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sábado, 18 de agosto de 2018

Operação Tabajara 3 / Eliane Cantanhêde







Operação Tabajara 3

Insistir na candidatura Lula é repetir vexame no impeachment e no plantão do TRF-4





Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
17 Agosto 2018 | 03h00
Tal como se uniu contra a tentativa de usar um plantão de fim de semana do TRF-4 para soltar o ex-presidente Lula em uma hora, o Judiciário brasileiro se une agora contra uma outra investida do PT: o registro da candidatura de Lula, gritantemente ilegal, de uma “inelegibilidade chapada”, como definiu o ministro Luiz Fux, do STF.
O registro da candidatura de Lula no final do último dia, sabendo que ela seria certamente impugnada, não é uma estratégia jurídica, mas sim uma articulação política. E o Judiciário, tomado em brios, não aceita ser usado em articulações políticas desse tipo.
O ministro Gilmar Mendes (STF) classificou de “Operação Tabajara” a tentativa de derrubar o impeachment de Dilma Rousseff, depois de aprovado pelo plenário da Câmara, com um papelzinho assinado pelo vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão. As lideranças políticas e a opinião pública rechaçaram. Ficou patético.
Depois, veio a “Operação Tabajara 2”, quando o PT esperou o fim do expediente do TRF-4, numa sexta-feira, para jogar um pedido de habeas corpus no colo do plantonista, Rogério Favreto, ligadíssimo ao PT. O juiz Sérgio Moro, a PF, desembargadores, presidentes do STJ e do STF e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, negaram, zangados. Outro vexame.
Agora, a “Operação Tabajara 3”, definida dentro de uma cela da PF em Curitiba, onde Lula está preso: aguardar o último dia para registrar a chapa fake do PT, esticar ao máximo a “candidatura” Lula, constranger a Justiça, manter a militância petista gritando contra “os golpistas” e a favor do preso. Raquel Dodge, na condição de procuradora-geral eleitoral, não perdeu tempo. No mesmo dia, entrou com impugnação da chapa no TSE. E não foi a única.
Claro! A lei diz que quem tem menos de 35 anos, não é brasileiro nato e não é ficha-limpa não pode ser candidato à Presidência da República Federativa do Brasil. Lula tem mais de 35 anos e é brasileiro nato, mas foi condenado por um tribunal (o TRF-4), logo é ficha-suja, logo está impedido de concorrer.
É questão de tempo. Houve até quem defendesse uma impugnação “de ofício”, ou seja, determinada por um dos ministros do TSE com base na inelegibilidade evidente (ou “chapada”), mas outros ponderaram que, em se tratando de Lula, em se tratando de PT, em se tratando de uma eleição muito particular, seria melhor seguir o rito tradicional: registrar, notificar, ouvir a defesa, eventualmente pedir diligências, até dizer o óbvio, que não, Lula não será candidato porque está impedido pela lei.
Registre-se que, no script do PT e de Lula, algo deu muito errado: as manifestações que atravancaram o trânsito de Brasília em parte da semana. Foram milhares de militantes do MST, do PT, do PCdoB e dos mesmos aliados de sempre, com suas bandeiras vermelhas. Mas, se os petistas esperavam adesão do “povo”, continuam esperando.
E tem mais: o TSE e a Advocacia-Geral da União (AGU) querem desestimular as candidaturas falsas, daqueles que concorrem sub judice mesmo sabendo que são inelegíveis. Por isso, acertaram que os candidatos que fizerem campanha sub judice deverão ressarcir os cofres públicos caso cassados. Significa pagar os gastos da Justiça Eleitoral e também devolver os recursos do fundo eleitoral desperdiçados com candidaturas inúteis.
Enquanto o PT e Lula insistem na “Operação Tabajara 3”, quem fica sobrando na comédia são o “candidato a vice” Fernando Haddad e a “vice do vice” Manuela d’Ávila. A campanha eleitoral começou ontem, mas Lula está preso em Curitiba, Haddad está preso no PT e Manuela está simplesmente sobrando no “triplex”. O risco é esse pastelão ir parar na TV a partir do dia 31 de agosto, início da propaganda eleitoral.
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Ex-escrava sexual conta sua história ... /Estadão

Ex-escrava sexual do EI encontra seu algoz em supermercado na Alemanha

Membro da minoria yazidi deixou a Europa no fim de março com sua mãe e seu irmão com destino ao norte do Iraque, onde diz viver torturada pelo medo

O Estado de S.Paulo
17 Agosto 2018 | 17h39
A yazidi Ashwaq Haji assegura ter cruzado em fevereiro, em um supermercado da Alemanha, com o extremista que a manteve como escrava sexual no Iraque, para onde retornou e vive amedrontada. O grupo Estado Islâmico (EI) sequestrou, assassinou e usou como escravas sexuais milhares de mulheres da minoria yazidi do Iraque quando se apoderou de um terço do país em 2014, sobretudo da pátria dos yazidis no Monte Sinjar (noroeste).
Iraque - Yazidi - Ashwaq Haji
Membro da minoria Yazidi, Ashwaq Haji voltou para o Iraque após reencontrar algoz na Alemanha  Foto: AFP
Ashwaq Haji foi raptada em 3 de agosto de 2014. Em 22 de outubro daquele ano, conseguiu fugir da casa de um extremista iraquiano chamado Abu Humam. Esse homem a comprou "por US$ 100", contou ela à AFP durante uma visita ao santuário yazidi de Lalish, a 60 quilômetros da cidade de Mossul, no norte do Iraque.
Junto com ela, centenas de pessoas lembram de um dos massacres ocorridos contra essa minoria de língua curda e adepta de uma religião esotérica monoteísta. 

Cativeiro

A mãe e o irmão mais novo de Ashwaq também estiveram em cativeiro por um tempo. Em 2015, os três se instalaram em Schwabisch Gmund, localidade a 50 km de Stuttgart, sendo acolhidos por um programa do governo alemão para os refugiados iraquianos. O pai, Haji Hamid, de 53 anos, ficou no Iraque.
Em Schwabisch Gmund, Ashwaq conta que estudava alemão e queria encontrar um trabalho até que, em 21 de fevereiro, viu em um supermercado um homem descer de um carro e chamá-la pelo nome. 
"Me disse que era Abu Humam, disse a ele que não o conhecia, e começou a falar comigo em árabe", assegura à France-Presse a jovem vestida de preto, em sinal de luto por seus cinco irmãos e sua irmã desaparecidos desde que foram sequestrados pelos extremistas.
"Me disse: 'não minta para mim, sei muito bem que você é Ashwaq e que mora na Alemanha com sua mãe e seu irmão', sabia inclusive o meu endereço e outros detalhes de nossa vida" no país.
Imediatamente, a jovem entrou em contato com a polícia local. "Me disseram que era um refugiado como eu na Alemanha e me deram um número de telefone para ligar se ele se metesse comigo", acrescentou.
A polícia judicial de Baden-Wurtemberg afirmou recentemente no Twitter ter "aberto uma investigação em 13 de março de 2018", mas acrescentou que as investigações não podem "continuar por enquanto porque a testemunha (Ashwaq) não havia sido localizada para responder algumas perguntas".
A Promotoria federal "estudou o caso", confirmou um porta-voz à France-Presse. "Mas, por enquanto, diante dos elementos de prova disponíveis, não pudemos identificar com certeza suficiente o suposto autor".
A Promotoria alemã abriu investigações por terrorismo, crimes contra a humanidade e crimes de guerra contra refugiados ou solicitantes de refúgio suspeitos de estarem envolvidos em ações cometidas por grupos extremistas em Iraque, Síria ou Afeganistão. Baseiam-se em mensagens publicadas pelos próprios investigados nas redes sociais e em depoimentos de refugiados.

Medo 

Ashwaq assegura que viu com a polícia alemã as imagens de câmeras de segurança do supermercado onde ocorreu o encontro e está disposta a dar seus dados pessoais, mas não voltará à Alemanha.
Por medo de cruzar novamente com o carrasco, deixou a Alemanha no fim de março com sua mãe e seu irmão com destino ao norte do Iraque, onde diz viver torturada pelo medo devido ao fato de Abu Humam ter uma família em Bagdá.
Yazidis contam como enfrentaram Estado Islâmico antes de fugir para montanhas
No campo de deslocados do Curdistão iraquiano, onde se instalou, seu pai confessa que lhe custou permitir a volta de sua mulher e filhos depois de três anos sob jugo extremista no Iraque.
"Quando sua mãe me disse que havia visto esse extremista (...) lhe disse que voltassem, a Alemanha já não parecia um lugar seguro para eles", afirmou.
A vida para Ashwaq não é fácil, como tampouco é para as 3.315 yazidis que conseguiram fugir dos extremistas. "Todas as sobreviventes levam vulcões dentro delas, prontos para explodir" a qualquer momento, adverte Sara Samuqi, psicóloga que atende muitas yazidis. / AFP
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