracia representativa, que precisa de reformas, não de ser substituída por “militantes organizados” a soldo dos comunistas.
Rodrigo Constantino
Tags: constituinte, plebiscito
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