Nesta semana, a Câmara dos Deputados votou a criação de uma previdência complementar para os servidores públicos. É uma saída de emergência para diminuir a ameaça à aposentadoria de todos os brasileiros com os rombos sucessivos nas contas. Nesta sexta-feira (2), os nossos correspondentes mostram como funciona a previdência na Inglaterra, na França, na Itália e nos Estados Unidos.
A Previdência Social americana paga aposentadoria e pensões a 56 milhões de pessoas. Quem trabalha no setor privado precisa ter pelo menos 65 anos para se aposentar. Dependendo do tempo e do valor de contribuição, o benefício pode chegar a no máximo a US$ 2.513,00 por mês.
No caso do servidor público, o sistema de previdência está passando por uma transição. A maioria recebe ainda pelo sistema antigo, em que o valor máximo chega a 80% da média dos três maiores salários que a pessoa ganhou durante a vida. No regime novo, ficou mais difícil atingir o mesmo teto.
Em 2011, o caixa da previdência dos Estados Unidos fechou no vermelho: entre arrecadação e pagamentos, faltou o equivalente a R$ 81 bilhões.
E o problema pode piorar nos próximos anos. Até 2036, a população de idosos nos Estados Unidos deve dobrar. Por isso, o governo tem incentivado o investimento em planos de previdência privada - fundos em que a empresa pode contribuir com uma parte e o empregado com outra.
Apesar de a Itália ter uma dívida publica preocupante, de quase dois trilhões de euros, as contas da previdência estão equilibradas. Não sobra, nem falta dinheiro.
Os 200 bilhões de euros que o país arrecada por ano são gastos com 16 milhões de aposentados - 27% da população. O benefício médio de um aposentado italiano è equivalente a R$ 2.500,00.
A idade mínima para se pedir a aposentadoria é de 65 anos para
as mulheres e 66 para os homens.
O governo italiano está fazendo uma nova reforma da previdência. Com o dinheiro que economizar, pretende amenizar um dos maiores problemas sociais do país, o desemprego entre os jovens - 31% deles estão sem trabalho.
A França tem cerca de 15 milhões de aposentados e gasta com eles por ano o equivalente a R$ 633 bilhões.
É a principal despesa do estado, quase 15% do orçamento anual. A idade mínima para se aposentar passou de 60 anos para 62 anos. Para receber o máximo possível a pessoa tem que contribuir durante 41 anos e meio. Mesmo com a mudança as contas não batem. E por uma razão simples: quando o sistema foi criado, depois da Segunda Guerra Mundial, as contribuições de 4 trabalhadores na ativa sustentavam um aposentado. Mas hoje essa relação caiu, para 1,6 por aposentado.
Apostar em corridas de cavalo enquanto bebe uma cervejinha num pub de Londres é um dos passa-tempos de um inglês de 67 anos de idade e 2 de aposentadoria. Norman Mair recebe o máximo que a previdência do governo paga neste país para pensionistas dos setores público e privado: 480 libras, o equivalente a R$ 1.300,00 por mês. Ele também conta com R$1.500,00 de uma previdência privada. Com isso chega a tirar R$ 2.800,00 por mês.
“Ainda bem que investi numa pensão complementar. É importante desde cedo se preocupar com a velhice”, avalia Normam.
Na Inglaterra todos se preocupam, principalmente o governo que dá incentivos fiscais para as empresas que ajudam seus funcionários a pagar uma previdência privada. Os aposentados ainda têm descontos de até 50% no IPTU, e nas contas de gás, luz e telefone. E não pagam para andar de trem e ônibus. Médico e hospital, também - é tudo de graça.
Um especialista em previdência afirma que na prática o governo ''evita que os trabalhadores se atirem nas cordas, confiando apenas na aposentadoria''.
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