Postagem em destaque

Uma crônica que tem perdão, indulto, desafio, crítica, poder...

Mostrando postagens com marcador José Aníbal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador José Aníbal. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

" Mas o poder para eles é tudo. Mais caem, mais confundem, mentem, e, esquizofrenicamente, defendem o que é impossível com Dilma e o PT: crescimento, emprego, juros baixos..."



POLÍTICA

Tem sereia no Planalto

A presidente da República, Dilma Rousseff, ao lado do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo)A presidente da República, Dilma Rousseff, ao lado do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo)
Primeiros dias do novo ano. Ministro Jaques Wagner, novo mensageiro da presidência, diz que “não apenas o governo reconhece erros na economia, como está trabalhando para resolvê-los”. Diz também que o PT se lambuzou no poder e que o governo vai barrar o impeachment na Câmara.
O reconhecimento tinha que ser feito por Dilma, humildemente. Afinal, arruinar a economia, impondo enorme sacrifício aos brasileiros, em especial aos mais pobres e aos que vivem do salário médio do país, não é apenas um erro. É crime contra a difícil conquista da estabilidade – a inflação para a população de baixa renda foi a maior ano passado, 11,52% - dos fundamentos da economia, que propiciaram melhoria significativa da renda e de sua distribuição desde o Plano Real.
Ao contrário, a autocrática e mentirosa presidente publica um artigo na Folha de São Paulo (01/01/16) tentando inculpar a oposição, tagarelando sobre devaneios em terra de pesadelos. Nada sobre como sair da crise. Fato é que Dilma, depois dos cortes a programas sociais ao longo de 2015, começa 2016 cortando o reajuste do Bolsa Família!
O trabalho para “resolver os erros” começa pela nomeação do novo ministro da Fazenda, Barbosa, um dos mentores da política econômica desastrosa de Dilma. O tal cidadão não tinha convicção antes ou não tem agora. É um mero oportunista em busca de agrados ao sistema de poder. Aliás, uma marca do PT. Hoje sabemos o quanto Lula é servil para merecer a simpatia de grandes empresários nacionais, sempre ávidos para receber as prebendas do Estado - como mostram as operações da Polícia Federal (Lava Jato, Zelotes, Acrônimo), os empréstimos suspeitos e subsidiados do BNDES, a fraude no Postalis e em outros fundos de pensão... - à custa de surrupiar centenas de bilhões de reais do patrimônio público.
O reconhecimento da lambança em que mergulhou o PT desde Lula aparenta ser um ato de coragem do novo mensageiro. Contraria o petismo em transe. Mas não passa de reconhecimento daquilo que os brasileiros estão cansados e enojados de saber. Jogo de cena. Pior, sabemos que nada mudou até agora. É sintomático que o mensageiro acrescenta que vão evitar o impeachment na Câmara. Com quais argumentos? Os parlamentares que porventura forem sensibilizados – sem considerar os petistas e seus satélites que estão aquinhoados desde sempre – o serão pelo entusiasmo com a credibilidade de Dilma e seu grande potencial para fazer o Brasil voltar a crescer? Ou será pela estimulante avaliação de seu governo e do consequente impacto positivo no desempenho dos aliados nas eleições deste ano? Ou será que a moeda de troca para tentar dobrar a Câmara – e levá-la a um voto contra a vontade dos brasileiros - será mesmo moeda?
O mensageiro Wagner vai na mesma direção de Rui Falcão, presidente do PT. Os dois, mais Dilma e Lula, estão atordoados pelo desastre sem fim que produziram. Mas o poder para eles é tudo. Mais caem, mais confundem, mentem, e, esquizofrenicamente, defendem o que é impossível com Dilma e o PT: crescimento, emprego, juros baixos. Soa como o canto da sereia, aquele que fascina os pescadores pela sua beleza, e depois os conduz à morte. Os brasileiros estão vacinados quanto à pescaria em águas turvas.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O Brasil é o melhor país do Mundo, pra bandido!!! / José Aníbal

Enviado por José Aníbal - 
15.1.2014
 | 16h16m
GERAL

A crueldade cotidiana, por José Aníbal

Na última sexta-feira, por volta de 20h30, o operário Marco Aurélio Savoviski, de 31 anos, voltava de bicicleta da casa dos pais, em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, depois de trabalhar o dia inteiro na construção de uma casa nova para a família. Num trecho urbano da BR-116, Marco Aurélio foi atropelado e morreu.
Em alta velocidade, o motorista atingiu o ciclista e fugiu por cerca de 6 km com o corpo da vítima atravessado ao para-brisa.
Perseguido e cercado por outros motoristas, o atropelador quase foi linchado. O bafômetro da Polícia Rodoviária registrou o nível máximo de embriaguez.
Essas impiedades seguem se repetindo no Brasil. Quando se fala em crime e violência, vários fatores ajudam a explicar a realidade.
Certamente contribuem para isso uma série de injustiças e truculências. Mas nada explica os atos de frieza extrema que temos observado.

O corpo da vítima, Marco Aurélio Savoviski, ainda preso no para-brisa do carro

Das decapitações no presídio de Pedrinhas ao atropelamento de Marco Aurélio Savoviski, sem esquecer a menina Ana Clara, vitimada por uma vilania inominável, o desprezo pela integridade humana do outro tem características perversas.
Se a criminalidade é ruptura social, a crueldade indiferente é o rompimento de qualquer identificação com a humanidade do outro.
Toda morte violenta é chocante e sem reparação. Mas aqui lidamos com outro grau de desvio: a impiedade fortuita, sem rosto e sem significado.
Não sei se essa banalização da crueldade é própria do Brasil, se é traço cultural ou uma marca da época. Não sei se o indivíduo pode controla-la, ou o que a desperta.
A violência tem muitas causas e responsáveis, mas a crueldade é uma escolha do indivíduo. Daí a perplexidade.
Seja como for, os poderes públicos precisam se articular com mais interesse e energia pela diminuição dos eventos violentos.
Falta senso de prioridade e decisão, mas também um comprometimento real com a paz. Vitimada pelo crime, a própria sociedade precisa aprender a ser mais fraterna e solidária.


José Aníbal é economista, deputado federal licenciado e ex-presidente do PSDB.