Delegados do Caso Eliza Samudio acreditam que Zezé pode
virar réu
Ex-policial tinha relações com Macarrão e Bola e foi apontado em júri.
Edson Moreira e Alessandra Wilke dizem que não havia provas contra ele.
O delegado Edson Moreira, que conduziu a apuração sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, em 2010, disse que o inquérito policial não teve falhas e acredita que novas investigações devem incriminar ex-policial civil José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, como participante dos crimes cometidos contra Eliza e seu filho Bruno.
O promotor Henry Wagner de Castro disse ao G1 que vai denunciar o ex-policial pelo envolvimento no caso. Ele afirmou ainda que vai pedir novas investigações relacionadas à morte de Eliza Samudio. "Ele [Zezé] pode figurar como réu em um processo separado sobre o mesmo caso", afirmou.
Moreira disse que não errou em deixar de indiciar Zezé no inquérito policial. “Sempre tive suspeita da participação dele no crime. O promotor vai pedir novas investigações e isso vai se resolver. Quando estava apurando o caso, identificamos quase 40 ligações entre Zezé, Dayanne, Bola e Macarrão, mas isso era pouco para pedir o indiciamento dele. Acho que agora ele [Zezé] vai aparecer como réu neste caso.”
Na época da morte de Eliza Samudio, Zezé trabalhava como chefe de investigação em uma delegacia de Belo Horizonte, de acordo com Moreira. “Ele tinha um grupo de pagode, de samba e costumava tocar em algumas festinhas. Parece que até para o Bruno.”
A delegada Alessandra Wilke, que era titular da delegacia de homicídios de Contagem à época das investigações, diz que esse grupo de pagode foi usado por Zezé como justificativa para todos aqueles telefonemas trocados entre ele e Macarrão. “Sabíamos que ele tinha relação com Bruno, Macarrão e Bola, mas eles sempre tiveram muito contato, não só nos dias do crime, por isso não foi um fator preponderante [para indiciá-lo]. Interrogamos ele duas vezes e ele alegou que tinha contato intenso com Bola porque os dois iam montar um clube de paintball e com Macarrão porque Bruno tinha financiado grupo de pagode de Zezé.”
Wilke diz que, com o pedido de novas diligências, feito pelo promotor Henry Castro, talvez surjam novos elementos suficientes para denunciar o ex-policial.
Zezé não foi localizado pelo G1 para comentar o caso.
Confirmação das investigações
Tanto Edson Moreira quanto Alessandra Wilke avaliam que a decisão dos jurados, que condenaram Macarrão e Fernanda, corroborou a investigação feita pela equipe dos delegados. “Achei muito boa a atuação do promotor. Achei desnecessária aquela bagunça dos advogados no começo do julgamento, mas depois tudo seguiu normalmente. O Macarrão confessou parcialmente a participação dele no crime, omitiu o nome de Bola, mas ficou claro no julgamento que Eliza foi levada para a morte e executada, assassinada. Não tenho dúvida alguma de que o Bola foi o executor de Eliza”, disse Moreira.
Tanto Edson Moreira quanto Alessandra Wilke avaliam que a decisão dos jurados, que condenaram Macarrão e Fernanda, corroborou a investigação feita pela equipe dos delegados. “Achei muito boa a atuação do promotor. Achei desnecessária aquela bagunça dos advogados no começo do julgamento, mas depois tudo seguiu normalmente. O Macarrão confessou parcialmente a participação dele no crime, omitiu o nome de Bola, mas ficou claro no julgamento que Eliza foi levada para a morte e executada, assassinada. Não tenho dúvida alguma de que o Bola foi o executor de Eliza”, disse Moreira.
Para a delegada Alessandra Wilke, “a juíza foi bem justa com relação às penas aplicadas”. “Infelizmente daqui a três anos o Macarrão estará na rua e a Eliza não vai voltar mais. Mas é a legislação que a gente tem no nosso país. A sentença condiz com nossas investigações pelo fato de que desde o início afirmamos que Eliza foi vítima de homicídio e seu corpo foi ocultado.”
Ela acredita que “provavelmente” Bruno, Bola e Dayanne serão condenados. “Que Bruno é o mandante, a gente já colocou no inquérito, e provavelmente sua pena vai ser bem maior que a do Macarrão.”
Promotor vai denunciar Zezé
O promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse que vai denunciar, em dezembro deste ano, o ex-policial civil José Lauriano de Assis Filho, conhecido como Zezé, por envolvimento na morte de Eliza Samudio. "Ele pode integrar como réu um novo processo, separado, sobre a morte dela."
O promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse que vai denunciar, em dezembro deste ano, o ex-policial civil José Lauriano de Assis Filho, conhecido como Zezé, por envolvimento na morte de Eliza Samudio. "Ele pode integrar como réu um novo processo, separado, sobre a morte dela."
A denúncia faz parte dos planos do promotor de reforçar as argumentações dele para buscar a condenação de Bruno, em março de 2013. "O júri reconheceu que houve sequestro, cárcere privado e o homicídio. Bruno não vai escapar da condenação e com o agravante de mando, de as vítimas serem o filho dele e a mãe do filho dele."
O promotor também vai pedir novas investigações e a quebra de sigilo bancário de Bruno. O objetivo é tentar comprovar o saque de dinheiro para pagar a execução de Eliza. Em depoimento, o primo do goleiro, que está inserido em programa de proteção à testemunha, descreveu que Eliza foi deixada com um homem alto e negro antes de morrer, o que faz parte da fisionomia de Zezé.
Para Castro, o ex-policial Zezé era amigo de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que será julgado em 2013 por envolvimento no desaparecimento e morte de Eliza Samudio. Ainda segundo o promotor, Zezé teria usado o cargo de policial para obter informações sobre a investigação e beneficiar os réus do caso. "É plausível que ele, como policial que ainda era na época dos fatos, para ter acesso a alguma informações privilegiada sobre a investigação."
"Sabemos, de concreto, que a Polícia Civil só não achou o filho de Eliza no sítio do goleiro Bruno porque Dayanne fora alertada pelo Macarrão, que determinou a ela que deixasse a casa, às pressas, com o nenê. Instantes antes, Macarrão recebera de Bola, ex-policial e amigo de Zezé, uma mensagem telefônica em formato SMS alertando Macarrão sobre a movimentação da Polícia Civil", disse Castro.
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A relação de Zezé com os réus
"Os termos da denúncia será mais oportuno falar quando, de fato, ela for recebida pelo judiciário. De todo modo, podemos antecipar que o motivo que fez a Promotoria de Justiça decidir pela denúncia é o entendimento de que existem indícios do envolvimento deste personagem nos acontecimentos", afirmou Castro.
"Os termos da denúncia será mais oportuno falar quando, de fato, ela for recebida pelo judiciário. De todo modo, podemos antecipar que o motivo que fez a Promotoria de Justiça decidir pela denúncia é o entendimento de que existem indícios do envolvimento deste personagem nos acontecimentos", afirmou Castro.
"Na noite da morte de Eliza, o Zezé esteve na companhia de Bola e depois também. Foram vários contatos telefônicos entre Bola e Zezé. Ouvido em depoimento, ele reconheceu e afirmou que ele apresentou Bola ao Macarrão. Dayanne, na tarde do encontro do filho de Eliza, na tarde do 'estouro' do sítio de Bruno, onde se cogitava estar o Bruninho e na noite seguinte, se aconselhou com Zezé por telefone", explicou o promotor.
A denúncia de Castro também vai citar que "Dayanne, quando foi à delegacia depor, quando estava a caminho da delegacia, fez uma série de contatos telefônicos com Zezé. Ela saiu da delegacia presa em flagrante delito por conta do sequestro do filho de Eliza Samudio."
O promotor disse que a denúncia de Zezé também fortalece a culpa de Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha. "Esses fatos não prejudicam extraordinariamente os acusados, mas os colocam como envolvidos nos crimes."
À polícia, em 2010, Zezé disse que tinha uma banda e que conhecia Bruno e Macarrão por causa de shows. O nome de Zezé também consta em depoimento de Dayanne.