São Paulo - O furacão Patricia continua se aproximando do litoral do México e pode atingir o oeste do país nas próximas horas. Com ventos de até 400km/h, Patricia é considerado pelo Serviço Meteorológico Nacional do país como um "um furacão extremamente perigoso que favorecerá chuvas intensas".
Para mostrar o tamanho do perigo que está por chegar no país, o astronauta da Nasa Scott Kelly registrou e publicou em sua página no Twitter uma foto do furacão visto desde a Estação Espacial Internacional. "Furacão Patricia parece ameaçador visto da @space_station. Fique a salvo aí embaixo, México.", escreveu o americano.
Autoridades mexicanas já se encontram em alerta máximo para a passagem de Patricia. Enrique Peña Nieto, presidente do México, também escreveu em sua conta no Twitter sobre a "ameaça de grande escala" que enfrentam, declarando que a prioridade é "proteger e salvar a vida dos mexicanos".
"O governo está tomando todas as medidas antecipadas necessárias para enfrentar esta emergência extraordinária", escreveu o presidente.
Assassino de aluguel de 14 anos é preso no México após ser contratado pelo Facebook
Jovem receberia cerca de R$ 7,2 mil por morte; autoridades reconhecem que é crescente participação de menores em crimes graves.
Juan Paullier
Da BBC
Na caixa de mensagens de sua página no Facebook, um garoto de 14 anos recebeu a proposta: cometer um assassinato sob a recompensa de US$ 1,9 mil (cerca de R$ 7,2 mil).
O jovem foi preso na cidade mexicana de Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos, após cometer o crime. Disse a autoridades ter deixado um táxi, caminhado até sua vítima - um homem de 35 anos - e atirado na cabeça dele com uma arma calibre .40.
"O menino nos disse que havia recebido a mensagem por Facebook", disse a jornalistas Miguel Ángel Guerrero, coordenador de Investigações Especiais do Governo do Estado de Baja California.
Após receber a mensagem - que oferecia 31.000 pesos mexicanos - o jovem concordou em realizar o crime numa das principais estradas da cidade. Foi, então, a uma área de Tijuana conhecida pelos bares e tráfico de drogas.
"Deram-lhe uma arma e mostraram-lhe quem deveria matar", disse Guerrero.
"O menino se abaixou, disparou, correu pela avenida Revolución, onde foi detido por policiais municipais com a arma e confessou".
O fato ocorreu no sábado e foi divulgado pelas autoridades na quarta-feira. O garoto deverá ser ouvido por um tribunal de menores.
A vítima, segundo autoridades, teve ferimentos no rosto, peito, na costela esquerda e em ambos os ombros e morreu enquanto recebia atendimento médico.
Menores no crime Não é a primeira vez que crianças são envolvidas em tais incidentes no México. Muitas vezes, são contratadas por cartéis de drogas e gangues criminosas como "falcões" para informar sobre a movimentação em determinados lugares.
Mas também já houve casos de crianças pistoleiras. O mais conhecido, chamado de "El Ponchis", refere-se a um garoto de 14 anos que foi preso em dezembro de 2010 e confessou ter matado quatro pessoas enquanto trabalhava como um assassino para um cartel de drogas.
Na época, foi informado que ele cobrava o equivalente a US$ 2,5 mil por morte.
Cerca de 5 mil menores estão presos no México. Entre eles, mais de 1 mil cometeram crimes graves, como trabalhar como assassinos para grupos criminosos, segundo relatório oficial divulgado neste ano.
Autoridades de Tijuana reconhecem que é crescente a participação de menores em crimes. "Eles participam cada vez mais de crimes de alto impacto, como roubo a casas", disse Alejandro Lares Valladares, da Secretaria Municipal de Segurança Pública.
O Comitê sobre Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas exigiu que o México tome medidas para proteger os menores de idade do crime organização e imigração.
Em documento, o órgão manifestou preocupação com o recrutamento de menores por grupos criminosos e que não há políticas públicas para combater esta prática.
Ela terminou o ensino primário aos seis anos e o ensino secundário um ano depois. Começou a universidade aos 10 anos e no próximo mês, aos 13, será a psicóloga mais jovem do mundo.
A mexicana Dafne Almazán é superdotada, assim como seu irmão Andrew, de 20 anos, e sua irmã Delanie, de 17. Recentemente, ela foi incluída na lista das 50 mulheres mais poderosas do México, o que considera "impressionante".
"Disseram que foi porque meu caso era inspirador", contou à BBC Mundo.
Em agosto, quando ela terminar seus estudos à distância no Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, no entanto, ela não começará imediatamente a atender pacientes.
Dafne pretende fazer um mestrado e já pensa em um doutorado.
"Todos estes conhecimentos vão me servir para ajudar crianças superdotadas, que é a área à qual eu quero me dedicar. Quero que minha história abra novas portas às crianças e destrua o mito de que nós não temos infância."
Apesar de estudar 12 horas por dia, Almazán afirma conseguir levar a vida como uma garota normal de 13 anos. Ou quase.
"Não é porque estou na universidade que não posso continuar me divertindo, então quando minhas amigas vêm, vemos filmes, conversamos, brincamos, (fazemos) atividades normais", explica.
Mas isso acontece quando ela não está estudando, fazendo taekwondo – já é faixa amarela – pintando, tocando piano ou dando aulas de mandarim a outros superdotados. A garota também já praticou balé clássico, natação e patinagem artística no gelo.
Mas seus próximos passos não serão no mundo dos esportes e das artes. "Tenho que me desenvolver profissionalmente para depois ter as ferramentas necessárias para ajudar as crianças, para que elas não sofram e vejam que é possível fazer tudo isso", afirma.
Dafne dá aulas para alguns dos 250 alunos do Centro de Atenção ao Talento (Cedat), uma instituição fundada por seus pais com o objetivo de acolher crianças e jovens com capacidade intelectual acima da média no México.
"Alguns deles tem dificuldades para escrever os caracteres ou pronunciar as palavras (em chinês), então decidi ajudá-los", diz a jovem psicóloga, que também fala inglês, francês e latim.
"Quando eu terminar o doutorado, gostaria de dar aulas a crianças. Eu gosto muito de ensinar."
O pai da garota, Asdrúbal Almazán, diz que o Cedat se baseia em um modelo educacional desenvolvido pelo irmão mais velho de Dafne, Andrew – que é, até o momento, o psicólogo mais jovem do mundo, segundo a organização World Record Academy.
O modelo psicopedagógico é chamado de teoria nomênica e se baseia na segregação total das crianças superdotadas. A chave do sucesso, segundo ele, é deixá-las principalmente longe dos adultos. "As crianças se desajustam", afirma Almazán.
Em seus estudos no centro, Dafne também seguiu o modelo de "aceleração radical", que seu pai explica como "deixar que a criança aprenda sem nenhum freio".
"Às vezes pode parecer que estamos tirando a infância deles. Uma menina de 13 anos que estuda chinês, francês, inglês, piano, robótica, e artes plásticas. As pessoas pensam que não dá tempo."
"Mas não é assim. É simplesmente organização, porque eles também jogam, brincam."
Dafne vai falar sobre sua experiência com a "aceleração radical" em agosto, na Dinamarca, durante um congresso do Conselho Mundial de Crianças Superdotadas e Talentosas (WCGTC, na sigla em inglês).
Em família
Almazán também diz que a estabilidade emocional e a unidade do núcleo familiar são importantes para que os superdotados se desenvolvam. No entanto, ele reconhece que, na sua família, o caminho não foi fácil.
"O primeiro, Andrew, nos deu mais trabalho. Foi porque nos vimos sem respostas, pensávamos que tinhamos um filho diferente que não se ajustava em nenhum lugar", relembra.
"Essa foi a razão para abrirmos o centro. Para poder atender crianças que, como ele, aprendem muito rápido e não têm as pessoas adequadas para guiá-los e ver como sofrem por serem diferentes."
No princípio, ele afirma que "tiveram muitos diagnósticos errados" sobre o que havia de diferente com seu filho. "Nos rebelamos, assumimos que ele era uma criança superdotada e começamos a nos preparar para entender o fenômeno."
Aos 20 anos, Andrew não só é psicólogo como também se formou em medicina, tem um mestrado em educação, está terminando um doutorado e é pesquisador.
Segundo dados do Cedat, 93% das crianças superdotadas são diagnosticadas erroneamente com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o que pode gerar tratamentos inadequados e provocar a perda de suas capacidades.
Mesmo preparados, os pais de Dafne não queria que, porque seus irmãos eram superdotados, ela se sentisse pressionada.
No entanto, a garota mostrou ser precoce ainda antes de um ano, quando aprendeu a caminhar. Seus pais davam giz de cera para que ela pintasse, mas ela insistia em pedir lápis.
Observando sua irmã e usando os lápis para escrever em um guardanapo que escondia, aprendeu a ler e a escrever aos dois anos e meio.
"Ela queria os lápis porque, com os giz de cera, não podia escrever. Quando vimos que ela aprendeu a ler, pensamos: 'Não podemos lutar contra isso'", diz o pai.
Segundo ele, entre os irmãos havia competição e ciúme, algo comum entre crianças com capacidade intelectual acima da média.
"Todos são muito competitivos, querem ser os melhores. Então na dinâmica familiar, os pais devem focar sobretudo em ensiná-los respeito."
Mesmo assim, as brincadeiras dos irmãos também eram oportunidades de aprendizado.
"Os três brincavam de Revolução Francesa, imprimindo os retratos dos personagens e jogando em um mapa. Para nós, era muito bom ver que estavam aprendendo."
Não amanhece em Iguala. Essa histórica cidade, que em sua época foi berço da bandeira mexicana e que agora figura nos anais pelamorte e desaparecimento dos normalistas de Ayotzinapa, continua refém da violência. Somente entre quarta-feira e sexta da última semana de fevereiro, em menos de 72 horas, 14 pessoas foram assassinadas no município. O relato do banho de sangue, publicado pelo El Universal, é uma viagem às profundezas da brutalidade. Uma grávida crivada de balas com seu filho, um médico baleado em pleno centro, três cadáveres encontrados ao lado do rio San Juan, seis executados pelo estranho grupelho Serra Unida Revolucionária... São dias difíceis nessa cidade de 130.000 habitantes e ruas retas, onde, longe do discurso oficial, o narcoterror impera e soma-se ao caos de um Estado em chamas.
Em Guerrero, os grupos radicais, com ramificações nos movimentos guerrilheiros do sul, realizam frequentemente ações violentas, como fechamento de estradas, ataques a sedes oficiais e roubos de empresas (a Coca-Cola deixou de distribuir seu produto na região por conta dos assaltos sofridos). O poder estatal, sumido em descrédito após anos de corrupção, não tem a capacidade para conter a inquietação. E as forças federais mantêm o equilíbrio a duras penas. Nesse horizonte convulsionado, o narcotráfico não deixa de afiar suas garras. Somente em Acapulco, a antiga pérola do Pacífico mexicano, morreram assassinadas 137 pessoas em dois meses. E Iguala, encravada no coração das rotas do tráfico, segue seus passos.
Por trás da onda de crimes desses últimos dias aparece, em seis casos pelo menos, a mão dos Los Rojos. Esse sangrento cartel é o rival dos Guerreros Unidos, a organização que, segundo a versão oficial, assassinou e queimou na noite de 26 para 27 de setembro os estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa ao confundi-los justamente com seus inimigos.
A guerra implacável entre os dois grupos, que teve em Iguala um de seus epicentros, tem suas raízes na queda de Arturo Beltrán Leyva, o chamado Chefe dos Chefes, em 16 de dezembro de 2009. Sua morte deixou sem cabeça um narcoimpério que ocupava vastas extensões entre o Pacífico e o centro do México. O vazio de poder foi ocupado quase imediatamente por uma constelação de grupos ultraviolentos que começaram a disputar os despojos. Nesse turbulento enfrentamento, ganharam terreno rapidamente os Guerreros Unidos e os Los Rojos. Inimigos encarniçados, seu enfrentamento cobriu o território de sangue durante os últimos anos. O próprio líder dos Los Rojos, Crisóforo Rogelio Maldonado Jiménez, após escapar ferido de uma emboscada, foi morto em 14 de dezembro de 2012 em uma unidade de vigilância intensiva da Cidade do México. Um bandido disfarçado de médico o matou com um revólver equipado com silenciador. Um tiro no abdômen e outro no tórax.
O poder estatal não tem a capacidade para conter a agitação e as forças federais mantêm o equilíbrio a duras penas
A perseguição empreendida pelas forças policiais contra os dois cartéis não foi capaz de conter essa espiral. A queda dos líderes dos Guerreros Unidos após a onda de prisões desencadeada pela matança dos normalistas deixou caminho livre aos Los Rojos. Os assassinatos continuaram e em cidades como Iguala, com centenas de desaparecidos, nem o desmantelamento da Polícia Municipal, corrompida até a medula, nem os controles da Polícia Federal e do Exército trouxeram tranquilidade. O medo continua imperando. Catorze mortos em menos de 72 horas dão mostras disso.