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O adeus a David
Sob aplausos de dezenas de amigos e familiares, o corpo do artista David da Costa Moreira, 38 anos, foi sepultado na manhã de domingo (16), no cemitério de Barra do Itabapoana, em São Francisco de Itabapoana, após ser realizada uma missa de corpo presente na Paróquia São Sebastião. Ator e professor de teatro, David ficou conhecido por dar vida a Laysa Lisa e ao Palhaço Alegria, personagens inesquecíveis que animavam festas e eventos em toda a região. David foi assassinado com um tiro na nuca às 4h de sábado, na Rua Cardoso de Melo, no Parque Rosário, em Campos. Na tarde do mesmo dia, dois adolescentes — de 17 e 16 anos — foram apreendidos pela Polícia Civil, e teriam confessado a autoria e participação no crime. Segundo o delegado que investigou o crime, Paulo Pires, o crime foi elucidado e cinco pessoas estão envolvidas no caso.
Entre os amigos e familiares de David, o clima era de comoção e revolta com o assassinato do artista. Emocionada e quase sem fala, Vanessa Moreira lembrou a alegria do irmão. “Ele era um pedaço de mim que foi embora. Não era só um irmão, era amigo, filho. Eu cuidava dele e ele cuidava de mim, e sempre tinha a imagem alegre, feliz”, disse. A produtora que trabalhava com David, Mariana Lima, contou que o artista vivia entre Campos e Quissamã, onde era professor de teatro há quatro anos. No município, ele também liderava o bloco de carnaval “Amigos de Laysa Lisa” que, neste ano, arrastou 1.500 foliões, segundo a produtora.
Mariana Lima estava com David, na madrugada em que ocorreu o crime. Ela contou que os dois estavam saindo do evento, entre 3 e 4h. “Eu voltei para ir ao banheiro e ele disse que ia na rua. Quando eu peguei meu celular, vi a mensagem dele dizendo ‘Mariana socorro tomei um tiro’. Comecei a ligar mas ele não atendia, procurei por ele em todos os lugares”, contou. David foi encontrado, já sem vida, por volta de 6h30. “A perda para mim é muito grande, a dor é imensurável. A arte e a alegria dele eram maiores que a Laysa Lisa e o Palhaço Alegria. Não era só de cara pintada que ele transmitia alegria. O mundo perdeu um grande artista”.
Câmeras flagraram adolescentes correndo
O corpo de David foi encontrado em uma calçada em frente a uma casa abandonada. No sábado, delegado adjunto da 134ª Delegacia de Polícia (Centro), Paulo Pires, contou que a vítima estava em um bar próximo com amigos quando saiu com dois rapazes. O delegado contou que câmeras de vigilância flagraram dois jovens correndo com uma arma, no local do crime. Um dos rapazes, um adolescente de 17 anos, foi encontrado em casa e teria confessado o assassinato, além de ter apontado um primo, de 16 anos, que teria participado, segundo Paulo Pires.
Depoimentos na DP — Durante o depoimento, os menores teriam confessado que também estavam no bar e marcaram um encontro com a vítima em uma casa abandonada. O menor de 17 anos contou que teria matado David por ele não ter cumprindo o combinado em relação ao valor do encontro, de acordo com informações do delegado.
Paulo Pires ainda revelou que os adolescentes teriam pedido a parentes para retornarem ao local de crime, com o objetivo de pegar o sapato e o celular da vítima. O celular e a arma utilizada foram encontrados com parentes dos jovens.
Investigações estão encerradas, diz Pires
Na tarde de domingo, em entrevista a equipe de reportagem da Folha da Manhã, o delegado adjunto da 134ª Delegacia de Polícia (Centro) Paulo Pires, contou o desdobramento do caso e revelou que além do celular, os sapatos de David foram encontrados.
— Logo após o crime, o adolescente de 17 anos ligou para a irmã que estava acompanhada da mulher dele e de um primo para irem até o local e pegar os pertences da vítima. As adolescentes de 16 e 17 anos foram encontradas na residência, no Parque Rosário e apreendidas. O primo dele que participou do furto, maior de idade, já foi identificado e está sendo procurado — contou o delegado Paulo Pires.
Caso com a Justiça — Na tarde de domingo, os adolescentes que teriam confessado o crime, foram encaminhados à Justiça, em São João da Barra, devido ao plantão de fim de semana. Já as adolescentes que teriam furtado os objetos da vítima, foram liberadas após os responsáveis assinarem um termo em que comprometem a apresentá-las à Justiça, ainda revelou o delegado.
Os dois homens maiores, que foram detidos no mesmo dia do crime de David por portarem a arma utilizada no assassinato, foram liberados após pagamento de fiança. Para o delegado Paulo Pires, as investigações do caso estão encerradas.
Lohaynne Gregório
Carolina Barbosa
Fotos: Genilson Pessanha
Carolina Barbosa
Fotos: Genilson Pessanha
