Os ex-vereadores Jonas Gonçalves da Silva, Jonas Enóis, e Sebastião Ferreira da Silva, o Chiquinho Gradão, seriam os chefes da quadrilha.
Uma investigação da polícia do Rio mostra, em detalhes, como age a milícia que controla 15 bairros da Região Metropolitana. Os criminosos queriam lucrar até com um cemitério.
Apesar das prisões, os moradores ainda têm medo. Desde 2010, policiais e ex-policiais impõem regras e amedronta ou até matam quem desobedece.
Foi o que houve com o sargento reformado da PM Nelson Franco Coutinho, assassinado em janeiro de 2010. Imagens feitas por câmeras de monitoramento e só divulgadas agora pela polícia, mostram o momento em que um carro encosta ao lado do veículo do sargento e dispara vários tiros.
A quadrilha já tinha sido presa no fim de 2010, na Operação Capa Preta. Mas em novembro do ano passado, o desembargador Marcus Quaresma Ferraz concedeu habeas corpus a 25 acusados. Desde então, houve outras seis mortes.
O promotor de Justiça, que acompanhou os trabalhos da polícia, conta que 10 testemunhas foram assassinadas. Apenas duas continuam vivas. A milícia de Caxias surpreende até quem está habituado a combater esse tipo de crime.
“Ela apresenta um grau de violência exacerbado, que passa qualquer marca que já havíamos constatado”, afirmou o promotor de Justiça Décio Alonso Gomes.
As investigações apontaram que os ex-vereadores Jonas Gonçalves da Silva - o Jonas Enóis e Sebastião Ferreira da Silva, o Chiquinho Gradão, que já estão presos, são os chefes da milícia que atua em cinco bairros de Duque de Caxias.
Na hierarquia do crime, abaixo deles estão o ex-PM Eder Fabio Gonçalves, o Fabinho e o policial militar Angelo Sávio Lima Caxias. Outros 9 PMs também estão envolvidos, segundo a polícia. Além de um fuzileiro naval e um sargento do Exército.
Já se sabia que as milícias do Rio cobravam pelo gás, pelo sinal de TV à cabo, pela segurança e transporte, mas os bandidos dessa região fazem ainda pior, obrigam os moradores a fazer compras na venda indicada pelos criminosos, com preços absurdos. E mais, toda a vizinhança tem de pagar mensalidade para a milícia até da água encanada - sob pena de ter o fornecimento cortado.
Outros braços da milícia continuam agindo na região. A mais recente descoberta do Ministério Público e dos investigadores é que a quadrilha tinha planos de dominar o cemitério da cidade.
Uma empresa estaria sendo montada pelos criminosos para entrar no ramo da administração do cemitério e receber da prefeitura uma verba mensal pelo serviço. Tudo aparentemente dentro da lei, não fosse a pressão violenta para que os donos da atual empresa que administra o lugar deixassem o negócio.
”O que chama a atenção é o apetite voraz dessas pessoas em relação a qualquer atividade que possa gerar lucro para a quadrilha no município de Caxias”, ressaltou o delegado Alexandre Capote.
“O morador fica ali acuado. Não tem ajuda de ninguém. Todo mundo desesperado querendo ajuda. mas ninguém pode ajudar. Enquanto isso, eles continuam lá”, completou um morador.