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domingo, 15 de julho de 2018

Sobre a dificuldade de encontrar razões sobre o nosso atraso socioeconômico

Artigos do Puggina

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AS RAZÕES DA MISÉRIA E A MORTE DO GRILO FALANTE

por Percival Puggina. Artigo publicado em 

 Você sabe por que o Brasil não consegue solucionar o problema da miséria? Porque, de um lado, deixamos de agir sobre os fatores que lhe dão causa, e, de outro, nos empenhamos em constranger e coibir a geração de riqueza sem a qual não há como resolvê-la. Os fanáticos da política, os profetas de megafone, os "padres de passeata", para dizer como Nelson Rodrigues (ao tempo dele não existiam as Romarias da Terra), escrutinando os fatos com as lentes do marxismo, proclamam que os pobres no Brasil têm pai e mãe conhecidos: o capitalismo e a ganância dos empresários. Em outras palavras, a pobreza nacional seria causada justamente por aqueles que criam riqueza e postos de trabalho em atividades desenvolvidas sob as regras do mercado.
 Estranho, muito estranho. Eu sempre pensei que as causas da pobreza fossem determinadas por um modelo institucional todo errado (em 2017, o 109º pior entre 137 países, segundo o World Economic Forum (WEF). Pelo jeito, enganava-me de novo quando incluía entre as causas da pobreza uma Educação que prepara semianalfabetos e nos coloca em 59º lugar no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), entre 70 países. Sempre pensei que havia relação entre pobreza e atraso tecnológico e que nosso país não iria longe enquanto ocupasse o 55º lugar nesse ranking (WEF, 2017). Na minha santa ignorância, acreditava que a pobreza que vemos fosse causada, também, por décadas de desequilíbrio fiscal, gastos públicos descontrolados tomados pela própria máquina e inflação. Cheguei a atribuir responsabilidades pela existência de tantos miseráveis à concentração de 40% do PIB nas perdulárias mãos do setor público (veja só as tolices que me ocorrem!). E acrescento aqui, se não entre parêntesis, ao menos à boca pequena, que via grandes culpas, também, nessas prestidigitações que colocam nosso país em 96º lugar entre os 180 do ranking de percepção da corrupção segundo a Transparência Internacional.
 Contemplando, com a minha incorrigível cegueira, os miseráveis aglomerados humanos deslizantes nas encostas dos morros, imputava tais tragédias à negligência política. Não via como obrigatório o abandono sanitário e habitacional dos ambientes urbanos mais pobres. Aliás, ocupamos a 112ª posição no ranking, entre 200 países, no acesso a saneamento básico. Pelo viés oposto, quando vou a Brasília, vejo, nos palácios ali construídos com dinheiro do orçamento da União, luxos e esplendores de uma corte dos Bourbons.

O que fazer com o óbvio?

Minutos de sabedoria

Monja Coen e Leandro Karnal revestem de princípios budistas e pílulas filosóficas platitudes apaziguadoras entoadas como séria reflexão
Bateu o joelho na quina da cama? A Monja Coen e Leandro Karnal ensinam a não xingar e, assim, fazer sua parte no combate à cultura da violência. Deprimiu-se com a eliminação do Brasil? A jornalista há 35 anos convertida ao budismo comenta em cima do lance, nas redes sociais, que jogo é recomeço, é como a vida. Foi demitido? O professor da Unicamp cita Maquiavel para lembrar que você deve ser o “gestor de sua vida”. É, não está fácil para ninguém. E é justamente facilidade que a dupla vende em palestras para empresas, professores ou dentistas e, agora, juntos, em O inferno somos nós — Do ódio à cultura da paz (Papirus 7 Mares).
Não espanta que o livro esteja nas listas dos mais vendidos. Nada contra best-sellers, monjas ou professores de história. Mas ainda não perdi a capacidade de estranhar que os três façam parte de uma mesma equação, nesse caso uma das expressões mais bem-acabadas de toda uma cultura motivacional que acena com felicidade pessoal e sucesso profissional. Seu porta-voz é o “palestrante”, que, assim como o youtuber, é uma das mais exóticas ocupações de nosso tempo. Uns e outros, aliás, ganham a vida falando pelos cotovelos, para todos e para ninguém, sobre grandes temas e miudezas. E replicam em livro a lógica oracular de suas apresentações ao vivo ou na web.
É inútil discutir suas ideias, pois pregam para convertidos. Não têm leitores, mas clientes que pagam para ouvir o que querem e não ser importunados.
Monja Coen e Leandro Karnal são, nessa lógica, perfeitos evangelistas do óbvio. Revestem de princípios budistas e pílulas filosóficas platitudes apaziguadoras entoadas como séria reflexão.
Em O inferno somos nós — referência à célebre frase “o inferno são os outros”, citação de Entre quatro paredes, peça de Jean-Paul Sartre — pretende-se singelamente defender a desmontagem da “cultura do medo” que fundamenta o Ocidente e, com ela, da “cultura da violência”.
No diálogo, Karnal faz o papel do homem quase comum, um sábio atravessado por paixões, vaidades e breves momentos de intolerância. À Monja cabe, é claro, a imagem de equilíbrio temperada por uma ou outra manifestação de falibilidade. Tudo transcorre num mundo mau, mas que assim nos parece porque a turma insiste em amplificar seu lado negativo: “Estamos aqui discutindo cultura de paz, e isso não será manchete de nenhum jornal”, diz Karnal. “Não sou conspiracionista, mas acho que, talvez, exista um plano geral em que interessa muito o medo porque ele é a melhor forma de controlar as pessoas.”
Ok, o mundo é adverso. Mas não para valer. No diálogo não existe violência de Estado nem desigualdade social, apenas genéricos indícios de iniquidade. A adversidade torna-se mais concreta quando fala, por exemplo, à experiência da vida corporativa. Usa-se a hedionda expressão “resiliência” e recomenda-se prudência em momentos delicados, como quando se está prestes a perder o emprego num processo de “fusão”. “Em um momento de transição como esse, quem conseguir manter a calma e fazer o seu melhor garantirá sua vaga”, diz a Monja entre uma parábola de um samurai e a de um tirano arrependido. “Quem, através do medo, fica assustado deixa de produzir de acordo com sua capacidade e acaba sendo descartado.”
Os anos de meditação talvez expliquem a peculiar percepção da Monja Coen sobre a realidade brasileira. “Gosto que ainda haja polícia no mundo, policiais que possam fazer coisas que não quero fazer, como ir atrás de bandidos”, diz ela. “Posso, então, chamar esses profissionais, que são, de certa forma, treinados e especializados para impedir que as pessoas — crianças e idosos, homens e mulheres — sejam massacradas”. Uma avaliação que, convenhamos, faz mais sentido no Butão do que na Maré.
Karnal e a Monja não estão sozinhos. Ela mesma identifica seus aliados, “pensadores”, “professores dessa cultura de paz”, em Mario Sergio Cortella, Luiz Felipe Pondé e Clóvis de Barros Filho. Todos bem formados, articulados, inteligentes e, também, incansáveis na venda de indulgências. Afinal, para que investir em horas de estudo, quando se podem comprar minutos de sabedoria?

terça-feira, 10 de julho de 2018

Instituições que não se intetressam com os brasileiros


Artigos do Puggina

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NO COLINHO DA DEUSA TÊMIS

por Percival Puggina. Artigo publicado em 

Cada vez que, em viagem, passo pelo guichê da PF, saúdo o agente que ali está com a exclamação: “Polícia Federal, orgulho nacional!”. Digo o que penso para expressar reconhecimento e falo alto para ser ouvido. Recolho o sorriso do policial e manifestações de aprovação ao redor. É o mesmo conceito que tenho dos procuradores de justiça da operação Lava Jato, do juiz Sérgio Moro, do TRF4 (com a exceção que recentemente se expôs aos holofotes) e do STJ.
Já o STF... Ele é institucionalmente tão necessário que, durante anos, o levei a sério. Os indicados, afinal, atendiam às exigências de caráter e cultura jurídica. Eu respeitava aquele poder do Estado mesmo quando as ações penais contra inquilinos das penthouses do poder hibernavam, e veraneavam, e voltavam a hibernar entre ácaros e fungos nas suas empoeiradas prateleiras. Era um poder lento, muito lento, mas honorável. E assim foi até o advento do petismo, cujo legado acabou com a credibilidade e a dignidade do poder. O Supremo de hoje, que breve será presidido por Dias Toffoli – imaginem só! – junta o que de pior é pensado pela “esquerda do Direito” com os produtos cada vez mais numerosos da magistratura militante, a escancarado serviço de suas causas ideológicas. Como regra, estão do lado do bandido e contra a sociedade.
Se não, vejamos. Em poucos meses, a Lava Jato desmontou o esquema de corrupção organizado em torno dos negócios da Petrobras. Os inequívocos crimes começaram a ser confessados, valores foram devolvidos, as quadrilhas se desfizeram em delações e foi o que se viu. A sociedade exultou. E o STF? Aparelhado pelo PT, num crescendo de manifestações individuais que evoluiu para decisões colegiadas, passou a inibir a eficiência da operação e a proteger os bandidos. Marco Aurélio Mello (o primo de Fernando Collor) foi o primeiro a denunciar os “julgamentos de cambulhada”. Depois vieram as restrições às algemas e às conduções coercitivas, os fatiamentos dos inquéritos, as críticas às colaborações premiadas, as tentativas de restaurar a impunidade eterna com o fim da prisão após condenação em segunda instância e, por fim, as inacreditáveis solturas de cambulhada.
Para assegurar a renovação dos mandatos dos quadrilheiros do Congresso Nacional, nada melhor do que impedir o financiamento privado das campanhas eleitorais. Assim, mediante decisão que atropelou o poder legislativo, o STF, em nome da “ética”, preparou o caminho por onde bilhões de reais, em recursos públicos, chegarão aos corruptos para usarem de modo privado, antagonizando os anseios nacionais por renovação nos parlamentos.
Temos um STF desafinado, a proteger a bandidagem endinheirada enquanto a sociedade se exaspera em vão, impotente, vendo esvair-se a possibilidade de higienizar a cena política do país. Os grandes bandidos brasileiros estão bem cuidados, aconchegados e acarinhados no colo da deusa Têmis. E nós?

A linguagem política de um juiz...

https://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/amigo-e-pra-essas-coisas/

As decisões políticas de um juiz adolescente ...

https://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/sem-medo-de-ser-parcial/

Não se pode pedir ética na política?

https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/das-102-5-assessor-especial-do-subchefe-toffoli/

Tragédias embaixo da terra...

https://www.dw.com/pt-br/trag%C3%A9dias-embaixo-da-terra/g-44584978

Quem quer matar Sérgio Moro ?

https://www.oantagonista.com/brasil/bretas-faz-coletanea-de-ameacas-moro/
Marcelo Bretas publicou em sua conta oficial no Twitter uma espécie de “coletânea” de tuiteiros que publicaram, ontem, que era preciso matar Sergio Moro.
O juiz da Lava Jato no Rio marcou o Twitter do STF em sua publicação.
“A Justiça brasileira não pode ser usada como instrumento de disputas políticas”, escreveu Bretas.

domingo, 8 de julho de 2018

A outra copa do Brasil

O Brasil inicia hoje um novo desafio em outra copa ...
A Copa da Ética!
A seleção do país nesse terreno tem poucos representantes...