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terça-feira, 11 de março de 2014

Protestos de venezuelanos contra o governo de Maduro tem 22 mortos ....


América Latina

Mais um estudante é morto na Venezuela durante protestos

Daniel Tinoco foi baleado no peito e faleceu no hospital. No Chile, Dilma adiantou que a Unasul deverá criar uma comissão para mediar o diálogo entre a oposição e o governo de Maduro

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Manifestantes da oposição entraram em confronto com a polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (05/03/2014)
Manifestantes da oposição entraram em confronto com a polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (05/03/2014) - Carlos Garcia Rawlins/Reuters

















    O jovem Daniel Tinoco, morto nesta terça-feira, é a mais nova vítima dos protestos na Venezuela. As manifestações já deixaram ao menos 22 mortos. O estudante de 24 anos foi hospitalizado nesta segunda após receber um disparo de arma de fogo no peito, mas não resistiu aos ferimentos e morreu, confirmou Ángel Perdomo, diretor da Polícia Municipal de San Cristóbal, ao jornal El Universal. Tinoco estava com outros estudantes preparando-se para integrar manifestação em uma esquina do centro de San Cristóbal, capital do estado de Táchira, no Noroeste do país. Por volta das 10h da manhã do horário local (8h30 de Brasília), o grupo foi atacado por motoqueiros armados. Segundo testemunhas, os agressores – que não tinham uniformes de policiais – atiraram e fugiram em seguida. Além do estudante morto, outros dois estão feridos, mas sem risco de vida.
Pela sua conta no Twitter, o prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, lamentou a morte do estudante. O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, também informou escreveu sobre o fato em sua conta no microblog: “Informam-nos que foi assassinado outro estudante, Daniel Tinoco, em nossa amada Táchira. Paz a sua alma! Solidariedade a sua família”.

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Comissão da Unasul – No Chile para participar da posse de Michele Bachelet, Dilma Rousseff sinalizou que a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) deverá criar uma comissão de interlocutores entre o governo venezuelano e a oposição. A reunião da Unasul está marcada para quarta-feira e não deve ter a presença de chefes de Estado, apenas ministros das Relações Exteriores.
"Os presidentes mandaram os seus ministros de Relações Exteriores para fazer uma reunião, criar uma comissão, que pode ser inclusive todos os países da região, e fazer a interlocução pela construção de um ambiente de acordo, consenso e estabilidade na Venezuela", afirmou Dilma. A presidente minimizou o fato de Maduro ter cancelado esta madrugada sua presença na posse de Bachelet. De acordo com a presidente, a reunião já seria feita pelos chanceleres. "O fato de não vir um ou outro presidente não vai interromper esse processo. Porque serão os chanceleres e não os presidentes que farão a reunião”, disse.

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A presidente garantiu que a intenção da Unasul é "sempre procurar a manutenção da ordem democrática". Ela recorreu ao caso do Paraguai para ilustrar a atual situação. "Vocês vejam que no caso do presidente Lugo [Fernando Lugo, do Paraguai, que sofreu impeachment em 2012] houve um momento de estresse, hoje perfeitamente superado com a perfeita inclusão do novo presidente, eleito democraticamente, Horácio Cartes", afirmou.
A Venezuela enfrenta há um mês uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro. As manifestações, que aprofundam a polarização da sociedade local e ocorrem diariamente desde 12 de fevereiro, têm diversas reivindicações, entre elas a cobrança por mais segurança no país, por melhorias econômicas e por maior liberdade de expressão.
(Com Estadão Conteúdo)


Venezuela: a herança maldita de Chávez 

Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela em fevereiro de 1999 e, ao longo de catorze anos, criou gigantescos desequilíbrios econômicos, acabou com a independência das instituições e deixou um legado problemático para seu sucessor, Nicolás Maduro. Confira:

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Criminalidade alta

A criminalidade disparou na Venezuela ao longo dos 14 anos de governo Chávez. Em 1999, quando se elegeu, o país registrava cerca de 6 000 mortes por ano, a uma taxa de 25 por 100 000 habitantes, maior que a do Iraque e semelhante à do Brasil, que já é considerada elevada. Segundo a ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV), em 2011, foram cometidos 20 000 assassinatos do país, em um índice de 67 homicídios por 100.000 habitantes. Em 2013, foram mortas na Venezuela quase 25 000 pessoas, cinco vezes mais do que em 1998, quando Hugo Chávez foi eleito. 
Apesar de rica em petróleo, a Venezuela é o país com a terceira maior taxa de homicídios do mundo, atrás de Honduras e El Salvador. Entre as razões para tanto está a baixa proporção de criminosos presos. Enquanto no Brasil a média é de 274 presos para cada 100 000 habitantes, na Venezuela o índice está em 161. De acordo com uma ONG que promove os direitos humanos na Venezuela, a Cofavic, em 96% dos casos de homicídio os responsáveis pelos crimes não são condenados.