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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Esporte é vida e entretenimento.... / Nelson Motta

A era do esporte-show

Fui ver as meninas do vôlei no Maracanãzinho e me vi numa festa eletrônica, com show de luz e DJ
Partida de Voleibol feminino da Olimpíada Rio 2016 entre Brasil (e Camarões, Maracanãzinho, RJ, Brasil (Foto: Celso Pupo / Fotoarena / Agência O Globo)
Nelson Motta, O Globo
Depois dos rios de sujeira da LavaJato, é um alívio para os brasileiros poder mergulhar no mundo limpo da alta competitividade e da excelência profissional em que vencem o talento, o esforço e a vontade, e se orgulhar da nossa produção do evento e das oportunidades de vitória de nossos atletas.
Enquanto a paixão e o entusiasmo da torcida nas arenas e piscinas emocionam pelo volume e intensidade e, às vezes, atrapalham pela falta de educação esportiva, nas redes sociais a selvageria e a covardia contra atletas perdedores, ou vencedores, movidas a ódio, inveja e estupidez, até com ameaças de morte e de estupro, mostram que estamos longe do espírito esportivo.
Claro, os gringos reclamam da pressão do público local contra os adversários — como em todos os estádios e arenas do mundo —, mas é tudo do jogo e parte inseparável do esporte.
Fui ao Maracanãzinho ver as meninas do vôlei e assisti a uma noite de festa eletrônica, com show de luz e DJ tocando em volume demencial batidas empolgantes, preenchendo com música todos os espaços entre as bolas paradas e incendiando a torcida, transformando o jogo em parte de um espetáculo multimídia em que o público se diverte mais, e o esporte não perde nada em eficiência e beleza: a mistura americana esporte + entretenimento é um sucesso, para o bem e para o mal.
Mas era muito bom e emocionante assistir aos jogos só com os cantos, vaias e aplausos espontâneos da torcida, o som da bola batendo na quadra e os gritos das jogadoras ecoando no ginásio. A Olimpíada lembra que a esportividade não está só no esporte.
É jogar limpo na vida, é reconhecer seus erros e derrotas, o valor e os méritos dos adversários, é aceitar os mistérios do acaso e da sorte, conviver com as diferenças individuais nas forças e nas fragilidades da condição humana. Ou, como dizem no Rio de Janeiro, diante de uma aposta, uma discussão ou uma namorada perdida: levar na esportiva.
Ou como diz Rita Lee em São Paulo: brinque de ser sério, leve a sério a brincadeira. Praticante de caminhadas, natação e ioga, minha principal atividade esportiva tem sido trocar de canal no controle remoto.
Partida de Voleibol feminino da Olimpíada Rio 2016 entre Brasil (e Camarões, Maracanãzinho, RJ, Brasil (Foto: Celso Pupo / Fotoarena / Agência O Globo)



Nelson Motta é jornalista