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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

"Ao meu pai, com carinho" / Uma crônica para arrebatar a última segunda-feira de janeiro de 2014


Franco Terranova posa para o filho, o fotógrafo Marco Terranova, no livro “Carma / Carnadura”/
 
Maria Fortuna - coluna Gente Boa - O Globo
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RIO - 
   O marchand e poeta Franco Terranova ainda não sabia que estava doente quando posou nu, aos 90 anos, para as lentes do filho, o fotógrafo Marco Terranova. Muito menos, que morreria pouco depois, em dezembro passado, dois meses depois de descobrir um câncer agressivo. Mas em suas poesias, publicadas junto aos retratos, no livro “Carma carnadura”, Franco falava da decomposição do corpo de um homem em plena vida.

   “Nenhum ser humano sabe o tempo que vai durar, mas parece que ele planejou tudo inconscientemente, um timing perfeito”, diz Marco. Para convencer o pai a posar — ele ainda estava um pouco reticente —, um argumento foi decisivo. “Citei a cena final de '2001, uma odisseia no espaço', em que o personagem vai envelhecendo até que renasce para uma nova vida”, conta. “Papai era cinéfilo e esse era um dos seus filmes preferidos. Eu sabia que ele não resistiria ao Stanley Kubrick”.
   
   Foi a sensibilidade, a gentileza e a delicadeza que fizeram de Franco, fundador da Petite Galerie —, por onde passaram artistas como Carlos Vergara, Ernesto Neto, Volpi, entre muitos outros — ser tão querido no meio. “Ele era um marchand menos mercador e mais movido pelo afeto”, resume Daniel Senise.

   “É a pessoa mais íntegra e cheia de amor que conheci”, complementa Luiza Figueira, da Réptil, editora que está lançando o livro. De tão amiga, Luiza virou herdeira de seus direitos autorais. "Quatro dias antes de morrer, Franco me mandou um email se despedindo", conta ela. “Ele dizia que o livro seria lançado sem sua presença física, mas que faria bastante sucesso. Sinto muitas saudades dele todos os dias”.


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