“Não é da sua conta”
“O delator não é dedo-duro, X-9, ou alcaguete, é um colaborador”. Rodrigo Janot, sobre as críticas ao instituto da delação premiada
O senador Fernando Collor foi o primeiro a chegar para a sabatina de Rodrigo Janot (Foto: Jorge William / O Globo)
A mim me dá a maior tristeza lembrar que Collor já foi presidente da República do Brasil. Acho uma humilhação termos tido essa figura no posto mais alto da Nação. Saber que depois de tudo ele ainda voltou para o Senado Federal, é de amargar.
Figura em tudo hiperbólica, sem nem um fiapo de desconfiômetro, peça que faz muita falta nas engrenagens de uma pessoa, ensaboado, engomado, convencido, sempre se comportou como se já fosse um busto em praça pública. Eu não me surpreenderia se ele depositasse flores nesse monumento nos dias de seu aniversário.
Figura em tudo hiperbólica, sem nem um fiapo de desconfiômetro, peça que faz muita falta nas engrenagens de uma pessoa, ensaboado, engomado, convencido, sempre se comportou como se já fosse um busto em praça pública. Eu não me surpreenderia se ele depositasse flores nesse monumento nos dias de seu aniversário.
Não falo isso com tranquilidade pois ele me causa medo. Sei lá, parece que tem uma cimitarra escondida dentro do paletó impecável. Mas não consigo me calar, sobretudo depois das últimas semanas, nas quais ele tornou a desonrar os votos que recebeu do povo de Alagoas.
No plenário do Senado agrediu verbalmente o Procurador-Geral da República. Mais de uma vez. Parecia ensaio para o espetáculo que daria na quarta-feira por ocasião da sabatina do Dr. Rodrigo Janot.
A sabatina estava marcada para as 10h00 da manhã. O que fez o empertigado? Chegou às 09h40 e sentou-se na primeira fila, bem em frente à cadeira onde ficam os sabatinados. E ali ficou aguardando o Dr. Janot, que ele chama de Dr. Janó, sabe-se lá com que intuito.
Será que ele se apercebeu do papel que fez? De como deixou à vista de todos a diferença que existe entre ele e o Dr. Janot? Do modo de falar ao vocabulário que usam, às expressões faciais, à postura, ao olhar, meu Deus, parecem seres de galáxias diferentes.
De nada adiantou o lugar que escolheu sentar para apoquentar o sabatinado. De nada adiantaram as perguntas tipo “pegadinhas” que lhe fez. De nada serviram as micagens, caretas e calões sussurrados, mas nem tanto...
Ou melhor. De nada adiantou para o Collor. Para nós, sociedade brasileira, serviu para confirmar que a permanência de Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República era uma bênção para o Brasil não perder a perfeita continuidade da Lava-Jato.
A sabatina estava marcada para as 10h00 da manhã. O que fez o empertigado? Chegou às 09h40 e sentou-se na primeira fila, bem em frente à cadeira onde ficam os sabatinados. E ali ficou aguardando o Dr. Janot, que ele chama de Dr. Janó, sabe-se lá com que intuito.
Será que ele se apercebeu do papel que fez? De como deixou à vista de todos a diferença que existe entre ele e o Dr. Janot? Do modo de falar ao vocabulário que usam, às expressões faciais, à postura, ao olhar, meu Deus, parecem seres de galáxias diferentes.
De nada adiantou o lugar que escolheu sentar para apoquentar o sabatinado. De nada adiantaram as perguntas tipo “pegadinhas” que lhe fez. De nada serviram as micagens, caretas e calões sussurrados, mas nem tanto...
Ou melhor. De nada adiantou para o Collor. Para nós, sociedade brasileira, serviu para confirmar que a permanência de Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República era uma bênção para o Brasil não perder a perfeita continuidade da Lava-Jato.
Num domingo deste agosto que já termina, um helicóptero vermelho pousou no heliporto da Casa da Dinda. Chamou a atenção de quem estava no Lago Paranoá, sobretudo depois da polícia ter apreendido as belíssimas Ferrari, Porsche e Lamborghini, as macchine de luxo do senador. O helicóptero seria dele também? Não, não era, era do senador Wilder Morais (DEM/GO) que, conforme relatou, quando a caminho de um churrasco em casa de amigos foi informado pelo piloto que, por precaução, era melhor pousarem devido a uma súbita ventania. (VEJA, 26/8/2015)
Indagado sobre a visita inesperada do senador democrata, Collor, com aquela desconsideração que lhe é peculiar, respondeu ao jornalista: “Não é da sua conta”.
Engano do senador. Tudo que se refere aos políticos que dependem dos eleitores para viver, nos interessa. E para chegar até nós, tem que passar pela Imprensa. Ando, por exemplo, muito interessada em saber por que Collor tem direito a um apartamento institucional, como ele se refere a essa benesse, quando tem casa em Brasília.
Espero que algum repórter lhe faça essa pergunta. E que ao “Não é da sua conta”, responda: “É sim, senador, aí é que o senhor se engana. Tudo sai do nosso bolso, então tudo nos interessa e muito! Faça o favor de responder”.
Espero que algum repórter lhe faça essa pergunta. E que ao “Não é da sua conta”, responda: “É sim, senador, aí é que o senhor se engana. Tudo sai do nosso bolso, então tudo nos interessa e muito! Faça o favor de responder”.