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terça-feira, 27 de outubro de 2015

O Absurdo acompanha você ! Seja o quê você for, onde estiver.É uma onipresença, inescapável / Albert Camus

O escritor francês Albert Camus em foto tirada em 17 de outubro de 1957, pouco depois de ele ter sido anunciar ganhador do Nobel de literatura (Foto: Stringer/AFP)

Albert Camus - excertos da sua obra «O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo»

“Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida, é responder a uma questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois. (…) Nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico. Galileu, que possuía uma verdade científica importante, dela abjurou com a maior das facilidades deste mundo, logo que tal verdade pôs a sua vida em perigo. Fez bem, em certo sentido. Essa verdade não valia a fogueira. (…) Outros vejo, que se fazem paradoxalmente matar pelas ideias ou pelas ilusões que lhes dão uma razão de viver. Julgo, pois, que o sentido da vida é o mais premente dos assuntos – das interrogações.”
Albert Camus (2002), O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo, Ed. Livros do Brasil, pp. 13-14.

“Não é em vão que se tem jogado com as palavras e fingido acreditar, que recusar um sentido à vida conduz, forçosamente, a declarar que ela não vale a pena ser vivida. Na verdade, não há nenhuma relação de obrigatoriedade entre esses dois juízos. (…) Averiguar se o absurdo determina a morte, tal o problema a que se tem de dar a primazia.”
Albert Camus (2002), O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo, Ed. Livros do Brasil, pp. 17-18.

“A inteligência também me diz, a seu modo, que este mundo é absurdo. Por mais que o seu contrário, que é a razão cega, pretenda que tudo é claro, em vão espero provas, desejando, embora, que ela tivesse razão. (…) Tudo o que se pode dizer é que esse mundo não é razoável em si mesmo. Mas o que é absurdo é o confronto desse irracionalismo e desse desejo desvairado de clareza, cujo apelo ressoa no mais profundo do homem.”
Albert Camus (2002), O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo, Ed. Livros do Brasil, p. 29.

“O sentimento do absurdo não deve, entretanto, confundir-se com a noção do absurdo. (…) O absurdo é essencialmente um divórcio. Não está num nem noutro dos elementos comparados. Nasce do seu confronto. No plano da inteligência, posso pois dizer que o absurdo não está no homem nem no mundo, mas na sua presença comum.”.
Albert Camus (2002), O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo, Ed. Livros do Brasil, p. 37.

“Até aqui tratava-se de saber se a vida devia ter um sentido para ser vivida. A partir daqui, pelo contrário, impõe-se-nos que ela será vivida até melhor por não ter sentido. Viver uma experiência, um destino, é aceitar plenamente. Ora não viveremos esse destino, sabendo-o absurdo, se não fizermos tudo por mantermos, diante de nós, este absurdo aclarado pela consciência. Negar um dos termos da oposição de que ele vive, é escapar-lhe. Abolir a revolta consciente é sofismar o problema. Viver, é fazer viver o absurdo.”
Albert Camus (2002), O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo, Ed. Livros do Brasil, p. 57.