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terça-feira, 13 de março de 2012

Pedro Doria: O iPad 3 é mais do que parece - Yahoo! Notícias Brasil


RIO - No primeiro lance de olhos, a nova versão do iPad parece só um upgrade. O processador é mais rápido, a tela tem bem mais definição, ele já vem preparado para redes de celular 4G. Os números melhoraram, assim como já haviam melhorado na virada da primeira para a segunda geração. Mas não é apenas um upgrade, assim como não foi à toa que este novo iPad nasceu com a AppleTV de alta resolução. Repentinamente, o novo tablet da Apple nasce capaz de concorrer em uma penca de novos mercados.
Videogames, por exemplo. No processamento, o novo iPad não deixa nada a desejar quando comparado com o PlayStation 3, da Nintendo, ou com o Xbox 360, da Microsoft. São os consoles de jogos eletrônicos pesos-pesados do mercado. Números da Reuters: existem 62 milhões de PlayStations vendidos, 65 milhões na conta do Xbox. Até hoje, foram 55 milhões de iPads, versões 1 e 2. Espera-se que o novo venda bem mais do que os anteriores. Só que, agora, ele é capaz de rodar jogos pesados. Por causa da nova Apple TV, ele é capaz até de jogar a imagem do tablet na televisão da sala. Além de seus muitos usos, o iPad também pode fazer o que os melhores consoles fazem.
Só que ele não é só uma máquina de videogame, e isso faz toda a diferença. Os consoles são particularmente bons em jogos difíceis de jogar, como Call of Duty, no qual o jogador tem de sair metralhando seus inimigos. Não é o que a maioria dos jogadores quer. São poucos os que têm o tempo ou a paciência de jogar tantas horas que chegam ao ponto de desenvolver os reflexos necessários. O novo iPad já chega competindo pesado num mercado completamente novo.
Ele será também estupendo para leitura graças ao que a Apple chama de display de retina. Quando lemos texto na tela do computador ou de um tablet qualquer, nosso olho percebe o discreto serrilhado nas letras. É que toda imagem na tela é formada por pontos pretos, brancos ou coloridos. São pontos miúdos mas não tanto que não os percebamos. Quando olhamos as curvas do "a", elas não são perfeitas. Nosso cérebro então corrige a serra para que ela não nos distraia. Não nos damos conta desse esforço, mas ele cansa. Quando alguém sugere que ler no tablet cansa, este é um dos motivos.
A tela se chama display de retina porque os pontos são menores do que nossa retina percebe. O cérebro não tem trabalho. A leitura, portanto, cansa menos pois, afinal, as curvas são curvas reais.
Nem todos os aplicativos de texto feitos para o iPad serão capazes de se aproveitar deste ganho desde o início. Muitas revistas tratam texto como imagem, e estas vão sofrer. Mas os livros eletrônicos e a web já saem bacana de fábrica. O resto se ajeitará com o tempo.
O novo iPad é melhor para leitura, é potencialmente um excelente console de videogame e é, também, um misto de Blu-ray com caixa de TV a cabo. Filmes alugados pela loja iTunes ou pelo Netflix têm qualidade total e podem ser vistos pela internet. Em dobradinha com a nova AppleTV (custa US$ 99 lá), não perdem em qualidade na televisão da sala com home theater. Isso já era possível antes. A diferença é que não disputava com a melhor resolução que há no mercado. Agora a briga é entre iguais.
A maior esperteza da Apple, porém, não está em nada disso. A melhoria contínua da plataforma já apontava esse caminho. O truque é outro: o bloqueio dos fornecedores. A empresa fechou contratos com as poucas fábricas capazes de produzir essas telas com resolução tão alta. Se uma Samsung ou Motorola sair às compras, não encontrará nos próximos meses quem venda. Isso garante durante um bom tempo o monopólio desta característica. Tablet com tela que mostra letras curvas, em Android não existirá por um bom tempo.
É mérito de Tim Cook, o CEO que substituiu Steve Jobs. Cook cuidava das operações. Sabia costurar a cadeia de fornecedores, garantir que cada um entregaria o necessário em tempo para que todas as peças chegassem juntas à fábrica no melhor preço. Eficiência numa cadeia complexa assim não só é coisa difícil como garante oferta suficiente de produtos populares e custo baixo.
O último iPad criado por Steve Jobs é, também, produto do competente sucessor.