quinta-feira, 23 de setembro de 2021
quarta-feira, 22 de setembro de 2021
Isabelli.,.16.anos, morreu 8 dias se receber a vacina...
A morte da jovem Isabelli Borges Valentim, 16 anos, de São Bernardo, oito dias depois de receber a vacina da Pfizer contra a Covid, está sendo investigada por autoridades sanitárias estaduais e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por suspeita de ter sido causada por efeito adverso do imunizante. David Uip, um dos mais respeitados infectologistas do mundo, disse que é preciso ter cautela e que apenas apuração mais detalhada será capaz de assegurar se existe relação entre o óbito e a vacina.
“Qualquer suposição que façamos agora será prematura. É preciso uma investigação mais aprofundada, autópsia, antes de criar um alarde na população. Sabemos que qualquer vacina mede os riscos e os benefícios, isso é avaliado em todas as fases de testes clínicos e, seguramente, os benefícios superam e muito os riscos de ocasionar algum efeito adverso”, argumentou Uip, reitor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e ex-secretário de Saúde do Estado.
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De acordo com relato da mãe de Isabelli, Cristina Borges, 42 anos, o atestado de óbito mostra que a jovem morreu de três possíveis causas: choque cardiogênico, infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco) e anemia severa. Em julho, a Anvisa havia alertado para a ocorrência de casos de miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e de pericardite (inflamação do tecido que envolve o coração), relatados em pacientes dos Estados Unidos que foram imunizados com vacinas que usam plataforma de RNA mensageiro (RNAm), como as da Pfizer e da Moderna.
Isabelli recebeu a vacina da Pfizer dia 25 de agosto/ Arquivo pessoal
Para a Anvisa, a situação indica necessidade de maior sensibilização por parte dos serviços e profissionais de saúde para o adequado diagnóstico, tratamento e notificação de casos. A agência, na ocasião, manteve a recomendação de continuidade da vacinação com a Pfizer, dentro das indicações descritas em bula.
Cristina disse ao Diário que Isabelli não tinha comorbidade. Ela foi vacinada em 25 de agosto e no dia seguinte apresentou reações como tontura ao andar, dor de cabeça, falta de ar e sonolência. No domingo, dia 29, a mãe levou a jovem ao Hospital Coração de Jesus, em Santo André, após queixa de formigamento no corpo. “O médico que a atendeu disse que estes sintomas poderiam ser psicológicos devido a vacina e que ela teria alta. Antes de sair do hospital, a Isabelli desmaiou”, disse a mãe.
Foi feita a transferência da jovem para o Hospital Vida’s, em São Paulo, onde foi constatado que Isabelli estava com 30% de oxigenação e níveis extremamente baixos de hemácias e hemoglobina, sendo recomendada a transfusão de oito bolsas de sangue. Após convulsão, ela foi levada a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas não resistiu e morreu dia 2 de setembro.
Cristina disse que Isabelli recebeu a vacina porque se preparava para realizar o sonho de ir para a Disney. A jovem, escrevia poemas e, em 2016, teve alguns dos seus textos selecionados para a fase final da Olimpíada da Língua Portuguesa. “Ela sempre foi muito dedicada. Éramos apenas nós duas. Ela era a minha vida, minha razão de viver”, lamentou Cristina.
SUSPENSÃO
Com base em reações indesejadas da vacina para pessoas de 12 a 17 anos, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, suspendeu a imunização da faixa etária, indicando apenas para jovens com comorbidade, com deficiência permanente ou privados de liberdade. A decisão não será cumprida pelo governo do Estado nem pelas cidades do Grande ABC (leia abaixo).
A Anvisa discordou da decisão e manteve a aprovação da vacina da Pfizer para adolescentes de 12 a 17 anos. “No momento, não há relação causal definida entre este caso (da morte de Isabelli) e a administração da vacina. Os dados recebidos ainda são preliminares e necessitam de aprofundamento para confirmar ou descartar a relação causal com a vacina”, explicou a agência.
Queiroga revela que suspensão partiu de Bolsonaro
O ministro da Saúde confirmou, em transmissão nas redes sociais ontem à noite, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu a reavaliação da vacinação, suspensa para jovens de 12 a 17 anos, sem comorbidades. A decisão foi criticada por especialistas, pelo Conasems (Conselhos Nacional de Secretários Municipais de Saúde) e pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
Salvador e Natal mandaram parar a imunização. Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Maranhão e São Paulo criticaram a decisão do ministério. “A minha conversa com o Queiroga não é imposição. Levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento”, disse Bolsonaro.
A vacina da Pfizer, único imunizante autorizado no Brasil para uso em adolescentes, já foi amplamente testada. Outros países como Estados Unidos, Chile, Canadá, França e Israel também a usam.
O Ministério da Saúde alegou que ao menos 1.400 adolescentes de 12 a 17 anos receberam vacinas que não foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a faixa etária, ou seja, 0,04% dos imunizados.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, houve 114 casos de eventos adversos nessa faixa etária, que compreendem qualquer ocorrência indesejada após a vacinação, que não necessariamente tenha relação causal com o imunizante. Febre e dor de cabeça são exemplos.
Os jovens que receberam dose da Janssen, Astrazeneca ou Coronavac serão monitorados pelo ministério e não devem receber a segunda dose, de acordo com Queiroga. “Não vou autorizar a intercambialidade nessas idades”, disse. (do Estadão Conteúdo)
Região já imunizou 62% dos adolescentes
As cidades do Grande ABC vão seguir a determinação do governo do Estado e continuar a imunização de jovens de 12 a 17 anos contra a Covid-19. Até ontem, de acordo com informações das prefeituras, 154.581 moradores da faixa etária já haviam sido protegidos de um público estimado de 246.754, ou seja, 62,6% de cobertura – nos números não constam informações de Rio Grande da Serra, único município que não retornou à demanda do Diário.
A cidade com a campanha mais avançada na faixa etária é Santo André, que já imunizou 72,9% dos moradores de 12 a 17 anos, seguida de Ribeirão Pires, com cobertura de 69,1%; São Caetano, com 66,4%; Diadema, com 59,7%; São Bernardo, com 59,4%; e Mauá, com 57,3%. Nenhum município relatou eventos adversos.
De acordo com nota emitida pelo governo do Estado, não há razão para que seja suspensa a vacinação da faixa etária, assim como orientou ontem o Ministério da Saúde. “A medida (suspensão) cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes e famílias que esperam ver os seus filhos imunizados, além de professores que convivem com eles”, diz a nota do governo paulista. Ainda segundo o Estado, “três a cada dez adolescentes que morreram com Covid não tinham comorbidades em São Paulo”. O governo aponta também que esse público responde por 6,5% dos casos no Estado e, assim como os adultos, “está em fase de retomada do cotidiano, com retorno às aulas e atividades socioculturais”.
A vacinação de adolescentes em São Paulo começou em 18 de agosto. Já foram imunizadas cerca de 2,4 milhões de pessoas ou seja, 72% do total.
ATUALIZAÇÃO DOS CASOS
Os boletins epidemiológicos das prefeituras do Grande ABC registraram mais oito mortes e 345 novos casos de Covid ontem. Com isso, desde o início da pandemia 10.142 moradores da região perderam a luta para o coronavírus e 254.888 receberam o diagnóstico positivo para a doença, sendo que 238.736 estão recuperados.
As mortes de ontem foram reportadas por Santo André (cinco), São Bernardo (duas) e São Caetano (uma). Rio Grande da Serra não emitiu boletim.
O governo do Estado informou que houve mudança na forma de apuração de dados no sistema do Ministério da Saúde e casos de março a julho que estavam represados foram adicionados às contas. Desta maneira, desde o início da pandemia são 4.325.189 infectados em São Paulo, sendo que 4.105.705 estão recuperados e 147.811 morreram.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde foram registrados 34.407 novos casos de Covid e 643 mortes em período de 24 horas. Com isso, o total de diagnósticos positivos é de 21.069.017 e o de óbitos foi a 589.240.
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