Enquanto Dilma ignora falhas, sedes acumulam problemas - Esporte - Notícia - VEJA.com
Futebol
Enquanto Dilma ignora falhas, sedes acumulam problemas
No rádio, presidente elogiou estádios e festejou 'pontualidade e competência'. Enquanto isso, a cobertura da Fonte Nova se rompia, o Maracanã continuava incompleto e torcedor se arrependia de ter ido ao Estádio Nacional de Brasília
"A construção desses seis estádios mostra que o nosso povo tem determinação, capacidade e competência para fazer a melhor Copa de todos os tempos", empolgou-se Dilma
Quem ouviu a presidente Dilma Rousseff falando sobre a Copa das Confederações nesta segunda-feira, em seu programa semanal de rádio, ficou com a impressão de que o Brasil está mais do que pronto para receber o torneio - que começa no próximo dia 15, em Brasília. Quem passou por alguns dos palcos da competição no fim de semana e nesta segunda, no entanto, viu a dura realidade do país-sede do evento, considerado um teste importante para o Mundial do ano que vem. Faltando menos de três semanas para a abertura, o Estádio Nacional de Brasília recebeu seu primeiro grande jogo - e o torcedor se arrependeu de ter torrado até 400 reais por um ingresso, já que teve de encarar filas de até quatro horas para entrar na arena mais cara do Mundial. No Rio de Janeiro, palco da grande final do torneio, o Maracanã foi entregue à Fifa na sexta-feira, mas engana-se quem acha que o estádio já ficou totalmente pronto: o local continua sendo frequentado pelos operários, que seguem fazendo os últimos trabalhos da reforma bilionária. Enquanto Dilma discursava no rádio, a Arena Fonte Nova, que receberá partidas importantes, como o superclássico entre Brasil e Itália, sofria um problema imprevisto: as chuvas em Salvador abriram um buraco na cobertura do estádio. Para a presidente, contudo, manifestar dúvidas sobre os preparativos para o evento é coisa de quem torce contra o país.
"Parece aquele velho complexo de vira-lata de que falava o nosso Nelson Rodrigues. Mas os trabalhadores que construíram esses estádios, os empresários contratados para fazer essas obras e todos os governos envolvidos provaram que o Brasil é capaz de aceitar desafios e cumprir os compromissos que assume pontualmente", afirmou Dilma, esquecendo-se de que a Fifa teve de adiar duas vezes o prazo máximo para a entrega dos estádios. A presidente, que participou de todas as seis inaugurações de arenas da Copa das Confederações, se disse "impressionada com a beleza e a modernidade desses novos palcos do futebol". "A construção desses seis estádios mostra que o nosso povo tem determinação, capacidade e competência para fazer a melhor Copa de todos os tempos", empolgou-se. A presidente evitou falar dos atrasos nas obras, da falta de tempo hábil para a realização dos eventos-teste em quantidade ideal, dos problemas de organização dos primeiros jogos e das falhas que já apareceram nesses locais. "Eu tenho certeza que o Brasil vai brilhar dentro e fora do campo. Vamos mostrar a todos os que vierem acompanhar os jogos, turistas internacionais e nacionais, jogadores e equipes técnicas, que nós sabemos receber, que somos um país alegre e pacífico. Tenho certeza de que todos que vierem nos visitar vão se apaixonar e vão querer voltar para a Copa do ano que vem", apostou.
Ao falar sobre a Arena Fonte Nova, Dilma classificou o estádio baiano de "um exemplo da criatividade do povo daquele estado". Ao mesmo tempo, operários subiam ao teto da estrutura para tentar reparar o rombo surgido na cobertura. Ninguém ficou ferido, mas a pressão da água acumulada sobre o estádio fez com que parte da cobertura, feita de um material flexível, se soltasse de sua armação. O estádio foi inaugurado no começo do mês passado, num evento que contou com a presença de Dilma e do governador da Bahia, Jaques Wagner. Funcionários usaram baldes para tentar escoar a água que se acumulou em vários setores. A cena foi parecida com a que foi vista no Maracanã também no mês passado, pouco antes de uma inspeção da Fifa. O Maracanã, aliás, foi o estádio mais elogiado pela presidente na gravação transmitida nesta segunda. "É uma emoção muito grande olhar para o Maracanã e ver toda aquela imponência, aquela grandiosidade que é, sem sombra de dúvida, o maior símbolo do futebol brasileiro. A reconstrução do Maracanã preservou a sua histórica fachada e, ao mesmo tempo, garantiu conforto e segurança que a gente vê nos estádios mais modernos do mundo." Poucas horas depois, em uma reunião de integrantes do Comitê Organizador Local (COL), o gerente de Operações do órgão, Tiago Paes, confirmou que o estádio carioca ainda não está pronto. "Cem por cento, o Maracanã só estará no dia 15. Até porque falta a instalação de uma série de equipamentos temporários", explicou ele.
Copa das Confederações: como estão as 6 cidades-sede
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Rio de Janeiro
Depois de muitos tropeços e desencontros, a saga do Maracanã parece estar próxima do fim: o estádio enfim foi reaberto para um jogo-teste em abril e está confirmado como palco do amistoso entre Brasil e Inglaterra, no início de junho. Isso não significa, porém, que a novela da reforma não possa ser prolongada - muitos apostam que será necessário realizar novos reparos entre o fim da Copa das Confederações e o início do Mundial de 2014, principalmente no entorno do estádio. O governo nega e garante que o estádio ficará aberto sem interrupções. A disputa entre os consórcios privados que brigam para administrar o novo Maracanã está na reta final, com vantagem para o grupo que conta com o bilionário Eike Batista entre seus sócios. Quem ganhar terá de realizar a demolição dos centros de natação e atletismo que faziam parte do velho complexo. A região, portanto, continuará sendo um canteiro de obras até 2014.
ESTÁDIO: JORNALISTA MÁRIO FILHO (MARACANÃ)
Capacidade: 79.000 pessoas
Custo previsto: 705 milhões de reais
Custo final: 951 milhões de reais
Aumento de 34,8% no orçamento
Status: Pronto
MOBILIDADE URBANA
Custo: 1,9 bilhão de reais
Principal obra: corredor exclusivo de ônibus entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto Antônio Carlos Jobim
Início: março de 2011
Previsão de término: fevereiro de 2014
Status: 48% concluídos
AEROPORTO
Custo: 844,7 milhões de reais
Previsão de término: abril de 2014
Principais obras: reforma de terminais de passageiros e revitalização de pistas e pátios
Início: 2011
Status: 30% concluídos
Taxa de ocupação em 2010: 68%
Taxa de ocupação prevista para 2014: 68,9%
HOTELARIA
Número atual de leitos: 45.000
Recomendação para 2014: 23.700
Previsão: 53.300
(Com Estadão Conteúdo)