Posted: 16 Oct 2012 02:00 PM PDT
Estudar as células-tronco, que têm o potencial de curar inúmeras condições de saúde, sempre foi polêmico porque elas existem somente em embriões ou são induzidas de adultos vivos. Agora, pesquisadores descobriram que células permanecem vivas em cadáveres dias após sua morte e podem ser reprogramadas em células-tronco
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A terapia celular começou a ser estudada muito tempo atrás, história que foi contada recentemente no anúncio do Prêmio Nobel de Medicina de 2012 a John B. Gurdon e Shinya Yamanaka.
Com o potencial de usar uma célula-tronco saudável para substituir outra célula danificada, a terapia celular pode ter inúmeras aplicações, como reconstruir membros perdidos ou sarar o músculo cardíaco após um infarto.
Células-tronco são células estaminais pluripotentes presentes em um embrião nos primeiros dias após a concepção, e podem ser transformadas em quaisquer células existentes no organismo adulto: células nervosas, musculares, do fígado, etc.
Baseado nessa explicação resumida, você já deve ter percebido que essas células estaminais não são exatamente as coisas mais fáceis de se conseguir. Se o aborto já é um tema polêmico por si só, “violar” um embrião para estudar células-tronco
foi o foco da controvérsia por um bom tempo, até que ficou provado que células adultas poderiam ser “reprogramadas” para “voltarem” a serem “células estaminais”, capazes de formar qualquer tecido (essa foi a descoberta que deu o Nobel aos pesquisadores).
Ainda assim, a pesquisa com humanos precisa ser cautelosa. No caso do Nobel, os estudos científicos vencedores foram feitos com animais. Usar cobaias vivas poderia mesmo levantar questões éticas e preocupações, já os mortos… já estão mortos.
Cadáveres têm células vivas
Muito tempo depois de nossos sinais vitais cessarem, pequenas bolsas de células vivem por dias, até semanas.
Um estudo neurocientífico do Instituto Lieber para o Desenvolvimento Cerebral em Baltimore (EUA) conseguiu colher essas células vivas dos escalpos e dos cérebros de cadáveres humanos (mortos há dias) e reprogramá-las em células-tronco.
Em outras palavras: pessoas mortas podem produzir células vivas que podem ser convertidas em qualquer célula ou tecido do corpo. Sendo assim, esse incrível avanço poderia ajudar a tornar disponível de uma vez por todas a terapia celular.
Além disso, o estudo pode lançar luz sobre uma variedade de transtornos mentais, como autismo, esquizofrenia e transtorno bipolar, que podem decorrer de problemas com o desenvolvimento cerebral.
A pesquisa
Células maduras podem ser induzidas a se tornarem células imaturas, conhecidas como células estaminais pluripotentes.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado que este mesmo processo pode ser realizado com os chamados fibroblastos, retirados da pele de cadáveres humanos.
Os fibroblastos são as células mais comuns do tecido conjuntivo nos animais, e sintetizam a matriz extracelular, as “bases” complexas entre as células.
Fibroblastos coletados de cadáveres podem ser reprogramados em células-tronco pluripotentes induzidas, utilizando produtos químicos conhecidos como fatores de crescimento que estão relacionados com a atividade das células-tronco.
As células reprogramadas podem então desenvolver-se em uma grande variedade de tipos de células, incluindo neurônios encontrados no cérebro e na medula espinhal.
Mas há uma dificuldade: bactérias e fungos na pele podem causar estragos no cultivo das células em laboratórios, tornando o processo complicado.
Nesse estudo, os cientistas coletaram fibroblastos dos escalpos e dos cérebros de 146 doadores humanos de cérebro para estudo científico, e cresceram células-tronco pluripotentes induzidas a partir deles.
Os corpos estavam mortos de 10 horas a dois dias antes dos cientistas coletarem as amostras, e os cadáveres tinham sido mantidos sob refrigeração no necrotério, mas não congelados.
Os pesquisadores descobriram que os fibroblastos retirados do revestimento do cérebro ou da dura-máter eram 16 vezes mais propensos a crescerem com sucesso do que os retirados do couro cabeludo. Isto era esperado, uma vez que o couro cabeludo é propenso à contaminação por fungos e bactérias.
Surpreendentemente, as células do couro cabeludo se proliferaram mais e cresceram mais rapidamente do que as células da dura-máter. “Isso faz sentido – a pele está em constante renovação, enquanto esse processo na dura-máter é muito mais lento”, disse Thomas Hyde, neurologista e neurocientista que participou do estudo.
Aplicações
Segundo os pesquisadores, cadáveres podem fornecer tecidos do coração, cérebro e outros órgãos para estudo que os pesquisadores não podem obter de forma segura a partir de pessoas vivas.
“Por exemplo, podemos comparar os neurônios derivados de fibroblastos com neurônios reais do mesmo indivíduo”, disse Hyde. “Isso nos diz quão confiável um determinado método para derivar neurônios a partir de fibroblastos é. Isso pode ser crucial se, por exemplo, quisermos criar neurônios que produzem dopamina para tratar alguém com Parkinson”.
Estudar como as células-tronco pluripotentes induzidas se desenvolvem em vários tecidos diferentes também pode lançar luz sobre distúrbios causados por problemas de desenvolvimento.
“Estamos muito interessados nos principais distúrbios neuropsiquiátricos como esquizofrenia, transtorno bipolar, autismo e retardo mental”, disse Hyde. “Ao compreender o que se passa de errado com as células cerebrais nestes indivíduos, poderíamos ajudar a corrigi-las”.[LiveScience, ABCNews]
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MIAMI, 16 Out 2012 (AFP) -A eliminação do visto de saída para viajar de Cuba para o exterior anunciada nesta terça-feira em Havana provocará um novo êxodo para os Estados Unidos, preveem especialistas em Cuba. O professor Jaime Suchlicki, diretor do Instituto de Estudos Cubanos e Cubano-Americanos da Universiade de Miami, comparou a medida anunciada nesta terça-feira em Cuba, que entrará em vigor em 14 de janeiro, com o movimento em massa de cubanos que partiram do porto de Mariel para os Estados Unidos entre 15 de abril e 31 de outubro de 1980 após uma abertura feita pelo líder revolucionário Fidel Castro. "Isto é um Mariel legal e lento, mas será outro Mariel", disse Suchlicki à AFP. Na época, mais de 125.000 cubanos fugiram da ilha por mar em direção aos Estados Unidos, onde provocaram uma crise de imigração que levou o então presidente Jimmy Carter a decretar medidas para punir todos aqueles que transportassem imigrantes. Para o estudioso da Universidade de Miami, o motivo do anúncio feito pelo Ministério das Relações Exteriores de Cuba é "sobretudo uma questão de política interna". "Em primeiro lugar, tenta se desfazer de muitas pessoas que tem que alimentar, segundo, elimina uma enorme pressão social porque os cubanos queriam viajar e não podiam, e terceiro, desloca a atenção dos problemas econômicos porque agora as pessoas começam a se preocupar com uma forma conseguir um passaporte para ir à embaixada da Espanha obter um visto", disse Suchlicki. Tanto o professor como a líder do Diretório Democrático Cubano, Janisset Rivero, concordaram que no dia 13 ou 14 de janeiro "haverá longas filas de cubanos em todas as embaixadas tentando conseguir vistos". "Quantos vistos vão ser dados pelos espanhóis? Não acho que muitos com a situação econômica que estão atravessando. Quantos vistos vão dar os venezuelanos ou os mexicanos? Também não serão muitos, portanto não vão poder sair em grandes quantidades, mas vão sair de forma lenta e legal". Para Rivero, "muitas pessoas vão tentar sair da ilha, isso é certo". "Em Cuba existe muito descontentamento, existe muita pressão social e as pessoas vão tentar deixar o país. Acho que isto pode causar uma emigração grande", indicou a ativista, ressaltando que esta suposta flexibilização migratória "não deve causar uma mudança real, por isso não deve motivar por enquanto nenhuma mudança na política migratória por parte dos Estados Unidos". Os Estados Unidos não pretendem mudar "em nada as leis em vigor", declarou nesta terça-feira a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland. Washington mantém desde 1966 a chamada Lei de Ajuste, segundo a qual um cubano que pisar em território americano automaticamente pode pedir para viver no país. Além disso, ambos os países estabeleceram acordos migratórios, teoricamente para impedir operações de saída em massa da ilha. "Sempre pedimos que as famílias cubanas utilizem a reunião familiar legal e outros mecanismos de imigração que já estão em vigor", disse Nuland, considerando a medida de Havana uma iniciativa "coerente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos que afirma que todas as pessoas têm o direito de deixar qualquer país - incluindo o seu - e de poder voltar". Apesar disso, Jaime Suchlicki indicou que uma eventual mudança da política migratória americana em relação a Cuba dependerá de quem ocupar a Casa Branca depois das eleições presidenciais de 6 de novembro. "Se (Barack) Obama continuar pode ser que haja um relaxamento maior da política dos Estados Unidos, no sentido de permitir que mais cubanos entrem no país e mais (americanos) possam ir, mas com (o republicano Mitt) Romney não acho que vá haver nada disso. Ele seguiria sua linha dura na questão migratória". pb/dm
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